
O Cardeal-Patriarca de Lisboa destacou o “percurso catequético exemplar” de Maria Luísa Paiva Boléo. Numa sessão de homenagem, o Patriarcado de Lisboa agradeceu o serviço à catequese, ao longo de mais de 60 anos, desta leiga, que partilhou a alegria de ser catequista.
“A alegria de ser catequista antecipa nesta terra a alegria plena da eternidade. E por isso posso dizer, por tudo quanto tenho vivido e podido partilhar, que dou graças ao Senhor. É a Ele que se deve dar graças, realmente”. Foi com esta frase que Maria Luísa Paiva Boléo terminou a sua ‘catequese’ sobre ‘A alegria de ser catequista’. No auditório da paróquia de Cristo-Rei da Portela, em Lisboa, na noite do passado dia 2 de fevereiro, o Patriarcado de Lisboa pretendia homenagear a catequista e formadora da diocese, nos seus mais de 60 anos de serviço. “Quando faço cursos – e há aqui várias pessoas que já fizeram cursos comigo – costumo sempre dizer que, na verdade, não há na Igreja nenhuma missão que se possa assumir que contribua tanto para a formação como esta – para nós, leigos; não estou a falar dos clérigos. Porque obriga-nos, se formos responsáveis, semanalmente, a refletir sobre um tema determinado da mensagem cristã, a aprofundá-lo e a interiorizá-lo para poder partilhá-lo. E depois, partilhamo-lo e, ao partilhá-lo, recebemos também algo. De maneira que isto [dar catequese] é um enriquecimento permanente”, sublinhou Maria Luísa, na presença de familiares e amigos.
Natural da paróquia da Sé, Maria Luísa Paiva Boléo sublinhou ter “nascido e crescido numa família cristã” na qual teve “o Despertar Religioso e depois a Catequese Familiar, até aos 10 anos”. Começou a dar catequese com 15 anos, em outubro de 1956, na paróquia de São João de Deus, em Lisboa, “a convite do pároco”. Nessa época, “estavam a começar no Patriarcado os cursos de catequistas”, tendo Maria Luísa feito a formação “durante três anos seguidos”, entre 1959 e 1962. A entrada para o Secretariado Diocesano da Catequese de Lisboa acontece em outubro de 1961 e participa, com 21 anos, no primeiro curso de formação de catequistas formadoras do Patriarcado, em Sintra, entre 23 e 30 de julho de 1962, “com o senhor padre Canas”. Nesse ano, em outubro, começa a atividade de catequista formadora.
Maria Luísa recordou, então, a formação de catequistas de Lisboa, Porto e Coimbra, a experiência missionária em Angola, de 1972 a 1974, a colaboração com o Secretariado Nacional da Educação Cristã, entre setembro de 1974 a março de 1981, e o regresso ao Secretariado Diocesano da Catequese de Lisboa, em setembro de 1981. A juntar a este serviço, foi professora de Educação Moral e Religiosa Católica, entre 1968 e 1972 e novamente de 1981 a 2006, ano em que se reformou. “Fui catequista sempre!”, garantiu Maria Luísa Paiva Boléo.
“Dar graças a Deus”
A sessão de homenagem foi organizada pelo Setor da Catequese – que, naquele dia, assinalava o 91.º aniversário de fundação – com o diretor, padre Tiago Neto, a sublinhar que “a celebração pretendia dar graças a Deus pela vida de Maria Luísa e pelo seu serviço à catequese, ao longo destas décadas, na nossa Diocese de Lisboa, mas, também, no país e no mundo”. “A Maria Luísa insere-se num grupo, já longo, de mulheres dedicadas à catequese na nossa diocese. Além daquilo que foram os padres diretores e formadores, tivemos sempre, desde o princípio, muitas mulheres ligadas à catequese, não só aquelas que fazem catequese nas suas paróquias, mas sobretudo aquelas que foram e são formadoras”, assinalou o sacerdote, deixando um agradecimento particular: “À Maria Luísa, pessoalmente, agradeço todo o ensinamento e experiência de vida que ela me tem transmitido, ao longo destes anos”.
Sobre o livro ‘O Catequista - Ponte entre Deus e a criança’, de autoria de Maria Luísa Paiva Boléo e que foi apresentado nesta sessão solene, o diretor do Setor da Catequese considera que a obra “retoma alguns temas essenciais da catequese”, mas também “dá conta do que tem sido a evolução da catequese em Portugal, nos últimos anos”.
“Precioso trabalho”
O Cardeal-Patriarca de Lisboa assina o prefácio do livro ‘O Catequista - Ponte entre Deus e a criança’. “Saúdo a publicação destes textos de Maria Luísa Paiva Boléo, com muita gratidão e estima pela autora e o seu precioso trabalho catequético. As considerações que faz são sempre baseadas na experiência pessoal, em longos anos de transmissão doutrinal e prática da mensagem cristã. Ganham, por isso mesmo, uma especial vitalidade e oportunidade, neste momento de aplicação do recente Diretório da Catequese e de inovação pedagógica, como se verifica entre nós”, começa por escrever D. Manuel Clemente. Intitulado ‘Um percurso catequético exemplar’, o texto salienta “o bom resumo” que a autora “faz da evolução catequética em Portugal”. “No seu caso, é uma memória bem viva e participada”, frisa.
Presente na sessão de homenagem a Maria Luísa Paiva Boléo, o Cardeal-Patriarca garantiu que “maior alegria não pode haver, para quem conhece a Jesus Cristo, do que falar d’Ele”. “Maria Luísa, muito obrigado porque é assim a vida da Igreja, é nós partilharmos, uns com os outros, os nossos percursos cristãos com aquilo que a vida nos foi trazendo e a Igreja nos foi pedindo. Muito obrigado, Maria Luísa! E boas leituras”, terminou D. Manuel Clemente.
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O Catequista - Ponte entre Deus e a criança
“A catequista Maria Luísa Boléo abraçou, ao longo da sua vida, a missão de evangelizar pela palavra, pela escrita, pelo testemunho. Esta compilação de textos, organizada pelo padre Tiago Neto, reflete sobre a missão evangelizadora do catequista e aponta para soluções aos desafios que vão surgindo ao longo do caminho de qualquer pedagogo. É o culminar de uma experiência vivida na primeira pessoa, que trabalhou e conheceu a realidade missionária e pedagógica das terras portuguesas e africanas, num sentido amplo e profundo. Trata-se de um guia para os adultos que desejam ser uma ponte entre Deus e as crianças”, refere o resumo do livro publicado pela Paulinas Editora.
Informações: www.paulinas.pt/o-catequista
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‘A alegria de ser catequista’, explicada por Maria Luísa Paiva Boléo
- A alegria de descobrir sempre coisas novas.
“O Senhor diz no Evangelho que podemos sempre tirar coisas velhas e novas daquela Palavra de Deus e com certeza que já nos aconteceu, a todos, ter momentos em que ouvimos um texto, por vezes na Eucaristia ou quando estamos a ler em nossa casa ou a preparar a catequese, e onde vamos descobrir algo de novo, algo de diferente. Essa realidade está sempre presente na nossa vida.”
- A alegria de crescer constantemente em conhecimentos.
“Quem é responsável, e acha que tem que se preparar [para dar catequese semanalmente], vai crescendo constantemente em conhecimentos.”
- A alegria de poder interiorizar cada vez mais a Palavra.
“Isto é algo que nós procuramos fazer, mas também procuramos ensinar os nossos catequizandos a fazer. Permitir-lhes momentos de silêncio, momentos de interiorização, habituá-los, desde pequeninos, a essa realidade.”
- A alegria de confrontar a própria fé com a daqueles que estão a descobri-la nas suas vidas.
“Esta é uma descoberta permanente. Porque eles vão muitas vezes encontrar caminhos e sentidos que nós ainda não tínhamos lá chegado.”
- A alegria de aprender sempre algo nesse confronto.
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“Que o seu exemplo sirva de apelo para todos”
Presente na celebração de ação de graças pela vida de Maria Luísa Paiva Boléo, o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé assinou o posfácio da obra ‘O Catequista - Ponte entre Deus e a criança’, de Maria Luísa Paiva Boléo. “A catequista Maria Luísa Paiva Boléo «incarnou» e viveu, ao longo da sua vida, esta missão não só na sua diocese de Lisboa, mas também em terras de África e em todo o nosso país. A sua presença assídua como catequista e formadora, nos encontros locais e nacionais. testemunham a sua entrega e paixão pela obra da evangelização. Que o seu exemplo sirva de apelo para todos os que estão implicados no anúncio do Evangelho e que os nossos catequistas experimentem o mesmo ardor que ela sentia no seu coração pela catequese”, escreveu D. António Manuel Moiteiro Ramos, no texto intitulado ‘Catequese para o tempo que vivemos’.
A responsável editorial da Paulinas Editora, irmã Eliete Duarte, esteve também presente na sessão de homenagem a Maria Luísa Paiva Boléo. “Foi uma grande alegria que tive fazer este trabalho. As pessoas devem ser homenageadas em vida! É bom recordar a história das pessoas porque nos faz muito bem. A missão da Paulinas é esta: perpetuar um pouco mais a vida das pessoas e o seu conhecimento para que outros possam aproveitar desse mesmo conhecimento”, apontou a irmã Eliete.