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As nossas responsabilidades (por António Bagão Félix)
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Se tivesse que escolher três palavras para resumir a essência do papel dos leigos na Igreja do século XXI, centrar-me-ia em caridade, autenticidade e exemplaridade.
Verdadeiramente todas elas se reduzem à primeira: caridade. É através da caridade que a pessoa humana se pode aproximar dos valores espirituais da bondade desinteressada, da verdade da vida e da beleza do espírito.
A caridade é, no plano da realização humana, o verdadeiro património comportamental do cristianismo. Como se diz no Novo Catecismo Católico a caridade é “o fruto do Espírito e a plenitude da lei”.
A caridade cristã é muito diferente da mera partilha do que se tem a mais. Não é uma técnica para dispensa do supérfluo, nem um acto de estigmatização de quem não tem. A caridade é a confluência do ter e do não ter através do ser. É amar sem contrapartida. É a plenitude do desinteresse pessoal.
A caridade é uma importante expressão relacional da fé e um caminho para a esperança. A caridade é ao mesmo tempo a inteligência do coração e o coração da inteligência. É mais do que solidariedade ou altruísmo. Exige, como tão bem disse Jean Guitton, “o esquecimento de nós mesmos”.
Autenticidade e exemplaridade no testemunho e no serviço significam procurarmos ser mais conformes ao Evangelho e expressarmos, sem tibieza, a nossa prática cristã. Na família, no trabalho, na escola, na sociedade e não apenas na Igreja.
Em particular, há dois pontos que sublinho como nucleares no papel dos leigos: a defesa da família e a da vida.
A família como primeira e imprescindível infra-estrutura afectiva, moral e social e a promoção dos valores da vida sem hesitações e em todas as circunstâncias.
A família é a primeira escola da vida e de trabalho. Hoje alvo de ofensas e ataques, por vezes directos, mas quase sempre insidiosos, temos que estar na linha da frente para a salvaguarda da família como o primeiro espaço de amor, partilha, redistribuição de saberes, solidariedade entre gerações.
Todos deveremos compreender e compartilhar caminhos de esperança para situações de vulnerabilidade familiar. Mas que tal não se faça à custa da desvalorização da família. A protecção de situações minoritárias não se pode tornar uma “ditadura” circunstancial e de moda contra a maioria das famílias.
É tempo de, como cristãos empenhados, levantarmos bem alto a nossa voz na promoção do património familiar: conjugalidade afectiva, maternidade e paternidade responsáveis, coesão geracional, educação do carácter e de valores, partilha sem limites.
E também de exprimirmos, de uma maneira clara, sem ambiguidades e com fortaleza, a centralidade do respeito absoluto pela vida humana. Também aqui tudo deveremos fazer para robustecer o que Cristo nos anunciou: “Eu Vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10).
Teremos que continuar, sem hiatos ou desfalecimentos, a clamar pela defesa intransigente da vida. Contra uma cultura da morte que, anestesiada ou até adocicadamente, se quer instalar no seio da sociedade. Essa cultura da morte traduzida no aborto, na “boa morte”, na vulgarização da contracepção, no desprezo pelos mais velhos, no pansexualismo sem limites, na droga, na mediatização dos senhores da guerra, na exaltação da estatística dos sofrimentos, na sistemática confusão entre direito à vida e direito sobre a vida, na moda da permissividade, no perigo do abuso de manipulações genéticas, na ciência sem humanidade.
Estes desafios e responsabilidades têm que ser prosseguidos sem disfarces, eufemismos ou preocupações “mediaticamente correctas”. Pela acção, pelo trabalho, pelo testemunho, pelo exemplo, pela palavra.
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