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Cartão Vermelho ao tráfico de pessoas no Mundial!, por Maria Susana Mexia
A África do Sul, durante o Campeonato Mundial de Futebol, torna-se o “centro do mundo”, ali convergem jogadores, espectadores, turistas e investidores à procura de oportunidades para os seus negócios.

A celebração deste evento cria expectativas de postos de trabalho, mas algumas poderão esconder outro fenómeno e ser um meio sedutor para atrair mulheres, crianças e adolescentes ao mercado do “sexo pago”.

À semelhança do que aconteceu em 2006, na Alemanha, onde mais de 40000 mulheres foram importadas da Europa Central e de Leste para abastecer um gigantesco negócio ligado à prostituição, a terceira actividade criminosa do mundo, depois das drogas ilícitas e do tráfico de armas, poderá aumentar de forma assustadora no decorrer deste mundial.

Sendo a África do Sul um dos países com maior índice de criminalidade do mundo, sobretudo contra a mulher e uma das grandes internacionais do turismo sexual, agravado pelo facto das escolas estarem encerradas no decorrer do campeonato e das fronteiras deste país com os seus vizinhos serem demasiado porosas e permitirem que as pessoas saiam e entrem sem qualquer tipo de controlo, leva a prever que mais de 100000 mulheres poderão ser vítimas nesta altura de festa do desporto rei.

Os grandes eventos desportivos são um terreno fértil para o aumento de tráfico humano que comercializa seres humanos, reduzindo-os à maior escravidão de que há memória na história da humanidade e submetendo-os a todo o género de violência: física, psíquica e sexual.

Todos os países africanos estão alertados para este flagelo, nomeadamente Moçambique, cujo Governo, em parceria com a sociedade civil, lançou uma campanha nacional contra este crime a: “Basopa Moçambique”.

Uma Rede Internacional de Religiosas contra o tráfico de pessoas, a Talitha Kum, está a organizar uma campanha preventiva a nível mundial destinada às potenciais vítimas, a qual inclui acções de sensibilização em escolas, paróquias e grupos de jovens, programas de rádio e jornais, bem como um número de telefone nacional para denúncias de situações deste tipo de exploração humana.

Os Bispos da África do Sul têm lutado, ao longo de muitos anos, para sensibilizar as entidades responsáveis lançando agora um forte apelo para que a “ alegre festa do futebol” não seja transformada em ocasião de sofrimento e tortura para muitos.

Alertam ainda para a necessidade de todos, católicos ou não, estarem atentos e activos, para que ninguém feche os olhos ao crescente desaparecimento de crianças, adolescentes e jovens que todos os dias aumenta, pois fingir que não se sabe ou tentar ignorar a violência que prolifera nesta área é também uma forma de pactuar com os criminosos.

Mais preocupante ainda, é o facto de não obstante a África do Sul ser um dos países que assinou o Protocolo das Nações Unidas sobre a prevenção, abolição e perseguição ao tráfico de seres humanos, em particular mulheres e crianças, o qual entrou em vigor em Dezembro de 2003 e de em 16 de Março de 2010 ter aprovado nova lei contra o mesmo tráfico, ele continuar a aumentar de forma tão terrivelmente organizada.