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“Qualquer guerra atómica seria uma catástrofe final”
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O Papa Francisco deixou um novo alerta em relação à guerra na Ucrânia. Na semana em que foi anunciado que o Papa vai consagrar a Rússia e a Ucrânia, o Secretário de Estado do Vaticano reafirmou que a Santa Sé está sempre disposta a mediar o conflito na Ucrânia. O Papa e o Patriarca Ecuménico de Constantinopla voltaram a apelar ao fim da guerra.

 

1. O Papa Francisco alertou para os perigos e consequências de uma possível guerra atómica. “A nossa imaginação parece cada vez mais centrada na representação de uma catástrofe final que nos extinguirá, o que acontece como uma eventual guerra atómica”, alertou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 16 de março, acrescentando, logo de seguida e de improviso, que “no dia seguinte, se ainda houver dias e seres humanos, teremos de começar do zero”. “Destruir tudo para começar do zero”, preveniu, na Sala Paulo VI.

Antes, na Basílica de São Pedro, Francisco tinha rezado pelas vítimas da guerra da Ucrânia e alertou para o drama que os menores, “vítimas da arrogância dos adultos”, enfrentam devido às bombam que não param de cair. “Agora peço que pensem, façam uma reflexão: vamos pensar em tantas crianças, meninos, meninas, que estão em guerra, que estão a sofrer na Ucrânia. Eles são como vocês, como vocês, 6, 7, 10, 14 anos”, lembrou o Papa, ao receber um grupo de estudantes e funcionários da Escola La Zolla, de Milão, por ocasião dos 50 anos de fundação. Depois de uma saudação, Francisco rezou por todos aqueles que “são vítimas da soberba dos adultos”. “Senhor Jesus, peço pelas crianças e jovens que estão a viver debaixo das bombas, que veem esta guerra terrível, que não têm que comer, que têm que fugir, deixando casa, tudo. Senhor Jesus, olha para estas crianças, para estes jovens, olha para eles, protege-os. São vítimas da soberba de nós, adultos. Senhor Jesus, abençoa estas crianças e protege-as”, pediu.

 

2. O Papa vai consagrar a Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, anunciou o Vaticano. “Na sexta-feira, 25 de março, durante a Celebração da Penitência, a que presidirá às 17h00 [menos uma em Lisboa] na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria”, informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. A nota divulgada nesta terça-feira, 15 de março, adianta que “o mesmo ato, no mesmo dia, será realizado em Fátima por sua eminência o cardeal Krajewski, esmoler de Sua Santidade, como enviado do Santo Padre”.

Entretanto, o anúncio da Consagração da Ucrânia e da Rússia a Maria foi saudada pelos arcebispos de Kiev e Lviv, que agradeceram a resposta rápida do Papa ao pedido que tinham feito. “Recebemos com esperança a notícia. É um ato espiritual há muito esperado pelo povo ucraniano. Os católicos ucranianos desde o início da agressão russa, em 2014, pediram este ato como uma necessidade urgente para evitar o agravamento da guerra e os perigos vindos da Rússia”, afirmou o metropolita da Igreja Greco-Católica Ucraniana e Arcebispo de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk.

Também neste dia, o Vaticano confirmou ter recebido um convite do presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, para o Papa visitar a capital ucraniana. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé revelou que “o Santo Padre recebeu a carta” e que “está próximo dos sofrimentos da cidade, do seu povo e daqueles que tiveram de fugir dela”, e “reza ao Senhor para que sejam protegidos da violência”. Na missiva, o autarca de Kiev diz que a presença do Papa Francisco seria “fundamental para salvar vidas” e solidificar o “caminho para a paz”. Caso a visita não seja possível, Vitaliy Klitschko propõe ao Papa um encontro por videoconferência, no qual participaria também o presidente ucraniano.

 

3. O Secretário de Estado do Vaticano reafirmou que a Santa Sé está sempre disposta a mediar o conflito na Ucrânia. “Estamos todos consternados diante desta guerra sem sentido”, referiu o cardeal Pietro Parolin, em entrevista a um canal de televisão italiano, lamentando que os contactos que manteve nos últimos dias com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, não tenham dado quaisquer resultados. “Não houve sinais até agora”, lamentou. “Não é importante que a oferta da Santa Sé seja aceite, o importante é que se ponha fim a tudo o que está a acontecer”, afirmou o responsável pela diplomacia do Vaticano.

Segundo o cardeal Parolin, a Igreja está empenhada e a “trabalhar muito” pela paz, e deu como exemplo as diversas iniciativas de oração, a solidariedade, os contactos contínuos com o Núncio em Kiev, a deslocação de dois enviados especiais do Papa ao terreno e os repetidos apelos de Francisco. O Papa está “particularmente entristecido, e só pode ser assim”. “Estamos todos aflitos e consternados diante desta guerra que não faz qualquer sentido”, afirmou, destacando que também na Rússia há muitos movimentos pela paz, e esse é um “sinal de esperança”.

 

4. O Papa Francisco lançou um apelo emocionado ao fim da guerra na Ucrânia, denunciando a “barbárie” que está a transformar cidades deste país em “cemitérios”. “Em nome de Deus, peço-vos: parai este massacre”, pediu, no passado Domingo, 13 de março, após a recitação do Angelus. “Diante da barbárie da morte de crianças, de inocentes e civis indefesos, não há razões estratégicas que se mantenham de pé. Há apenas que parar a inaceitável agressão armada, antes que reduza as cidades a cemitérios”, acrescentou o Papa, a partir da janela do apartamento pontifício.

 

5. O Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, pediu um “cessar-fogo imediato” referindo que “a violência e a guerra não só não resolvem as disputas, como causam dor e morte e criam problemas mais complexos”. “A invasão e a guerra devem terminar imediatamente, e uma nova oportunidade deve ser dada ao diálogo, o veículo preeminente da reconciliação e da paz”, defendeu o Patriarca, na celebração do Domingo da Ortodoxia, celebrado na catedral de San Giorgio al Fanar, em Istambul, na presença do primeiro-ministro grego Kyriakou Mitsotakis. “A Carta das Nações Unidas, este ‘Evangelho das Nações’, como é chamado, proíbe explicitamente o uso da força nas relações internacionais e obriga todos os membros da organização a resolver as suas disputas por meios pacíficos”, lembrou ainda, reafirmando o apoio ao povo ucraniano em dificuldade: “Com todo o nosso coração testemunhamos o drama do povo ucraniano e ao mesmo tempo admiramos a sua forte resistência ao invasor”.

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