Por uma Igreja sinodal |
Sínodo
“Experiências Sinodais: Sínodo dos Bispos para a África” – parte 2
<<
1/
>>
Imagem

Lançando um olhar sobre a história da Igreja em África a partir dos tempos modernos, torna-se fácil observar que, à exceção da Etiópia e de Cabo Verde, a maioria dos países do continente são de evangelização relativamente recente, com predominância nas zonas costeiras.

 

Múltiplas congregações missionárias se empenharam nessa tarefa, com protagonistas vindos sobretudo da metrópole colonial, que replicaram marcas da Igreja de procedência.

 

Foi com os movimentos da independência das colónias e graças ao impulso de inculturação da fé e sua expressão que a realidade local, também na Igreja, com todas vicissitudes que a têm acompanhado, vem tomando corpo pela atuação de agentes responsáveis locais, cada vez em maior quantidade e qualidade.

 

Assim, a pouco a pouco, criam-se a todos os níveis (paroquiais, diocesanas, regionais e continentais), estruturas e espaços de partilha e de decisão, tendo em conta as respetivas especificidades e aquilo que é comum e que merece uma formulação adequada a grupos mais ou menos afins.

 

Ora, isto requer observação, escuta, diálogo, reflexão partilhada, espírito de comunhão, sempre na procura da melhor forma de caminhar juntos, como Igreja e como povos com algo em comum.

 

É precisamente nesta procura de sintonia e de complementaridade, de caminhar juntos e de enriquecimento recíproco na diferença, que João Paulo II, recolhendo as orientações e opções pastorais dos Padres sinodais para uma nova evangelização em África, publicou a Exortação Apostólica pós-sinodal “Ecclesia in Africa ”, num esforço gigantesco de pôr em movimento um continente tão fragmentado e díspar, com o intuito de fazer convergir o mais possível os pontos de união e as vontades de cooperar em prol da Igreja no continente africano.

 

Bento XVI, na mesma senda, procurou dar continuidade a esse movimento, convocando em 2009 a segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, em que tive o privilégio de participar.

 

Um sínodo eclesial, ainda que de cariz continental, interessa profundamente à Igreja toda, porque a Igreja de Cristo é sempre una, santa, católica e apostólica. Por isso, mesmo nos sínodos marcadamente continentais, haverá sempre especialistas e técnicos em diversas matérias que nele tomam parte, dando o seu contributo qualitativo. Isto também é sinodalidade.

 

A definição da temática, as consultas prévias que fornecem elementos para a elaboração dos lineamenta e do instrumentum laboris, as relações de especialistas, as intervenções, as reflexões partilhadas em círculos menores, a síntese final da Assembleia Sinodal, tudo isso é depois entregue ao sucessor de Pedro, pastor universal da Igreja, para dela dispor na elaboração do documento final, em forma de Exortação Apostólica pós-sionodal.

 

Se todo o processo sinodal e o trabalho da respetiva Assembleia Sinodal no passado constituem um treinamento e expressão de uma das características da Igreja de Cristo, que é “caminhar juntos”, o atual processo sobre a sinodalidade, irá certamente impactar a Igreja de um modo muito particular, ajudando-a em dois sentidos: assumir a sua unidade no essencial e a diversidade no secundário; bem como a procura constante de vínculos internos que a configuram, sob o impulso do Espírito Santo, alma da comunhão e da sinodalidade.

 

†Arlindo Cardeal Gomes Furtado, Bispo

A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES