Lisboa |
Agrupamentos de Lisboa celebraram o centenário do CNE, em Braga
“Tomar noção da dimensão do escutismo”
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Perto de três mil escuteiros de Lisboa, de 77 agrupamentos, participaram na festa do centenário do CNE - Corpo Nacional de Escutas. “Foi a maior concentração escutista de sempre num espaço pequeno e só por isso já mereceu a pena ter ido a Braga”, refere o chefe do Agrupamento 317 Alverca. A secretária regional pedagógica explica a importância de momentos com “esta dimensão” na caminhada escutista das crianças.

 

Fundado em maio de 1923, o Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português (CNE) é a maior associação de jovens do país, com cerca de 70 mil associados, e completou 100 anos a 27 de maio, numa festa em Braga, com a presença de mais de 23 mil escutas. De Alverca, o Agrupamento 317 levou 11 elementos, entre os quais um lobito (elemento da 1.ª secção). João Teixeira, de 37 anos, é o chefe do agrupamento e acompanhou o grupo. “Os dias vividos em Braga foram intensos e cansativos, depois de uma semana de trabalho. Desde logo, a viagem, que não é propriamente pequena. Fomos de carro, saímos na sexta-feira, depois das 18 horas, jantámos a meio da viagem e chegámos a Braga já depois das 23h30 da noite. Fizemos o pré-check in e depois foi dormir, porque no dia seguinte foi entrar ao serviço quem tinha que entrar ao serviço e foi jogar quem tinha que jogar. Foi intenso, pela diversidade de tarefas, mas foram obviamente dias muito felizes”, resume, ao Jornal VOZ DA VERDADE, este dirigente, sublinhando que “as condições meteorológicas contribuíram bastante para criar alguma animação extra”. “É sempre ótimo mover 23 mil pessoas quando chove!”, graceja.

Escuteiro desde os 5 anos e dirigente desde 2015, João salienta que esta foi “a maior concentração escutista num espaço pequeno e num curto espaço de tempo”. “Foi a maior concentração escutista de sempre e só por isso já mereceu a pena ter ido a Braga”, garante. “Estamos habituados a coisas realizadas em espaços muito maiores, como no Acampamento Nacional, em que os espaço não tem nada a ver e as pessoas estão muito mais separadas”, exemplifica.

Sobre as atividades, este dirigente destaca a dimensão de “celebrar”. “Por vezes, nós celebramos pouco. Temos que dar uma componente pedagógica, técnica, mas ao mesmo tempo temos que celebrar. Em Braga, senti verdadeiramente que estávamos todos no mesmo mindset, desde a celebração eucarística até à festa”, conta, não esquecendo a presença “nas ruas de Braga”. “Não havia uma rua que nós não víssemos meia dúzia de lenços! Enchemos Braga, enchemos a cidade onde nasceu o escutismo e essa é a principal memória que eles levam”, destaca.

 

Estar “ao serviço”

Susana Santareno é, desde há dois anos, a secretária regional pedagógica da Junta Regional de Lisboa do CNE e esteve também em Braga, na comemoração do centenário do escutismo em Portugal. Trabalha diariamente na promoção de atividades e ofertas educativas para os escuteiros e considera que o principal da festa do centenário foi “as crianças tomarem noção da dimensão do escutismo”. “Quando vivemos o escutismo a nível local, nas nossas patrulhas, nos bandos, nas nossas unidades, no agrupamento, vivemos um pouco fechados para nós mesmos. Em Braga, passámos para uma escala dos milhares, o que deu a noção de que, no fundo, somos muitos! Estamos todos unidos com um princípio básico, no ideal de BP [Baden-Powell, fundador do escutismo], que juntos podemos viver o movimento de formas distintas, mas sempre com a mesma vertente que é deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrarmos. Somos o maior movimento juvenil a nível nacional, que quando se junta é um mar de lenços, de cores diferentes, que nos deixam uma alegria imensa e mostra como vale a pena continuarmos a estar juntos”, garante Susana, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Mesmo quando “nem tudo corre sempre bem”, como nestes grandes eventos que juntam milhares de pessoas, “é importante eles também lidarem com as dificuldades”, observa.

Esta dirigente de 45 anos, que é escuteira há quase 40, desde 1984, salienta que, em Braga, esteve “no backoffice”, no apoio ao ‘Fórum 100: Tu és o futuro do CNE!’, uma dinâmica de auscultação aos escuteiros. “Foi uma dinâmica pedagógica lançada pela Junta Central, no início do ano escutista, com o objetivo era irem trabalhando, dos agrupamentos até aos núcleos, e depois a nível nacional, quatro grandes áreas temáticas: Educação Não Formal, Sustentabilidade, Comunidade ou outro tema à escolha. A ideia era tentar perceber, junto de todos os escuteiros, incluindo dirigentes, o que previam para o futuro do movimento. Tentar recolher algumas ideias, o que devia ser feito, qual a atenção que devia ser dada”, explica.

Susana Santareno, que é também chefe do Agrupamento 1369 Casal de Cambra do CNE, considera que “foi especial” poder celebrar o centenário da chegada do escutismo a Portugal, mas que “foi muito duro”, em particular não ter estado com o ‘seu’ agrupamento. “Seria, de certeza, uma experiência muito feliz”, frisa.  “Eu estive ao serviço. É a isso que sou chamada: a estar ao serviço dos escuteiros e permitir que as crianças e jovens tivessem momentos únicos e especiais. É isso que fica. Estarmos ao serviço é a maior riqueza”, garante a secretária regional pedagógica, ao fazer o balanço da festa do centenário do CNE.

 

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Participação da Região de Lisboa no centenário do CNE

- 77 agrupamentos presentes (com pelo menos uma secção)

- 551 lobitos

- 789 exploradores/moços

- 607 pioneiros/marinheiros

- 309 caminheiros/companheiros

- 519 Animadores

(2775 em contingente)

- 114 staff

 

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“Agora é olhar para o futuro”

Braga recebeu a festa do centenário do Corpo Nacional de Escutas, entre os dias 27 e 28 de maio, com a presença de cerca de 23 mil escuteiros de todas as 20 regiões do país. No primeiro dia, a cerimónia protocolar comemorativa contou com o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que reconheceu a “missão muito virtuosa” do CNE de “promover a educação não formal e o espírito de apoio à comunidade”. Em paralelo, os milhares de escuteiros percorreram a cidade bracarense, realizaram vários jogos associados ao imaginário da festa e viveram o ‘Fórum 100’. A tarde foi dedicada à cerimónia de homenagem a D. Manuel Vieira de Matos (1861-1932), fundador do Escutismo Católico Português, tendo sido depositada uma coroa de flores junto do túmulo do antigo Arcebispo de Braga. Foi ainda inaugurado o monumento do centenário, do escultor Paulo Neves, construído a partir da polipedestra, a base de trabalho da insígnia do centenário. “A representação de cada tronco tem uma ligação ao escutismo: Fogueira, Flor de Lis, Tenda, Árvore, e um símbolo que representa a Comunidade. A espiral à volta dos troncos representa a corda, sinal de continuidade e da construção de um novo centenário”, explica uma nota.

A noite de comemoração do centenário do escutismo reuniu os escuteiros no parque de estacionamento do Altice Braga Fórum e iniciou com a Eucaristia, presidida por D. José Cordeiro, Arcebispo Primaz de Braga. “Aqui e agora a celebrar o centenário do CNE, somos chamados a dar forma ao sonho de Jesus Cristo”, referiu, na homilia. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que não pôde estar presente, enviou uma mensagem frisando “a gratidão ilimitada de todos os portugueses, do Estado português, pela obra feita nestes 100 anos”. “Agora é olhar para o futuro”, salientou.

A Banda do Centenário, que reuniu escuteiros de vários agrupamentos do país, foi a primeira a atuar no evento que foi considerado o maior fogo conselho da história do CNE. Depois, o chefe nacional, Ivo Faria, juntou no palco 100 lobitos, exploradores, pioneiros, caminheiros e dirigentes, das 20 regiões do país, um por cada ano de vida do CNE, para renovar a promessa de todos os escuteiros na Festa do Centenário. A noite continuou com um espetáculo dos Time Machine, e foi ainda possível assistir ao Escuteiraoke. “A Festa do Centenário foram horas de animação que nenhum dos escuteiros presentes poderá esquecer! Uma festa que se traduziu em muita celebração, mas também em memórias, sorrisos e a entrada às 00h00 do dia 28 de maio, no Segundo Centenário de existência da maior associação juvenil de Portugal”, assinala, em comunicado, o CNE.

 

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Selos ‘100 anos a Construir o Amanhã’

Os CTT - Correios de Portugal vão lançar uma emissão exclusiva de selos para celebrar o centenário do CNE, sob o lema ‘100 anos a Construir o Amanhã’. “A emissão é composta por três selos com uma tiragem de 75 000 exemplares e com valores faciais entre os 0,61¤ e 1,15¤”, informa um comunicado, revelando ainda que “as obliterações de primeiro dia podem ser feitas nas Lojas CTT dos Restauradores, em Lisboa, Palácio dos Correios, no Porto, Zarco, no Funchal, Antero de Quental, em Ponta Delgada, e Avenida, em Braga”.

 

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Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o centenário do CNE

 

“A nossa primeira palavra vai para os escuteiros – razão de ser do Escutismo –, exprimindo o nosso desejo de que no CNE possam crescer harmoniosa e integralmente segundo a vontade de Deus, encontrando a alegria que resulta do serviço e descobrindo progressivamente as potencialidades do seu contributo para a Igreja e para o mundo.”

 

“A estreita e íntima ligação entre as catequeses paroquiais e o Escutismo foi-se consolidando em espírito de fecunda colaboração, cada qual mantendo a sua especificidade. Existindo uma dimensão evangelizadora no Escutismo Católico, a sua pedagogia escutista oferece um extraordinário potencial para a descoberta do sentido de Deus e da vivência em Cristo e na sua Igreja.”

 

“Ao completar 100 anos de existência do CNE, fazemos memória agradecida do seu passado e sonhamos com esperança o futuro. Desejamos que este centenário seja oportunidade para valorizar o sentido do compromisso da Promessa escutista, para que continue a ser profética na edificação da fraternidade humana e na construção da justiça e da paz.”

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por CNE e DR
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