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Irmãs são exemplo de coragem nestes dias de guerra na Ucrânia
O convento num ‘bunker’
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É com indisfarçável medo e ansiedade que um punhado de mulheres, algumas já relativamente idosas, vivem o dia-a-dia desde que a guerra começou na Ucrânia. Mas estas são mulheres muito especiais. São religiosas que, por causa da ameaça dos bombardeamentos, passam agora as noites em abrigos, em ‘bunkers’. Uma delas confidenciou-nos que nunca na vida tinha rezado tanto…

 

Estão no norte da Ucrânia. É tudo o que se pode dizer sobre a sua localização para não as colocar em risco. São religiosas, passam o dia num convento que tem estado de portas abertas para todos os que precisam de ajuda, de apoio, às vezes apenas de um pouco de ternura. Isso é quase tudo o que as irmãs têm para dar. E é tanto… No meio da devastação causada pela guerra, para quem está em fuga, para quem perdeu tudo o que possuía, para quem está assustado, como pode ser precioso um simples sorriso, um olhar afectuoso, uma palavra carinhosa… A porta do convento está aberta durante o dia – tem estado aberta, pois ninguém sabe como será o amanhã. Mas com as noites já é diferente. As irmãs foram aconselhadas a pernoitarem numa cave existente no próprio edifício. É mais seguro. Mas, por uma questão de prudência, elas dormem com os seus hábitos e véus, prontas para abandonar o local se os bombardeamentos se tornarem mais próximos, mais ameaçadores.

 

Medo e ansiedade

Magda Kaczmarek, responsável de projectos da Fundação AIS para a Ucrânia, tem passado os dias ao telefone. Enquanto a linha estiver desimpedida, ela está em permanente contacto com padres, bispos, religiosas. De alguma forma, Magda é a ponte segura entre a Igreja ucraniana e o mundo cá fora. Nos últimos dias, ela tem falado várias vezes com as irmãs deste convento situado no norte da Ucrânia. “As irmãs estão cheias de medo e de ansiedade, mas também se sentem sustentadas pela oração e por uma onda mundial de solidariedade”, diz-nos Magda, após mais uma chamada telefónica. Do outro lado da linha estão mulheres muito especiais, que nestes dias de guerra se transformaram no porto de abrigo de toda uma comunidade. A serenidade das irmãs é um bálsamo para quem chega e pede ajuda. “As irmãs estão agora a acolher três famílias no convento, pessoas que receavam muito pelas suas vidas…” O medo está presente em todo o lado, em todos os rostos, em todas as conversas. No meio de uma guerra, com a avalanche de notícias de ataques, de bombardeamentos, de mortos e feridos, mesmo em bairros residenciais, mesmo em hospitais e escolas, como não ficar em pânico?

 

Farol de esperança

Para as irmãs, acolher pessoas no convento não é uma tarefa nova. Mas agora, tornou-se numa missão especial. E as irmãs transformaram-se num verdadeiro farol de esperança numa cidade sitiada pelo medo e pelas bombas. Como nos relata Magda Kaczmarek, por ali, no norte da Ucrânia, na cidade onde vivem estas irmãs, as pessoas já dizem que só irão permanecer por ali enquanto elas ficarem. “Quando as irmãs se forem embora, também nós iremos…” Ninguém sabe por quanto mais tempo o convento irá manter-se de portas abertas. Ainda recentemente caíram várias bombas nas redondezas matando uma jovem família. As noites são mais perigosas. Por isso, e por indicação das autoridades, nos últimos dias as irmãs passaram a refugiar-se em abrigos antiaéreos existentes na zona.

 

As noites num abrigo

Desde então, esses abrigos passaram a ser como que um prolongamento do convento. Quem por lá está já não estranha ver aquele punhado de mulheres, vestidas com o hábito e o véu a dedilharem Ave-Marias e a rezarem os salmos. Uma das irmãs confidenciou mesmo a Magda Kaczmarek que nunca tinha rezado tanto na vida como agora, desde que começou na guerra… No convento improvisado no abrigo antiaéreo, as orações das irmãs contagiam todos os que por lá se encontram. A promessa de Deus que chega com as orações dá a todos uma força vital. A presença destas irmãs é um consolo para estas populações. Nas suas orações, as irmãs pedem protecção contra os perigos da guerra, contra a violência dos bombardeamentos, contra a destruição que está a assolar todo o país. A simples presença por ali destas mulheres consagradas a Deus, algumas já de idade avançada, conforta e anima como só o amor verdadeiro consegue fazer. As irmãs pouco mais têm para dar do que a ternura dos seus sorrisos e a certeza da sua presença. Mas isso, parecendo pouco, é imenso numa Ucrânia devastada pela guerra.

 

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