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Uma única grande família, por Nuno Cardoso Dias
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Mostra uma Igreja muito humilde na abertura aos outros, muito tolerante, muito inclusiva, fraterna e sobretudo feliz. Essa nota de felicidade profunda é uma das marcas mais fortes em Taizé.
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Em França a Sexta-feira Santa não é feriado, o que verificámos quando uma brigada da protecção civil escolheu este dia aos outros 364 dias do ano para proceder a vistorias de segurança nas instalações da Comunidade. Coincidências, se as houvesse. Será também coincidência a chuva de notícias sobre pedofilia na Igreja que tem rodeado o 5º aniversário do Papa Bento XVI?
No meio de todo o burburinho, escrevo no dia em que o Papa se encontrou com vítimas de abusos em Malta. Um dos participantes do encontro falava na sua humildade, na sua emoção. Bento XVI expressou consternação, vergonha e dor por aquilo que as vítimas e as suas famílias sofreram. Esta proximidade do Papa, a sua coragem enfrentando estes problemas, que aliás já tinha demonstrado na Carta Pastoral aos católicos na Irlanda, mostra-nos um Papa que assume em si os pecados de muitos. Novamente lembrava a Sexta-feira Santa. Qual a nossa atitude? Ajudamos a levar a cruz ou gritamos “crucifica-o”?
O tema de reflexão proposto em Taizé foi a parábola do pai e dos dois irmãos, também conhecido por parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32). É uma parábola muito cara às famílias, tanto pela forma como o pai trata de modo diferente o que é diferente, como pela forma como acolhe e faz a festa com o irmão perdido.
Menos óbvio é que o último a entrar na casa do Pai, é o irmão mais velho, aquele que nunca partiu, mas que não quer partilhar a alegria. Também aqui é o Pai quem vem ao encontro para que ele se aproxime. Esta misericórdia, muito para além da justiça humana nem sempre é fácil para muitos, mas é nela que ganha sentido a redenção pascal. Não é por mérito mas sim por misericórdia que participamos na Festa do Pai. “Não somos dignos, mas dizei uma só palavra e seremos salvos” – repetimos Domingo após Domingo.
À semelhança do que já acontecia com o Ir. Roger, fundador da Comunidade de Taizé, todos os anos o Ir. Alois, actual prior da Comunidade, dirige aos jovens uma Carta. A Carta deste ano contém algumas reflexões sobre a realidade dos cristãos na China, na sequência de uma visita de três semanas. Ali se fala de uma Igreja perseguida, clandestina, e da tenacidade dos que aí continuaram a fazer a festa, a celebrar a sua fé. A dado passo, pergunta o Ir. Alois: “será que hoje, na Europa e em todos os continentes, reflectimos suficientemente sobre o sentido a dar à liberdade? Cada jovem poderia interrogar-se: o que fizeste da tua liberdade?”
Perante a visita pública do Papa a Portugal que atitude podemos ter, enquanto famílias? Que presença teremos? Perante um Papa que tanto tem defendido a família, que resposta daremos? Ficam as palavras do Papa numa intervenção via satélite, antes da recitação do Angelus, a 1 de Janeiro, em directo para o Encontro de Famílias em Madrid. Bento XVI afirmou que a família “é caminho seguro para O encontrar e conhecer, assim como um apelo permanente a trabalhar pela unidade de todos à volta do amor. Daí que um dos maiores serviços que nós cristãos podemos prestar aos nossos semelhantes é oferecer-lhes o nosso testemunho sereno e firme da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher, salvaguardando-a e promovendo-a pois ela é de suma importância para o presente e o futuro da humanidade. Efectivamente a família é melhor escola onde se aprende a viver aqueles valores que dignificam a pessoa e fazem grandes os povos”.
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