Por uma Igreja sinodal |
O caminho conjunto no Sonho Missionário de chegar a todos
Do Sínodo de Lisboa ao Sínodo dos Bispos – parte 2
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Vejamos os desafios mais salientados nos três principais documentos do caminho realizado desde 2014 (do Sínodo Diocesano à fase diocesana do Sínodo dos Bispos). Os três documentos são os seguintes: Constituição Sinodal de Lisboa (Dezembro de 2016); Documento Final do Sínodo de Lisboa (Junho de 2021) e a Síntese Diocesana, realizada no final da fase Diocesana do Sínodo dos Bispos (Maio de 2022). Gostaria de destacar três dos muitos desafios salientados ao longo destes anos.

 

Em primeiro lugar, o desafio da sinodalidade. O tema transversal aos 4 anos de receção da CSL foi o “fazer da Igreja uma rede de relações fraternas” (CSL60). No documento final do Sínodo de Lisboa uma das opções pastorais pedia que se desse continuidade ao processo de receção da CSL, promovendo dinâmicas sinodais. Também a Síntese Diocesana do Sínodo dos Bispos desafia a Igreja de Lisboa a “encontrar na sinodalidade a forma de ser Igreja”, procurando uma “conversão eclesial à sinodalidade”. Este é um tema que abarca muitas temáticas, tais como: a questão da liderança e do discernimento comunitário; a importância do trabalho em conjunto nas comunidades cristãs, entre as várias comunidades, mas também com a comunidade civil; o tema das unidades pastorais; e da efetivação dos conselhos pastorais e outros conselhos previstos pelo Código de Direito Canónico.

Em segundo lugar, a dimensão do acolhimento e evangelização. A formulação do número 33 da Síntese Diocesana, salienta bem o que se pretende com o acolhimento: “Viver um acolhimento evangelizador e uma evangelização acolhedora”. Este desafio pede a cada cristão e a cada comunidade a uma conversão na disponibilidade ao próximo, mas pede também à Igreja uma aposta em espaços de referência, com meios e pessoas, que possam acolher e acompanhar.

Em terceiro lugar, o desafio de comunidades, que se entendam como família de famílias, onde cada pessoa se saiba parte integrante, onde sejam conhecidas e reconhecidas. Comunidades que neste ambiente familiar possam oferecer itinerários que iniciem à vida cristã; onde haja acompanhamento espiritual e vocacional de pessoas e grupos; onde se possam aprofundar dinâmicas de espiritualidade e formação como caminho de santidade.

 

A Igreja, para anunciar o Evangelho, caminha em conjunto. Este é o grande desafio do Espírito Santo à Igreja deste tempo, e concretamente à Igreja de Lisboa em todo este caminho sinodal. Num mundo pós pandemia, em conflitos mundiais, tão marcado pelo individualismo; onde as pessoas vivem atomizadas; onde a família, célula fundamental da sociedade, está em crise; onde há tanta solidão, mais do que nunca é necessário que as comunidades cristãs sejam lugares de comunhão com Deus e com os irmãos, lugares de vínculos, “hospitais de campanha” que ajudem a refazer e reconstruir a comunidade humana.

Bem sabemos que não é fácil acertar o passo num caminho em conjunto, procurar a unidade na diversidade. Contudo, é bom lembrar que este caminho em conjunto não é um acordo de partes ou uma espécie de parlamentarização, com grupos de pressão e influência, para levar algumas ideologias avante; mas, antes, a procura da sintonia com o Espírito Santo. É na abertura ao Espírito Santo, na escuta da Palavra de Deus, na escuta dos sinais dos tempos, que podemos acertar o passo com a missão de evangelização que Deus nos pede, tal como o fez Maria na visitação à sua prima Isabel.

“No ícone da visitação da Virgem Maria a sua prima Santa Isabel reconhecemos o grande dom do Sínodo diocesano e a sua relação com a realização da Jornada Mundial da Juventude” (Documento Final do Sínodo de Lisboa, 21). Não é por acaso que este episódio do Evangelho tem iluminado de uma forma especial a Igreja de Lisboa desde Assembleia Sinodal de Lisboa, em Dezembro de 2016, como podemos ver no penúltimo número da Constituição: “No ícone da Visitação, a Igreja descobre um estilo materno de evangelizar, composto por «ternura e afeto», feito de prontidão e alegria, capaz de «reconhecer os vestígios do espírito Santo» e de «contemplar o mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária» (cf. EG 5.288). (...) Com Maria, a Igreja de Lisboa é chamada a festejar cada passo dado em frente na evangelização e a exultar no Senhor que nela «manifesta o poder do seu braço» e realiza maravilhas (cf. EG 24; Lc 1, 46-55). Com Maria, principalmente, porque a Ela nos confiou Jesus Cristo e sem Ela nada seríamos nem faríamos como Igreja” (CSL69).

Que o caminho conjunto e o encontro dos jovens de todo o mundo com a Igreja de Lisboa nos faça estremecer de alegria no Evangelho e abrir-nos à ação do Espírito Santo (cf. Lc1, 41).

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