Domingo |
À procura da Palavra
Perguntar para quê?
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DOMINGO XII COMUM Ano C

“Disse-lhes Jesus:

«E vós, quem dizeis que Eu sou?»”

Lc 9, 20

 

Perguntar é um dos actos mais profundamente humanos. Revela o nosso desejo de saber mais e melhor, o que nos interessa verdadeiramente, e aquilo que queremos ser. Sempre imaginei que a escola devia ser o santuário onde se estimula e ensina a perguntar, mais do que um arquivo morto de respostas. Os professores de quem guardo melhores recordações foram os que gostavam de fazer nascer perguntas na minha cabeça e davam pistas para encontrarmos respostas. Encanta-me que a primeira frase de Deus dirigida ao homem recém-criado tenha sido uma pergunta: “Onde estás?”. E quantas vezes Ele a tem repetido…!


A pergunta de Jesus aos discípulos sobre quem dizem que é Ele marca um crescimento. Tem o sabor daquela que, numa relação, o amado ou a amada fazem um ao outro: “quem sou eu para ti?” E segundo a resposta, a relação tem “estrada para andar” e progride, ou fica por ali. É a partir da resposta de Pedro, ainda cheia do imaginário triunfalista associado ao Messias, mas capaz de ser purificada, que Jesus vai mais fundo na sua revelação. E começa a anunciar a paixão, a morte e a ressurreição, e a vida com “sinal mais” que a cruz traz consigo.


Seria bom pensarmos se Jesus não nos faz esta pergunta várias vezes ao longo da nossa vida. E ir ensaiando respostas, certamente entrelaçadas com outras perguntas nossas. Enquanto perguntamos e procuramos, isso é sinal de uma relação viva. O pior é quando deixamos de perguntar e responder, ou respondemos de “cor” (mas sem vir do coração) e vivemos a fé e os dias meio anestesiados, agarrando-nos ao acessório, quase descansando à sombra da cruz. Pergunto-me se na preparação de tantos jovens para o crisma, nas paróquias e colégios, não seria importante colocar uma paráfrase da pergunta de Jesus: “Quem dizeis vós que é a Igreja?”


A reforma da Cúria Romana que o Papa Francisco implementou com a publicação do documento “Praedicate Evangelium” (Anunciai o Evangelho) e se tornou efectiva a 6 de junho, em consonância com a preparação do Sínodo 2023, tem o sabor do Espírito que nos interpela e guia. “As reformas nas estruturas e na organização são necessárias, sem dúvida, mas o que é realmente importante é a renovação das mentes e dos corações das pessoas. Todos nós somos chamados a arregaçar as mangas”, escreve Francisco no prefácio do documento. E recorda que desde as reuniões que precederam o conclave em que foi eleito, o “futuro Papa” tinha sido convidado a fazer esta renovação. A pergunta “o que é a Igreja” é mais uma a que não podemos deixar de responder e ouvir as diferentes respostas. Ah, se perguntássemos mais e melhor!

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