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Testemunho
Natal, caridade e família
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Em cada Natal celebramos o mistério da caridade divina; a festa do amor de Deus pela humanidade, que vendo-a ferida pelo pecado original, e separada dele, vem ao seu encontro para a atrair a si e para a tornar participante da sua vida.

Para tal, foi necessário o maior gesto de amor que o mundo alguma vez viu:

“Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu filho único para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (Jo 3:16).

 

Na encarnação do Verbo, vemos o expoente máximo da loucura do amor de Deus. A encarnação é o momento em que deixa de haver separação entre o criador e a criatura, em que o próprio Deus, tomando a nossa carne, assumindo a nossa natureza humana, assume toda a criação.

Não sendo possível o ser humano assumir Deus, é este que assume a nossa humanidade. Deste modo, o eterno entra no tempo, o infinito entra no espaço, o todo-poderoso torna-se vulnerável, o omnisciente tudo tem de aprender, o rico torna-se pobre, o Verbo faz-se carne!

Neste mistério de amor, de caridade divina, Deus faz a experiência de ser humano e a humanidade faz a experiência de ser divinizada.

Deus poderia ter escolhido muitas outras maneiras para realizar o seu desígnio de amor, mas quis fazê-lo à nossa maneira, à maneira humana, na simplicidade e na grandeza de uma família.

Ora o casal – fundamento da família – é chamado por Deus a ser sinal, sacramento, da caridade divina. Quando os Génesis declaram “disse Deus: «Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança e (...) Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.»” (Gn 1:26-27), torna-se explícita a sua primeira vocação e missão: ser um “ícone da Trindade”; ser o sinal visível do amor invisível de Deus!

A família é, desta forma, esta comunidade em que a relação que a unifica é constituída pelo ato de amor, pela caridade. À “imagem de Deus”, a família é a caridade em ato entre todos os membros que a constituem. E é nesta realidade tão humana, tão grandiosa e tão frágil que Deus quis revelar a sua identidade de comunhão, de amor e de dom desinteressado de si mesmo. Foi esta realidade que o Verbo assumiu ao “fazer-se carne” e habitando entre nós.

Pensemos que mal abriu os olhos, foi para a família o primeiro olhar do Verbo de Deus. Manifestam-se, assim, a bondade de Deus e o seu amor pela humanidade.

Foi esta grandeza e esta simplicidade que Deus escolheu para trazer o seu Filho ao mundo. E esta foi também a primeira realidade humana que Jesus santificou com a sua presença.

Sendo comunidade da vida e do amor, ela será sinal da presença de Deus na terra e o primeiro lugar de encontro com Deus.

Ela é “igreja doméstica” (LG, 11), sinal na terra do mistério da Santíssima Trindade. “É aí que se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e sobretudo o culto divino pela oração e pelo oferecimento da própria vida” (Catecismo n. 1657). É aí que se aprendem os princípios básicos da fé na experiência concreta do dia-a-dia e onde os esposos buscam a sua santificação e a realização plena da sua vocação matrimonial.

Desta forma, o Natal, que por excelência é a festa da família, deverá interpelar-nos e levar-nos a viver esta mesma caridade.

E se aproveitássemos este tempo de Advento para crescermos em caridade na nossa família? Proponho três letras: OPP. Três palavras que poderão tornar-se três atos de caridade para adotar em família: Obrigado, Perdão e Please.

 

Obrigado – Agradeça sempre (mesmo que não “seja” necessário).

A gratidão é a base do nosso viver como cristãos. Ela é reconhecimento de "Deus dom" e do dom de Deus: ela é eucaristia, “ação de graças”.

Então, receba tudo como um presente que ninguém tem a obrigação de lhe dar, mesmo que o tenha comprado. As pessoas gratas são mais felizes. Cresçamos na caridade em família sendo agradecidos e dizendo mais vezes “obrigado!”

 

Perdão – Perdoe sempre (mesmo que às vezes custe).

É inevitável que nas nossas relações familiares cometamos erros, descuidos e faltas de atenção, e, por isso, magoamo-nos e ofendemo-nos. Nessas circunstâncias podemos permitir que o mal ganhe ou vencemos o mal com o bem, vivendo o perdão como um ato de caridade, um ato de puro amor. Na verdade, amar é perdoar!

 

Please – Diga sempre: por favor.

Esta expressão que tão cedo se ensina às crianças, mas, que depois tão depressa se esquece nas nossas relações familiares, é um ato de amor. Dizer “por favor” é reconhecer a dignidade e o valor do outro. É afirmar que não é a obrigação que determina o nosso agir, mas o “favor”, a graça. E assim, o “favor”, a “graça” abre-nos à gratidão e à alegria.

 

Assim, porque o Natal é a caridade e a caridade é o Natal, fazei Jesus entrar na vossa casa como um membro da família, e Ele amparar-vos-á sempre. Enfeitemos a casa e preparemos o presépio! Mas os mais belos enfeites serão os gestos e as palavras do amor em ação. Que cada família seja lugar de descoberta de Deus, e ganhe consciência clara que foi criada por Deus para ser lugar onde reinam a escuta, o perdão, o amor oblativo, onde se praticam a atenção e o cuidado de todos e de cada um.

E que sobre a porta de entrada se possa ler: a Caridade mora aqui e vive em nós!

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