Catequese |
Diretório para a catequese
A catequese na vida das pessoas: a catequese com os adultos
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A catequese com os adultos constitui um campo lato da ação evangelizadora da Igreja, referenciando-se a situações existenciais muito diversas e realizando-se em contextos humanos e sociais muito variados. Por essa razão, o Diretório para a catequese situa no seguimento da catequese com adultos, a catequese com os idosos, com as pessoas com deficiência, com os migrantes e com os emigrantes.

 

A catequese com adultos constitui, desde há décadas, uma preocupação e uma prioridade de toda a Igreja. Inúmeros planos pastorais apontam, simultaneamente, tanto para a necessidade como para a dificuldade de evangelizar os adultos. Desde os esforços levados a cabo por ações de primeiro anúncio, aos modos de promover a sua iniciação cristã e às formas de acompanhamento dos adultos crentes nas comunidades cristãs e movimentos, a criatividade pastoral empenhada em evangelizar os adultos nem sempre redunda em graus de fidelização eclesial como se esperaria. Por outro lado, também se reconhece que a quantidade de meios humanos e materiais colocados à disposição da catequização dos adultos é muito menor do que os utilizados na catequese das crianças e dos jovens.

Um dos aspetos mais relevantes apontado pelo Diretório sublinha a peculiaridade da condição adulta nos dias de hoje: «Em relação ao passado, esta idade da vida já não é vista como um estado de estabilidade previamente alcançada, mas como um processo contínuo de restruturação» (DC 257). O texto acentua que o adulto tende a viver num dinamismo constante da sua identidade face aos momentos de transição que vive. Embora não os enumere podemos identificar alguns desses momentos: a formação e escolhas profissionais, o estabelecimento de vínculos, a experiência da maternidade/paternidade, as ruturas, o luto e a perda, o enfraquecimento e a doença, etc. Enfim, um conjunto diversificado de experiências que fazem com que o tornar-se adulto diga diretamente respeito à dimensão religiosa, dado que o ato de fé é um processo interior intimamente ligado à personalidade. Por isso, o Diretório chama a atenção para a necessidade de tomar em consideração a diversidade das experiências vividas pelos adultos, relendo-as à luz da fé e integrando-as nos percursos formativos.

Estes percursos deverão também ter em conta a relação dos adultos com a fé, considerando que a catequese com adultos se destina a situações tão particulares e tão diversas como os crentes que vivem a sua fé e desejam aprofundá-la; aqueles que, apesar de serem batizados, não completaram a iniciação cristã, ou não receberam uma formação cristã adequada; os que são batizados e que procuram um contacto com a Igreja em momentos específicos, os que provêm de outras confissões cristãs ou de outras experiências religiosas; os que redescobrem a católica, depois de outras experiências religiosas e, finalmente, os que não são batizados, a quem se destina o verdadeiro catecumenado (cf. DC 258).

Sendo a catequese um ato eclesial, ela não pode realizar aquilo que diz respeito à liberdade pessoal, particularmente no caso dos adultos onde o grau de responsabilidade face às próprias escolhas determina e caracteriza a própria pessoa. Por isso, o adulto deve considerar-se como sujeito educável, envolvendo-se num «processo permanente de formação da sua identidade pessoal» (DC 259). Por outro lado, a formação em toda a vida cristã deve conduzi-lo a amadurecer «aquela sabedoria espiritual que ilumina e dá unidade às múltiplas experiências da sua vida pessoal, familiar e social» (DC 259). Esta relação entre a fé e a vida visa garantir aos sujeitos uma compreensão harmoniosa da vida da fé até adquirirem uma «mentalidade de» que lhes permita progredir sempre mais na vida do Espírito e dar testemunho do Evangelho, como discípulos missionários inseridos numa comunidade cristã (cf. DC 260). Para isto acontecer, a catequese com adultos tem de conhecer os seus interlocutores, desenvolvendo a tarefa específica própria de cada um, seja suscitando a fé, purificando-a, alimentando-a, ou favorecendo a sua partilha e testemunho (cf. DC 261).

De entre as diversas modalidades de catequese com adultos, o documento apresenta algumas que destacam a especial relação dos adultos com a fé, sendo que a catequese pode apresentar algumas configurações tais como: catequese como descoberta da fé e primeira iniciação na fé ou de reiniciação; catequese nos ambientes quotidianos; catequese por ocasião da preparação e celebração do Matrimónio ou de outros sacramentos; catequese litúrgica, mais centrada no aprofundamento da fé ou sobre temas sociopolíticos, etc. (cf. DC 264)

 

Finalmente, o Diretório aponta alguns critérios que devem estar presentes na catequese com adultos. Em primeiro lugar, destaca a dimensão eclesial da catequese, desejando que esta «seja expressão da comunidade eclesial na sua totalidade, enquanto seio que gera a fé»; se configure «como um processo educativo da vida cristã na sua totalidade»; que considere os adultos não apenas como destinatários da catequese, mas protagonistas juntamente com os próprios catequistas; que reconheça a sua situação peculiar em que cada homem e  mulher vive a experiência da fé; que se compreenda e realize em relação com as diversas dimensões da fé e da ação pastoral, particularmente com a pastoral familiar e juvenil. (cf. DC, 262).

Esta organicidade e a importância da catequese com adultos estão expressas na publicação do recente documento “Itinerários catecumenais para a vida matrimonial”, no qual se propõe um itinerário vocacional-catecumenal articulado em três fases: a preparação para o matrimónio (remota, próxima e imediata), a celebração do casamento, e o acompanhamento dos primeiros anos de vida conjugal.

texto pelo P. Tiago Neto; foto jcomp on Freepik
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