Cáritas de Lisboa |
Pastoral Social
Capacidade de ver, de ter compaixão, de agir e de fomentar parcerias
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O 34.º Encontro da Pastoral Social decorreu em Fátima, entre 17 e 19 de outubro, com o tema: “A pandemia, a guerra e os pobres”. Ao longo destes dias, e após dois anos de pandemia, os participantes foram convidados a ler e a refletir os sinais sobre o momento atual, e a encontrar critérios para melhor poderem agir. Para ajudar nesta reflexão, foi convidado um leque variado de oradores de excelência.

 

Nuno Alves, Economista do Banco de Portugal, referiu, em linhas muito gerais, que a partir de 2019 se verificou um aumento de pessoas em situação de pobreza, devido, predominantemente, às desigualdades que se acentuaram com a pandemia, ainda que no primeiro ano da crise sanitária se tenha observado um ligeiro decréscimo da linha de pobreza monetária. Contudo, a sua descrição chamou sobretudo a atenção dos participantes para o “tsunami” que se aproxima, e para o qual as pessoas ainda não estão preparadas.

A subida da inflação, o aumento das taxas de juro e a desaceleração económica emergem como fatores responsáveis por esta crise, tendo na guerra na Ucrânia, sem fim à vista, a sua principal causa. Se a inflação, nos seus efeitos, é algo que já todos têm estado a sentir, as taxas de juro parecem estar ainda a meio da subida prevista. O que se prevê que venha a acontecer é ainda uma incógnita, mas à partida, a subida da taxa de desemprego será uma incontornável consequência, assim como os jovens, em início de vida, e à procura de casa, serão certamente um dos grupos mais afetados.

Mónica Dias, vice-diretora do Instituto de Estudos políticos (IEP) da Universidade Católica Portuguesa, sublinhou, num paralelismo com outras guerras, que o fim do conflito na Ucrânia e a iniciação do processo de paz passam pela negociação diplomática. Referiu também que as negociações não podem ser impostas, que não podem apenas salvaguardar uma das partes, e que têm de ser sólidas e consistentes. E considerou ainda que para a mesa das negociações é imperativo trazer as mulheres, para que a construção da paz seja um caminho equilibrado e sustentável. No seu entender, o processo de paz é demorado. Leva anos, até mesmo gerações. Necessita de tempo para fazer lutos e sarar feridas.

 

Ouvidas estas e outras exposições, quatro grupos de trabalho, criados aleatoriamente, e constituídos por profissionais e voluntários, foram desafiados a refletir e a encontrar critérios e ferramentas que pudessem responder adequadamente às necessidades que se avizinham.

As conclusões, apresentadas depois em plenário, destacaram, como critério principal e transversal a todos os grupos, a importância de uma intervenção em rede, entre instituições públicas e particulares, bem como a uniformização de métodos de trabalho e o levantamento estatístico sobre a ação da igreja, para que a Cáritas Portuguesa e/ou as Diocesanas possam fazer “advocacy” junto das entidades competentes. Houve ainda quem sugerisse a constituição de um grupo de trabalho, que chamasse a si estas tarefas, e que o mesmo tivesse assento na Concertação Social. Em plenário, os grupos falaram ainda da necessidade de construção de parcerias, de uma espiritualidade da ação social e do cuidado a ter com o cuidador. 

Nesta procura de critérios fundamentais à ação social da Igreja, certamente que o conjunto apresentado pelo Capelão do Hospital de Santo André (padre Pedro Viva), com base sua pessoal leitura da parábola do Bom Samaritano, sintetizou muito bem o que o plenário quis tornar claro, ou seja, a capacidade de ver, de ter compaixão, de agir e de fomentar parcerias.

 

Por fim, e já numa apreciação mais global, que retoma o início do encontro, D. José Ornelas, Bispo de Leiria-Fátima, com frequentes alusões ao exemplo de Jesus, no Novo Testamento, não deixou de frisar, que ainda que seja da direta responsabilidade do Estado, ir ao encontro do irmão, “caído na berma da estrada” e a precisar de ajuda, é dever de TODOS, sendo obrigação da Igreja, na subsidiariedade que lhe compete, a disponibilização de um serviço social profissionalmente organizado.

Gabinete de Ação Social - Cáritas Diocesana de Lisboa
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