Lisboa |
Cristãos adultos vão ser batizados na Páscoa e no Tempo Pascal
O início de uma nova caminhada
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Vai ser uma Páscoa “ainda mais especial” do que as anteriores. Andreia Santos, de 26 anos, vai ser batizada na Vigília Pascal e sente uma “grande alegria”. Pedro Junqueira de Carvalho, com 51 anos, vai também receber os sacramentos da iniciação cristã no Tempo Pascal. “O importante, depois do batismo, é estarmos sempre ligados ao Altíssimo”, diz.

  

Andreia Santos, de 26 anos, vai ser batizada neste Sábado Santo, durante a Vigília Pascal, na igreja de Algueirão. “Está muito próximo, e parece que está tudo muito em cima, mas as expectativas são boas. Esta é uma altura muito especial e tão importante para os católicos, a Páscoa, e o que eu espero é que seja o início de uma outra caminhada, porque isto foi só uma parte do percurso. Espero que seja um dia mais especial ainda do que foram as outras Páscoas”, deseja esta nova cristã, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

A mãe de Andreia é católica, o pai é Testemunha de Jeová. Talvez por isso, esta jovem e o irmão nunca foram batizados em pequenos. “Para não haver conflitos”, diz. “A minha família, metade, a parte do pai, são Testemunhas de Jeová, e a parte da mãe, são católicos. Durante muito tempo, olhei para as duas vertentes, mas não me identifiquei com a outra religião, porque havia coisas que não podia concordar – aliás, nas Testemunhas de Jeová eles batizam em adulto, portanto teria sempre de esperar. Quando me juntei com o Nuno, o meu companheiro que foi escuteiro e sempre fez vida católica, foi quando percebi que me identificava mais com a religião católica”, explica esta jovem, que irá “casar em breve”. “Se era para estarmos os dois alinhados, tínhamos que estar na mesma direção. Foi aí que decidi avançar para o catecumenado, mesmo sem saber que, nos adultos, se fazia desta forma”, acrescenta, referindo-se aos sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia.

 

Enriquecedor

Andreia começou a caminhada há dois anos, em janeiro 2021. “Sempre com a linha de pensamento: ‘Não me identifiquei com a outra religião, acredito em Deus, talvez nesta me vá identificar mais’. Por isso, quis tentar e saber mais”, frisa, lembrando que começou a namorar com o Nuno “há cinco anos, quase seis”, e que isso “foi importante neste processo”, mas não só. “Houve coisas que foram acontecendo na vida, algumas dificuldades, e eu achei sempre que o caminho era pela Igreja Católica. Identificava-me mais e achava que, aqui, tinha mais apoio. Foi a vida que me levou mais para a Igreja Católica”, considera Andreia, referindo que os pais reagiram bem. “A minha mãe incentivou-me; o meu pai, a quem só contei em janeiro passado, também não reagiu mal e perguntou-me apenas se eu tinha a certeza do caminho”, revela.

A formação decorreu então todas as sextas-feiras, às 21h30, durante uma hora e meia, e exigiu “muita dedicação”. “Acabou por ser muito rica, porque nós não éramos todos da mesma idade, e a forma como os catequistas sempre expuseram a ‘matéria’ relativa à Igreja, adequando às diversas fases da vida de cada um, foi verdadeiramente enriquecedor” garante.

Para o seu batismo, nesta Vigília Pascal, Andreia convidou “alguns elementos da família”. “Nem todos vão, em especial os que são Testemunhas de Jeová, exceto o meu pai, que diz que vai por mim. E convidei o Nuno, os padrinhos – escolhidos pelos meus pais quando eu era pequena e que mantive – e também dois ou três amigos mais próximos”, confidencia. Para o futuro, Andreia Santos diz ser “fácil” para si “encontrar alegria nas Eucaristias e em tudo aquilo que a Igreja presta de ajuda aos outros”. “É nessa parte que me revejo mais, o cuidar. Talvez por ser enfermeira”, explica.

 

Muito entusiasmo

Pedro Junqueira de Carvalho é outro dos catecúmenos que vai receber os sacramentos da iniciação cristã no Tempo Pascal e não esconde a sua alegria, em testemunho ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Vou ser batizado no dia 29 de abril, em Alverca. As expectativas são altas. Afinal de contas, só se batiza uma vez! É algo novo que vai acontecer. Ainda por cima sou um pai que já batizou cinco filhos e eles estão sempre a perguntar: ‘Pai, como é que estás? Desta vez, como vai ser?’. Eu digo que está tudo bem, vou preparar a roupa branca e vou receber o batismo com o testemunho de todos: mulher, filhos e amigos. Estamos todos muito entusiasmados. Será uma experiência única, ainda por cima no tempo da Páscoa”, conta.

Os filhos de Pedro têm 30, 28, 23, 18 e 8 anos, e são todos batizados. Agora com 51 anos, chegou a sua vez de ser batizado. Um desejo que trouxe de Angola para Portugal, onde chegou há 22 anos. “Infelizmente, devido a algumas situações, como a guerra e a tropa em Angola, nunca consegui fazer os sacramentos. Nós somos seis irmãos – eu sou o segundo mais velho – e sou único que não sou, ainda, batizado. Nunca foi possível”, lamenta. Apesar disso, sempre teve uma vida cristã com a mulher, primeiro em Vialonga – “com a participação na Missa ao Domingo e em outras atividades religiosas” – e, agora, em Alverca. “Na Missa, o padre Marcelo [Boita, pároco de Alverca do Ribatejo] falou que estavam abertas as inscrições para o batismo de adultos. Muito rapidamente, a minha mulher, Serafina, e eu olhámos um para o outro. Ela sabe que eu não era batizado e eu também tinha essa consciência. Criou-se ali uma química, os olhos falaram e inscrevi-me”, conta, satisfeito, este leigo, que é operador de pórticos e trabalha nas portagens.

 

Dar sequência

Pedro iniciou a formação no catecumenado em fevereiro do ano passado. “Era todos os sábados, das 17h00 às 18h30. Temos um livro, onde vamos aprendendo o que precisamos de saber sobre a religião católica. Porque o importante, depois do batismo, é mesmo darmos sequência e estarmos sempre ligados ao Altíssimo”, resume este catecúmeno, manifestando a “alegria” que sente por este passo na sua vida cristã. “Quando estamos alegres, não sentimos determinadas dificuldades na vida, porque temos esta alegria que nos é dada pelo Senhor. É uma alegria dada pelo Senhor em que nós vemos as coisas com muita naturalidade, com fé. Sabemos que Deus está ao nosso lado, sabemos que Deus dá-nos a força para tudo, para entendermos os outros, para aconselharmos os outros, para levar a Palavra d’Ele ali, onde é necessário”, garante.

Voltando ao dia do seu batismo, no próximo dia 29 de abril, Pedro Junqueira de Carvalho não tem dúvidas de que “vai ser uma grande festa”. “É uma experiência única! Tenho amigos e parentes que ainda não são batizados, mas que são da Igreja Católica, e eu vou levar esse testemunho e dizer-lhes que é possível, que não tem de ser uma pessoa com 5, 6, 7 ou 8 anos a ser batizada. Com 51 anos pode-se ser batizado! Quero incentivar aqueles mais próximos de mim a seguirem o mesmo caminho”, deseja este (futuro) novo cristão.


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Integração comunitária dos batizados

Andreia Santos e Pedro Junqueira de Carvalho são dois dos mais de 70 catecúmenos do Patriarcado de Lisboa que vão receber os sacramentos da iniciação cristã na Vigília Pascal e durante o Tempo Pascal (os 50 dias desde a Páscoa até ao Pentecostes). A cada um, o diretor do Setor da Catequese de Lisboa deixa, através do Jornal VOZ DA VERDADE, uma palavra de alegria. “A mensagem que quero deixar é que é sempre uma bênção para a Igreja acolher aqueles que se preparam para o batismo! Sobretudo, ver a alegria de quem decide ser cristão no contexto atual”, refere o padre Tiago Neto.

Este responsável aponta que o catecumenado é uma realidade “estável” no Patriarcado. “Tem sido uma realidade estável em termos daquilo que é a sua densidade em termos de acesso ao batismo nos adultos. Temos uma média regular, em termos daqueles que são batizados, e com características muito específicas que tem a ver com portugueses jovens, mas também com pessoas vindas de outros contextos geográficos, nomeadamente de África. Grande percentagem de pessoas que são batizadas, são pessoas que provêm da imigração. Isso é um fator relevante do ponto de vista daquilo que é o acesso dos adultos ao mundo do batismo, aos sacramentos e à vida cristã”, explica o sacerdote, revelando que “a média dos últimos anos, em termos daqueles que, oficialmente, fazem o Rito de Eleição, ronda os cem catecúmenos”.

Segundo o padre Tiago Neto, “um dos défices da Igreja”, em termos da iniciação cristã dos adultos, “é a incorporação da pessoa na vida comunitária e na vida cristã”. “Muitas vezes acontece, no caso dos adultos, aquilo que também acontece noutros contextos, em que a pessoa se prepara para o sacramento, mas depois a vivência da vida cristã quase que termina, em termos da sua vinculação comunitária, no momento do batismo”, observa. Neste sentido, após o batismo destes novos cristãos, o desafio “é o da integração das pessoas na vida comunitária”. “Tudo aquilo que for a dinamização de processos mistagógicos, de processos de continuidade formativa, é muito importante para a integração destas pessoas na Igreja”, lembra o responsável diocesano da Catequese.

 

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Orientações diocesanas para o catecumenado?

O diretor do Setor da Catequese revelou, ao Jornal VOZ DA VERDADE, que, “durante os próximos anos”, devem ser apresentadas “orientações diocesanas” para o catecumenado. O padre Tiago Neto lembra que, “atualmente”, o trabalho de preparação para o batismo, em termos daquilo que é a orgânica diocesana do catecumenado, “está por fazer”. “Está entregue, neste momento, à criatividade, disponibilidade e possibilidade de cada paróquia. No fundo, cada paróquia organiza o percurso dos adultos. Em termos diocesanos, não existe propriamente uma organização estável sobre este assunto”, lamenta o sacerdote, revelando que o Patriarcado de Lisboa está, “este ano”, a “finalizar um percurso formativo com alguns catequistas de adultos”. “Temos a intenção, nos próximos anos, de dar orientações que possam estabilizar aquilo que são os ritmos, pelo menos os centrais, do catecumenado dos adultos – mesmo sabendo que cada percurso é um percurso e as propostas têm de ser muito adaptadas não só a cada realidade eclesial, como a cada pessoa”, frisa o padre Tiago Neto, responsável pela Catequese na diocese.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Paróquia de Santa Maria Maior e DR
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