Domingo |
À procura da Palavra
A sede ao meio-dia
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DOMINGO III QUARESMA

“Jesus, cansado da caminhada, sentou-se à beira do poço.

Era por volta do meio-dia.”

Jo 4, 6


O meio-dia é a hora do sol mais alto, a do calor mais forte, o momento mais luminoso. É a hora da crucifixão de Jesus. E como no encontro com a samaritana à beira do poço de Jacob, é a hora em que a sede aperta. O pedido feito à mulher, “Dá-me de beber” liga-se ao que diz na cruz “Tenho sede”! Na hora mais quente e mais luminosa do dia, Jesus-Deus humilde e sofredor “tem sede”. Sede de quê? Sede de quem?

Deus tem sempre sede de nós. Sede de que vivamos a verdade que a luz revela, por mais dolorosa e horrível que seja. A verdade de assumirmos o mal que fizemos ou com o qual pactuámos, o fim da indiferença com que crucificámos inocentes ou fingimos não os ver, a coragem de tudo fazer para curar feridos, restaurar a dignidade, responsabilizar criminosos. Acredito que Jesus continua a pedir ao Pai o perdão para todos; mas, desde a hora da cruz, “eles… e nós…, não sabemos o que fazemos”?

O diálogo junto ao poço é o encontro da sede de Deus com a nossa sede. A samaritana revela as suas sedes: de humanização (ultrapassando a discriminação religiosa e cultural), da água para não ter “de vir buscá-la”, da verdade de uma dolorosa história (cinco relações falhadas de “amor”), da busca religiosa (onde se deve adorar), de saber quem é aquele homem! Jesus revela-se sedento de humanizar, de dar a água que é “nascente que jorra para a vida eterna”, de conhecer sem julgar, de mostrar que o Pai se adora em espírito e em verdade, de se dar a conhecer. Nenhuma doutrina, nem novos mandamentos, nem um envio solene deu Jesus à samaritana: deu-se Ele mesmo simplesmente, com o total amor à verdade, e foi o suficiente para ela O anunciar aos da sua terra.

Na samaritana revejo a Igreja que também eu sou. E tantos sentem o mesmo. E como gostaríamos de ser. Humildemente sedentos de uma vida e uma verdade mais plena. Com sede de O encontrar em todos, e em especial nos mais marginados e sofredores. A receber e partilhar a água da verdade que é fonte de amor, a libertar e a comprometer em libertar quem sofre de qualquer mal. A falar com a vida sem esconder as feridas que podem começar a cicatrizar quando se assumem. E a convidar ao encontro com O “homem que me disse tudo o que eu fiz”! Igreja, que também sou eu, qual é a nossa sede? Neste “meio dia”, luminoso e ardente, de coração aberto e mãos estendidas a todas as vítimas de abusadores sexuais e de poderes que matam, que água nos pede Jesus em todos eles?

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