O padre Henrique Noronha Galvão é amigo pessoal de Ratzinger – hoje, Bento XVI – há 40 anos, altura em que foi seu aluno. O que nos pode contar acerca do actual Papa?
A faceta mais conhecida de Bento XVI é a de ele ser um grande intelectual, um grande professor que dava aulas interessantíssimas, que atraíam muita gente. Acrescentava também que ele por vezes chegava um pouco antes da hora da aula e gostava de ficar connosco a conversar e a fazer algumas observações num tom mais jocoso acerca ‘disto’ ou ‘daquilo’. Ratzinger detestava desporto, mas era muito guloso e tinha um apurado sentido de humor.
Na Alemanha há uma grande distinção entre aqueles que vivem no Norte – que são mais frios, mais duros… – e aqueles que habitam na Baviera. Sendo ele um bávaro (ou seja, do Sul da Alemanha), cultiva uma certa alegria de viver e é por isso que Bento XVI, por detrás da sua timidez, esconde uma pessoa alegre, divertida e bem-disposta.
No Verão passado, num dos encontros que Joseph Ratzinger organiza para os seus antigos alunos [começou a fazê-los enquanto professor, manteve-os durante o episcopado e agora enquanto Papa], Bento XVI disse-lhe que vinha a Portugal este ano. Foi, por isso, o primeiro português a saber da visita do Santo Padre a Portugal. O que sentiu nesse momento?
Quando eu o cumprimentei neste último Verão, em 2009, a primeira coisa que Bento XVI me disse foi: ‘Olha, vou a Portugal para o ano!’ e disse-o com muita alegria e muita satisfação. No final do retiro, quando me despedi, disse-me a mesma coisa… É claro que para mim foi uma alegria enorme saber que o Papa vinha cá. E quando cheguei a Portugal percebi que ninguém ainda sabia e fiquei um bocado desnorteado porque a visita ainda estava em segredo diplomático e eu a contar tudo… Mas encheu-me de grande satisfação e expectativa!
Ratzinger passou de professor para bispo e foi eleito Papa quando já tinha pedido a renúncia e pensava retirar-se para a Baviera para estudar e dedicar-se à música. Como acompanhou o percurso do agora Papa e quais as maiores diferenças entre Joseph Ratzinger professor e Joseph Ratzinger Papa Bento XVI?
Na proximidade mantém-se a relação… há uma grande continuidade, como aliás se vê nos nossos retiros de Verão. Quando nos voltamos a encontrar, é uma enorme satisfação para ele voltar ao seu antigo papel de professor, orientando as discussões e introduzindo as pessoas que vão falar. No fundo, o contacto pessoal continua como antigamente. É claro que, tendo em conta esta responsabilidade actual que tem, primeiro como prefeito para a Doutrina da Fé e agora como Papa, há atitudes que ele toma e que tem de pensar que são representativas da sua pessoa, não só como professor, mas também como responsável máximo da Igreja e é evidente que muitas das suas afirmações e aparições passam por esse crivo da responsabilidade que Ratzinger agora tem.
Estamos na antecâmara da vinda do Santo Padre a Portugal. O que espera desta visita?
Espero do Papa aquilo que ele sempre fez: reconduzir-nos ao Evangelho, à mensagem de Jesus Cristo, levar-nos a assumir de uma maneira mais esclarecida a nossa fé, chamar-nos à atenção para a responsabilidade que temos em irmos introduzindo, ou deixando que Cristo introduza por meio de nós, o Reino de Deus!
Na sua visita a Portugal, julgo que a mensagem de Bento XVI só poderá ser esta, porque é como representante de Cristo que ele vem até nós!
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