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DOMINGO DE PENTECOSTES Ano C
“Soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo»”.
Jo 20, 22
Abrem-se os céus e soltam-se os ventos
quando desces ao mundo dos homens num turbilhão de azul.
E os nossos horizontes alargam-se sempre que apareces
a libertar-nos da prisão quotidiana dos preconceitos.
Ó Espírito Santo,
vem à raiz dos nossos sonhos abandonados,
da ousadia e coragem que a vida amordaçou
e fecunda de novo o que parece estar morto.
Vem dar a coragem que as nossas mãos estendidas esperam,
vem mostrar o contorno belo das coisas habituais.
Vem porque nos habituámos aos milagres diários
e já não paramos diante da surpresa de uma flor.
Vem, pois a vida está demasiado programada
e andamos perdidos a vender a alma.
És a luz que não falta quando escurece,
a frescura que mata a sede quando somos deserto.
És a janela aberta do quarto fechado,
a palavra inteira e pura que o amante diz.
És a força que o fraco não julgava ter,
a melodia que o surdo com enlevo escuta.
Por Ti, os temerosos apóstolos falaram
e viveram a alegria do Reino,
desbravaram caminhos e abateram muralhas que as almas criam.
Por Ti, a Igreja está sempre no princípio
a beber das palavras e gestos de Jesus
a imensa surpresa de não ter “manual de instruções”.
Por Ti, cada pessoa tem em si um mundo
cheio de poesia e malmequeres brancos
que beijam os pés.
Por Ti, eu “vou até ao fim do mundo, vou ao fundo de mim”;
como o poeta que canta o amor,
pois só contigo podemos ser mais!
Só contigo o sonho e a realidade
andam de mãos dadas nesta vida
que Deus ama em abundância!
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