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Líbano: Campanha de Natal da Fundação AIS também apoia as escolas
Um lugar de misericórdia
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A Irmã Maguy não tem alternativa. A sua escola é um oásis no caos em que se transformou o Líbano. A pobreza é tanta e a miséria é tão profunda que a escola se transformou, praticamente, no único lugar onde as famílias têm a certeza de que os seus filhos não passam fome. A Irmã Maguy pede-nos ajuda para continuar a acolher, todos os dias, as crianças mais pobres da comunidade cristã. A escola da Irmã Maguy transformou-se num lugar de misericórdia…

 

Estes são, provavelmente, os dias mais difíceis da vida da Irmã Maguy Adabachy, das Missionárias do Santíssimo Sacramento. Ela é uma das responsáveis pela gestão das escolas da congregação no Líbano. É o caso da escola em Beit Habbak, que fica numa aldeia, perto de Jbeil. Por lá andam 1420 crianças. Parece uma escola normal para rapazes e raparigas que nos intervalos das aulas enchem os recreios de gritos, de corridas, de brincadeiras. Mas esta escola, como quase todas as outras do Líbano, atravessa um tempo muito delicado, talvez o mais difícil da sua história. Com o colapso da economia do país, com os bancos fechados, a inflação a devorar as economias das famílias, com o preço dos bens essenciais, como o pão, a galopar para valores proibitivos, a escola passou a estar também em perigo.

 

Ser Jesus ali, no colégio

A Irmã Maguy não sabe como manter as portas abertas todos os dias. Mas se ela desistir, se ela deixar de ser capaz de o fazer, então a tragédia ganha contornos ainda mais dramáticos. É que muitas das crianças, a esmagadora maioria dos rapazes e raparigas que frequentam a escola não têm praticamente nada para comer em suas casas. A escola é uma espécie de oásis no deserto em que se transformou o Líbano, mas só o será enquanto a Irmã Maguy conseguir manter abertas as suas portas. “Nesta situação em que o nosso país está a atravessar, não posso dizer ‘não’ a nenhum pobre”, diz a irmã, acrescentando: “Estamos a tentar ser Jesus neste lugar”. É a irmã a falar-nos com o coração nas mãos. Os benfeitores da Fundação AIS em Portugal e um pouco por todo o mundo são a sua maior esperança. Ela não pode falhar. A Igreja está comprometida no acolhimento aos que estão numa situação mais desesperada neste momento no Líbano. Ao garantir uma refeição às suas crianças, ao assegurar o salário dos professores, ao conseguir pagar a conta, por vezes astronómica, de electricidade ou de gás, a irmã está a dar uma ajuda inestimável a centenas de famílias que já não conseguem comprar sequer o pão para o dia-a-dia.

 

Promessa de amor

A escola da Irmã Maguy transformou-se num lugar especial onde acontece todos os dias a promessa do Evangelho. “Este lugar serve para dar misericórdia a quem quer que venha até nós”, diz a irmã com uma simplicidade desarmante, como se tudo o que ela faz, o que as religiosas fazem por ali não fosse enorme, gigantesco, quase um milagre. “Tenho um desafio”, explica a irmã, olhando directamente para nós. “Tenho de arranjar dinheiro no final do mês para pagar aos professores, para o combustível dos autocarros, para poderem transportar as crianças.” Mas este desafio traz consigo uma angústia enorme. É que, se falhar, se não conseguir esse dinheiro, tudo pode desmoronar-se num instante. E a irmã nem quer pensar no que isso pode significar.

“Não sei se no final do mês há dinheiro para alimentar os alunos mais pobres”, diz a irmã, com um realismo absoluto. O desafio é gigantesco. Cada dia é uma luta, uma nova batalha, uma guerra que é preciso vencer. O desafio é mesmo gigantesco, até porque a escola não cobra nada às famílias que caíram já na miséria. “Não lhes pedimos dinheiro, ensinamo-los gratuitamente e alimentamo-los e às suas famílias também”, explica ainda a Irmã Maguy.

 

Sem alternativa

Dito assim, parece que tudo se resume a dinheiro. Parece que a irmã é mais uma contabilista do que uma religiosa. Falta dinheiro para pagar aos professores, falta dinheiro para comprar os alimentos, os cadernos e os lápis, falta dinheiro para os combustíveis, para a electricidade, que está cada vez mais cara, falta dinheiro para o gás, para tudo. Falta dinheiro, sim, mas não falta amor. E isso, diz a irmã, é algo que abunda por ali, pelo colégio. É algo que se vê, que se pressente no rosto de cada irmã, no esforço de quem se gasta todos os dias para que as crianças possam continuar a sorrir, para que as famílias possam ter alguma coisa para comer, para que ninguém desista de viver. “Estou muito feliz por conhecer a Fundação AIS, estou muito feliz por ver que Deus não nos abandona através da AIS. Obrigado.” Agora é connosco. A Irmã Maguy precisa da nossa ajuda para que o seu colégio continue de portas abertas. Ela não tem alternativa. 


texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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