Lisboa |
Bênção e envio do terceiro grupo de orientadores Famílias comVida
“Temos que nos acompanhar muito mais”
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Depois dos grupos de 2018 e 2020, o Famílias comVida enviou em missão, para as paróquias, 17 novos orientadores, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa a reforçar que “o projeto matrimonial cristão é bonito demais para ficar de lado”. Marta, Cláudia e Gena dão testemunho da sua ligação a este projeto, que tem como lema ‘Servir as famílias com as famílias’.

 

Depois de 60 anos a residir na cidade de Lisboa, Marta Sousa Macedo mudou-se, há dois anos, para Arruda dos Vinhos e levou consigo o desejo de continuar a estar ao serviço dos outros. Foi neste contexto que surgiu a oportunidade de fazer a formação do Famílias comVida e passar, agora, a integrar o grupo de orientadores do projeto. “Nesta enorme mudança de vida, levei a preocupação de continuar a fazer voluntariado. Gostaria imenso de, na minha nova paróquia, ficar também ao serviço da comunidade. A Gena Ricciardi, da direção do Famílias comVida, é minha comadre e desafiou-me a este projeto. Foi uma maravilha e fui depois proposta pelo meu pároco de Arruda”, resume Marta, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Marta Sousa Macedo integra o grupo de 17 novos orientadores Famílias comVida, que foram enviados em missão pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, numa celebração no dia 17 de setembro, na igreja do Convento de Santa Teresa de Jesus, em Carnide. Este novo grupo, que é o terceiro a ser benzido e enviado após os de 2018 e 2020, iniciou a formação em setembro do ano passado, que terminou em junho. “Foi um curso excelente”, segundo Marta. “De alguma maneira, a formação é fundamental para que nós, em Igreja, possamos realmente prestar um serviço melhor, com mais qualidade do ponto de vista humano”, considera. No voluntariado, “não basta termos boa vontade”, acrescenta. “É importantíssimo munirmo-nos das ferramentas necessárias para podermos fazer ainda melhor. Por isso, a formação foi excelente, extremamente completa e tirei imenso partido”, garante.

Casada há 36 anos, Marta Sousa Macedo tem duas filhas e cinco netos e fez-se acompanhar pelo marido na Missa de bênção e envio. “Parto para esta missão sem certezas de poder e conseguir fazer tudo muito bem feito. Tenho esse desejo, enorme, mas sem certezas, o que é bom, porque faz com que me vá sempre remetendo para a realidade e queira sempre ter a preocupação de não me instalar e de procurar fazer sempre melhor”, assinala esta leiga.

 

Acompanhar as famílias

Cláudia Cabido Costa Duarte é pedopsiquiatra e, tal como Marta, fez também a formação do Famílias comVida e integra, agora, o grupo de novos orientadores. “Fez-me imenso sentido este projeto. Na minha formação e no meu trabalho, já tenho esta proximidade com as famílias, mas o que me fez vir foi a vontade de servir a Igreja, em proximidade com a paróquia”, assinala esta leiga, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Cláudia conheceu o projeto Famílias comVida através de Gena Ricciardi. “A Gena foi-me falando da necessidade de começar, nas paróquias, um acolhimento e um acompanhamento a famílias. Que as paróquias pudessem ter uma porta aberta para as famílias que as procurassem em questões ligadas às dificuldades que o casal e a família experimentam”, refere.

A formação destes novos orientadores incluiu 80 horas do curso oficial do Instituto de Ciências da Família (ICF), da Universidade Católica Portuguesa, além de 20 horas de módulos do projeto Famílias comVida, sobre as dimensões do trabalho na paróquia. “Foi um ano de formação desafiante”, assume Cláudia, mãe de três filhos pequenos, entre os 9 e os 3 anos. “Muitas das coisas que foram faladas no curso são-me familiares, mas foi ótimo ter a perspetiva da Igreja, teológica, além do convívio e partilha com outras pessoas, de diferentes contextos e idades. Foi muito rico não só nos temas, mas também na parte prática do que vamos precisar de desenvolver junto das famílias”, salienta esta pedopsiquiatra.

Cláudia Cabido Costa Duarte foi proposta para este projeto pela paróquia de Algés-Miraflores, mas, há cerca de dois meses, foi residir para a paróquia de Caxias. “Vamo-nos apresentar ao pároco e vou colocar-me ao serviço. Gostava muito que o Famílias comVida crescesse, porque há necessidade de acompanhar as famílias nas dificuldades que surgem. E surgem. Não vale a pena pensar que não, porque cada família traz a sua história, a sua dinâmica, e é importante sentirem-se acompanhadas no seu sofrimento”, salienta esta nova orientadora.

 

“Ser parte da solução”

Antes da Missa de bênção e envio, Marta, Cláudia e os restantes orientadores escutaram do Cardeal-Patriarca de Lisboa que “o projeto matrimonial cristão é bonito demais para ficar de lado”. “Se quisermos seguir aquilo a que o Papa Francisco chamou o ‘ideal matrimonial cristão’, temos que nos acompanhar muito mais uns aos outros. Com certeza que os padres têm o seu papel, mas quem vive o matrimónio cristão tem uma responsabilidade especialíssima, para se ajudar mutuamente uns aos outros, com a própria experiência”, apontou D. Manuel Clemente. Numa sala do Convento de Santa Teresa de Jesus, em Carnide, o Cardeal-Patriarca considerou que os novos orientadores “são, graças a Deus, parte da solução”. “Agradeço muito a vossa disponibilidade. Em qualquer situação da vida, a única opção é esta: ser parte da solução”, sublinhou, desejando que este curso “progrida” e “se vá espalhando pela diocese”.

D. Manuel Clemente aconselhou ainda a leitura do livro ‘Itinerários catecumenais para a vida matrimonial’ [Paulinas Editora], uma obra “muito interessante e muito importante”. “É um texto do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, muito recente, que faz um resumo daquilo que tem sido dito e proposto, na Igreja, nas últimas décadas, acerca do matrimónio cristão, da sua preparação remota e o acompanhamento, depois”, recomendou.

 

Para todas as famílias

Entre as 17 pessoas que fizeram a formação e integram o terceiro grupo de orientadores Famílias comVida está também Gena Ricciardi, que pertence à direção do projeto. “No curso anterior, fui acolhedora e ajudava na coordenação das logísticas. Este ano, decidi que era importante, para o meu trabalho no Famílias comVida, poder fazer o programa de formação”, observa Gena, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Este terceiro grupo incluiu 14 pessoas do Patriarcado e três da Diocese de Setúbal. “Quiseram participar para poderem, de alguma maneira, adaptar o projeto na sua diocese”, explica. “Tivemos pessoas de vários pontos do Patriarcado, incluindo de fora da cidade de Lisboa. Tivemos de Arruda dos Vinhos, de Torres Vedras, o que é muito bom. Tivemos pessoas de todas as faixas etárias, desde senhoras muito jovens até mais velhas, e a maior parte foi indicada pelos párocos”, apresenta esta responsável.

Gena Ricciardi pertence ao Movimento Apostólico de Schoenstatt e integra o projeto Famílias comVida “praticamente desde o início”. “Quem teve a ideia do projeto foi o padre Rui Pedro, pela Pastoral da Família do Patriarcado, e a Ana Catarina Calado, pela Cáritas de Lisboa”, lembra. “O Famílias comVida é um projeto para auxiliar as paróquias a terem um centro de apoio ao desenvolvimento da família, mas para todas as famílias. Todas as famílias precisam deste Jesus que quer entrar na família de cada um. Foi muito claro para mim que a ideia do projeto vinha ao encontro das famílias que não são somente as carenciadas. É um serviço às famílias em geral. Todos nós, famílias, temos necessidade de serviços alinhados nos nossos valores cristãos”, destaca esta responsável do projeto Famílias comVida, que agora é também orientadora.

 

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“Famílias vão lucrar”

Na Missa de bênção e envio do novo grupo Famílias comVida, o Cardeal-Patriarca de Lisboa considerou que os orientadores “ouviram, durante este curso, muitas coisas importantes, decisivas, para a vida familiar e para ajudarem a vida familiar de muita gente”. D. Manuel Clemente destacou depois a “perseverança” e a “persistência” dos novos orientadores, bem como os seus “corações nobres e generosos”. “Pode-se dizer que a semente caiu em boa terra, como tenho a certeza que aconteceu em cada um de vós. Mas é preciso que continue a ser assim, ou seja, a Palavra de Cristo seja guardada, que o projeto matrimonial cristão seja compreendido e apresentado, antes de mais, na vida que levam e naquilo que possam proporcionar aos outros”, desejou o Cardeal-Patriarca. “Há muita família que lucrará com a vossa presença, com o vosso testemunho e com a vossa contribuição”, garantiu.

 

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Um serviço às paróquias

No final de 2019, início de 2020, a direção do projeto Famílias comVida fez uma análise interna, que levou a uma mudança de estratégia. “Percebemos que era importante mudar a forma como estávamos a oferecer os nossos serviços às paróquias. Falávamos muito que o Famílias comVida oferecia um serviço às famílias, e nós, na reflexão que fizemos na direção, percebemos que oferecemos um serviço às paróquias. Isso é muito importante, porque as paróquias podem utilizar o orientador Famílias comVida e os nossos serviços e não falar sequer no nosso nome. O que é importante é que as paróquias possam reconhecer, em nós, um auxílio para poderem montar o seu centro de desenvolvimento à família”, explica Gena Ricciardi, da direção do Famílias comVida.

 

Missão e balanço

Apresentado publicamente a 6 de setembro de 2016, o Famílias comVida tem como lema ‘Servir as famílias com as famílias’ e presta, “essencialmente, três serviços às paróquias”, segundo esta responsável: “O orientador Famílias comVida e a sua formação inicial e contínua – porque todos nós, os mais de 40 orientadores, continuamos em formação contínua; o acesso à rede de recursos de serviços de profissionais, de instituições e de empresas alinhados com os nossos valores cristãos – ajudamos a paróquia a criar a sua rede próxima; e as ‘Oficinas da Família’ – na pandemia, fizemos logo uma formação sobre o que está a acontecer às famílias fechadas em casa”. Além destes serviços, Gena refere que, “na retaguarda”, dão “todo o apoio” aos orientadores, “sempre”. “Temos uma equipa multidisciplinar na sede, no centro diocesano, e qualquer caso que apareça, o orientador, se tiver alguma dúvida ou problema, pode contar connosco”, garante. Destes anos, Gena Ricciardi revela que foram atendidas “mais de 50 famílias”.

Além do centro diocesano, situado na Rua Manuela Porto, 12D, em Carnide, Lisboa, o Famílias comVida tem 10 pontos de acolhimento a funcionar em paróquias/vigararias, além de mais dois pontos em fase de arranque pelas paróquias.

Informações: www.familiascomvida.pt

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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