O Papa Francisco falou de evangelização. Na semana em que enviou ajuda humanitária às vítimas do sismo na Turquia e Síria, o Papa nomeou o cardeal Marto para um Dicastério no Vaticano, encontrou-se com a Federação de Doenças Raras e apelou à paz na Nicarágua.
1. A paixão de evangelizar, tema escolhido pelo Papa para as catequeses de quarta-feira, implica um estilo de testemunho nada óbvio para os tempos de hoje, pois Jesus envia os discípulos a anunciar no mundo, “como cordeiros no meio de lobos”. Francisco recordou, na audiência-geral de quarta-feira, 15 de fevereiro, que, “para Jesus, não há ir sem estar e não há estar sem ir”. Ou seja, “só quem estiver com Ele poderá anunciar o Evangelho de Jesus”. Mas também “sem anúncio, sem serviço, sem missão, a relação com Ele não cresce”.
“Encontrar Jesus, conhecê-lo, descobrir que somos amados e salvos, é um dom tão grande que não podemos guardá-lo para nós, sentimos a necessidade de o irradiar; mas com o mesmo estilo, na gratuidade”, disse, ainda, acrescentando um alerta: “É mais fácil exortar as pessoas a amá-lo do que a deixar-se amar por Ele, porque queremos estar sempre no centro, ser protagonistas, estamos mais propensos a deixar-nos plasmar, a falar mais do que a ouvir”. O único protagonista é Deus e quem anuncia deve dar-lhe primazia e dar aos outros “a oportunidade de O acolher, de sentir que Ele está próximo”. E acrescenta que Deus “não nos pede para saber enfrentar os lobos, isto é, para saber argumentar, reagir e nos defendermos”.
Francisco considera um erro pensar que se nos tornarmos relevantes e com prestígio, o mundo ouvir-nos-á, respeitar-nos-á. Mas é o contrário, porque Cristo disse “envio-vos como ovelhas, como cordeiros”. O que Ele pede é “que sejamos assim, mansos e inocentes, dispostos ao sacrifício; com efeito, é o que o cordeiro representa: mansidão, inocência, dedicação. E Ele, o Pastor, reconhecerá os seus cordeiros e protegê-los-á dos lobos. Ao contrário, os cordeiros disfarçados de lobos são desmascarados e dilacerados”.
No final da audiência-geral, o Santo Padre renovou o pedido para não se esquecer “a querida e martirizada população da Ucrânia, rezando para que os seus cruéis sofrimentos possam acabar rapidamente”.
2. O Vaticano anunciou o envio de ajuda humanitária, através do Dicastério para o Serviço da Caridade, às vítimas do sismo de 6 de fevereiro, na Turquia e na Síria, que provocou mais de 41 mil mortos, além de dezenas de milhares de feridos e desalojados. Do Vaticano seguiram para os territórios atingidos 10 mil camisolas térmicas, que têm como destino o campo de refugiados de Kilis, na Turquia, a 60 quilómetros da cidade síria de Alepo. O Papa enviou ainda ajuda económica à Nunciatura Apostólica na Síria, que vai ajudar a população já afetada por anos de guerra.
3. O Papa Francisco nomeou o cardeal D. António Marto para membro do Dicastério para a Causa dos Santos. O Bispo emérito de Leiria-Fátima passa a integrar o conjunto de cerca de 20 cardeais e bispos chamados a avaliar e votar os complexos processos de beatificação e canonização, antes de serem apresentados ao Papa. D. António Marto junta-se assim ao cardeal D. José Tolentino de Mendonça que já integrava este coletivo.
4. O Papa encontrou-se com uma representação da Federação Italiana de Doenças Raras (UNIAMO), deixando de lado o seu discurso devido à aproximação, “com toda naturalidade”, das crianças. “O verdadeiro sermão foram eles que nos deram, com as suas limitações, com as suas doenças, mas fizeram-nos entender que há sempre uma possibilidade de crescer e andar em frente”, observou Francisco, que, segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, “acolheu algumas crianças a seu lado, entregando-lhes o rosário”.
“Às vezes, preparamos as coisas para dizer, todas as ideias… Mas a realidade fala melhor que as ideias. Fizeram hoje o discurso real, aproximando-se com toda naturalidade, dando o melhor de si, um sorriso, uma curiosidade, estendendo a mão para pegar o terço”, desenvolveu o Papa, que destacou o serviço da UNIAMO. Recorde-se que no último dia do mês de fevereiro é assinalado o Dia Mundial das Doenças Raras (Rare Disease Day).
5. “As notícias que chegam da Nicarágua magoaram-me muito”, disse o Papa Francisco, na manhã de Domingo, 12 de fevereiro, no final do Angelus. “Não posso deixar de recordar aqui, com preocupação, o Bispo de Matagalpa, D. Rolando Alvarez, a quem amo tanto, condenado a 26 anos de prisão, e também as pessoas que foram deportadas para os Estados Unidos”, referiu. Nos últimos anos, a instabilidade política na Nicarágua e a crescente limitação imposta à ação da Igreja Católica neste país têm causado sucessivas manifestações de protesto a nível nacional e internacional. Recentemente foram expulsos do país mais de 220 opositores do regime ditatorial de Daniel Ortega. Neste contexto, Ortega declarou a Igreja “uma tirania perfeita”, expulsando também o Núncio Apostólico, representante da Santa Sé, em Manágua. O Papa lançou um apelo veemente, pedindo orações por esta nação, sobretudo para que o coração dos responsáveis políticos e de todos os cidadãos possa abrir-se “à busca sincera da paz que nasce da verdade, da justiça, da liberdade e do amor”.
No final do Angelus, Francisco também não esqueceu as vítimas do terramoto na Turquia e na Síria, para quem pediu orações e apoio concreto às populações afetadas: “Continuamos a estar próximos, com a oração e com o apoio concreto às populações afetadas pelo terramoto na Síria e na Turquia. Rezemos por eles, não os esqueçamos. Rezemos e pensemos que coisa podemos fazer por eles”.
O Santo Padre também fez questão de relembrar “a martirizada Ucrânia”. “Que o Senhor abra vias de paz e dê aos responsáveis a coragem de as percorrer”, pediu.
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