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“Quaresma é tempo de graça se nos pusermos à escuta d’Ele”
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O Papa Francisco publicou a Mensagem para a Quaresma, com o título ‘Ascese quaresmal, itinerário sinodal’. Na semana em que assinalou “o triste aniversário” da guerra na Ucrânia, o Papa encontrou-se com artistas e pediu para não esquecer “quem sofre”. Siza Vieira vai estar na Bienal de Arquitetura de Veneza a convite do Vaticano.

 

1. O Papa Francisco associa a caminhada sinodal à Mensagem para a Quaresma deste ano. Com o título ‘Ascese quaresmal, itinerário sinodal’, o texto, divulgado dia 17 de fevereiro pela Santa Sé, convida os fiéis a um caminho de conversão e ascese espiritual para “superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho da cruz”. Tal com Jesus se retirou com três discípulos para o Monte Tabor, assim também a Igreja peregrina no tempo convida a fazer o mesmo, ou seja, pôr-se a caminho, em subida, “que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha”. Francisco explica que “estes requisitos são importantes também para o caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar”. Ou seja, tanto no itinerário litúrgico da Quaresma como no do Sínodo, “a Igreja não faz outra coisa senão entrar cada vez mais profunda e plenamente no mistério de Cristo Salvador”.

O Papa compara este percurso a uma “esforçada excursão de montanha” que, ao subir, é preciso manter os olhos bem fixos na vereda; mas o panorama que se deslumbra no final surpreende e compensa pela sua maravilha. “Com frequência também o processo sinodal se apresenta árduo e por vezes podemos até desanimar; mas aquilo que nos espera no final é algo, sem dúvida, maravilhoso e surpreendente, que nos ajudará a compreender melhor a vontade de Deus e a nossa missão ao serviço do seu Reino”, escreve Francisco.

Neste percurso, a caminho da transfiguração, o Santo Padre propõe duas veredas “necessárias para subir juntamente com Jesus e chegar com Ele à meta”. A primeira vereda é Jesus. “A Quaresma é tempo de graça na medida em que nos pusermos à escuta d’Ele, que nos fala. E como nos fala Ele? Antes de mais nada na Palavra de Deus, que a Igreja nos oferece na Liturgia: não a deixemos cair em saco roto; se não podermos participar sempre na Missa, ao menos leiamos as Leituras bíblicas de cada dia valendo-nos até da ajuda da internet” E acrescenta que, “além da Sagrada Escritura, o Senhor fala-nos nos irmãos, sobretudo nos rostos e vicissitudes daqueles que precisam de ajuda”. E esta escuta recíproca “é o objetivo principal, mas permanece sempre indispensável no método e estilo duma Igreja sinodal”.

A segunda indicação do Papa para esta Quaresma é “não se refugiar numa religiosidade feita de acontecimentos extraordinários, de sugestivas experiências, levados pelo medo de encarar a realidade com as suas fadigas diárias, as suas durezas e contradições”.

 

2. O Papa Francisco assinalou, a 22 de fevereiro, “o triste aniversário” do início da invasão da Ucrânia pela Rússia. “Um ano de uma guerra absurda e cruel”, sintetizou o Papa, no final da audiência-geral de quarta-feira. “O balanço dos mortos, feridos, refugiados e deslocados, destruições, danos económicos e sociais fala por si. Poderá o Senhor perdoar tantos crimes e tanta violência?”, questionou Francisco, retoricamente, deixando a resposta: “Ele é Deus da paz”. “Permaneçamos próximos do martirizado povo ucraniano que continua a sofrer”, sublinhou, apelando “aos que têm autoridade sobre as nações, para que se empenhem concretamente pelo fim do conflito, para alcançar o cessar-fogo e desencadear negociações de paz”.

Prosseguindo as catequeses sobre a paixão de evangelizar, o Papa alertou para os riscos de se manipular o Evangelho e condenou certas divisões na Igreja, que desviam do essencial. “Por exemplo, quando uns dizem que são conservadores e outros se dizem progressistas… onde está o Espírito Santo?”, interroga-se Francisco. “Prestem atenção, que o Evangelho não é uma ideia, não é uma ideologia. O Evangelho é um anúncio que toca o coração e faz-te mudar o coração. Mas se tu te refugias numa ideia, numa ideologia, seja ela de direita, de esquerda ou do centro, estás a fazer do Evangelho um partido político, uma ideologia, um clube com pessoas”, alertou, sublinhando que “é o Espírito Santo quem ilumina o caminho da Igreja”, por isso, “deve ser invocado frequentemente”.

 

3. A capacidade de espanto remete para as maravilhas de Deus, mas “num mundo cada vez mais artificial, onde o homem se rodeou das obras das suas próprias mãos, o grande risco é perder o espanto”, lamentou esta segunda-feira, dia 20, o Papa, num discurso aos membros da Fundação Entidade do Espetáculo. Na Sala Clementina, Francisco sublinhou a importância “da arte como espanto, antes de mais para quem a faz, para o artista”, e recordou a obra-prima de Tarkovski, ‘Andrej Rublev’, em que o artista permanece em silêncio devido ao trauma da guerra. “Faz pensar no que está a acontecer, também hoje, no mundo”, lembrou.

 

4. O Papa Francisco deixou mais um apelo de ajuda às vítimas do terramoto na Síria e na Turquia, sem esquecer “os dramas quotidianos do caro povo ucraniano e de tantos povos que sofrem por causa da guerra, devido à pobreza, à falta de liberdade e das devastações ambientais, tantos povos”. Neste sentido, no Angelus de dia 19 de fevereiro, o Santo Padre mostrou-se “próximo da população neozelandesa, atingida nos últimos dias por um ciclone devastador”. Dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Papa apelou: “Irmãos e irmãs, não esqueçamos quem sofre. E façamos de modo a que a nossa caridade seja atenta e concreta”.

 

5. O Dicastério para a Cultura e Educação, presidido pelo cardeal Tolentino, anunciou que a Santa Sé vai regressar à Bienal de Arquitetura de Veneza, com uma exposição no Mosteiro beneditino e respetivos jardins daquela abadia. O arquiteto Álvaro Siza Vieira, “figura de indiscutível fama no panorama artístico e arquitetónico”, foi convidado a colaborar, juntamente com outros arquitetos italianos.

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