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Paróquias em Alenquer apostam na formação bíblica: Melhor conhecer para melhor amar a Palavra de Deus
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A Vigararia X (Alenquer) do Patriarcado de Lisboa está empenhada na sensibilização para o conhecimento da Sagrada Escritura. Seguindo as linhas traçadas pelo Patriarca de Lisboa no Programa Pastoral para o triénio 2009-2012, ‘Assumir a Palavra de Deus como Luz para a Vida’, esta vigararia tem em curso um projecto que visa fazer chegar a Bíblia a todos, para que melhor conhecendo, melhor possa ser vivida. Em entrevista à VOZ DA VERDADE, o padre Adelino Fernandes de Sousa, vigário e pároco em Abrigada, relata este desafio e testemunha a sede que há da Palavra de Deus.

Sabendo que o programa pastoral da Diocese de Lisboa procura sensibilizar para uma reflexão mais profunda sobre a Palavra de Deus, como é que a Vigararia X (Alenquer) tem estado a viver esta dimensão?

Nós fomos impulsionados, em primeiro lugar, partindo da experiência feita sobre a Nova Evangelização, em que o Patriarcado também esteve envolvido com o ICNE (Congresso Internacional para a Nova Evangelização). Depois ‘agarrámos’ o Ano Paulino, que foi uma experiência também muito interessante na nossa vigararia. Encarámos isso muito a sério nas nossas comunidades paroquiais e até mesmo nas reuniões da vigararia, onde reflectimos o livro preparado pelo então bispo auxiliar, D. Anacleto. Entretanto, surge o Sínodo dos Bispos sobre ‘A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja’ e o nosso programa pastoral deste triénio no Patriarcado. Olhando para tudo isso lançámos como base o estudo da Bíblia. Percebemos que há já algumas experiências, como a lectio divina, a catequese de adultos, mas vimos que era necessário começar por aqui, com o estudo a sério da Sagrada Escritura. Isto é, fazer com que a Palavra chegue ao povo de Deus. Esta foi a grande descoberta! O sentir esta necessidade como imperiosa porque vimos aqui um ponto muito frágil. Sabemos que temos as homilias, as reflexões, os vários grupos, mas falta também o conhecimento da Sagrada Escritura. Este é o ponto que percebemos ser frágil e que praticamente não existe. Daí pensámos fazer um trabalho de dinamização bíblica. E para isso convidámos o frei Herculano Alves, da equipa dos frades Capuchinhos e desenvolvemos um programa com várias etapas. A primeira etapa foi um encontro, uma espécie de mini curso de sensibilização para a grande necessidade da Palavra de Deus na vida da Igreja e do cristão. Esta foi a primeira coisa que achámos ser importante para as pessoas gostarem e verem como é necessário e tomarem consciência disso. Fizemos, então, encontros em três centros da nossa vigararia: Alenquer, Arruda dos Vinhos e Merceana. Depois deste encontro, o segundo passo foi a jornada vicarial deste ano que abordou, precisamente, esta temática: ‘Assumir a Palavra de Deus como Luz para a Vida’. Esse encontro aconteceu no dia 9 de Janeiro na festa do Baptismo do Senhor.

 

E como foi essa experiência?

Essa experiencia lançou-nos para organizar agora grupos bíblicos. Há animadores com experiência com quem estamos a contar para formar vários grupos paroquiais e fazer uma espécie de uma ‘escola bíblica vicarial’. Das pessoas que vão agora fazer este curso base vão nascer os animadores para que depois, em cada paróquia, se possa suscitar esses grupos bíblicos. O nosso desejo é que a Bíblia chegue a todos, que haja um conhecimento profundo da Sagrada Escritura, que sejam base para as outras exigências da vivência da Palavra. Trata-se de conhecer a Palavra de Deus, meditá-la, rezá-la e vivê-la, para depois dar testemunho dela, como nos convida a Exortação Apostólica Verbum Domini, e que foi tema da nossa jornada vicarial.

 

Considera que há sede da Palavra de Deus?

Sim há, e isso vê-se porque as pessoas corresponderam muito bem à jornada vicarial. Surpreendeu-nos o facto de as pessoas responderem à chamada. Tivemos mais de 250 pessoas inscritas, entre outras não inscritas, que estavam entusiasmadas e interessadas. Por isso esperamos que os cursos bíblicos que agora vão nascer dêem fruto.

 

E que frutos espera que esta dinâmica possa vir a dar?

O fruto será, em primeiro lugar, as pessoas compreenderem melhor a Sagrada Escritura para depois poderem viver melhor a Palavra de Deus. Porque, muitas vezes, permanece-se apenas numa reflexão mística, que tem o seu valor, a pessoa faz uma ressonância do que a Palavra lhe diz mas não se sai disso. Por isso, esta formação bíblica é indispensável e pareceu-nos ser o que fazia mais falta. Alguma coisa existe mas vemos que as pessoas desconhecem a Sagrada Escritura.

 

E pensa que esse desconhecimento pode levar a que não haja o cultivar de um amor à Palavra de Deus?

Sem dúvida que sim! Porque as pessoas têm apenas aquilo que ouvem nas leituras da missa, mas não têm um contexto. E eu estou convencido que as pessoas não percebem aquele texto, porque lhes falta um conhecimento mais abrangente.

 

Parece haver uma certa tendência para a procura daquilo que é de cariz mais emotivo ou da devoção popular. Acha que isso pode, de alguma forma, dificultar este trabalho com a Palavra de Deus?

Se nós deixarmos as pessoas apenas nesse devocionário, que é uma forma das pessoas exprimirem a sua religiosidade, sim, mas quando virem que a fonte disso está aqui, na Palavra de Deus, então vão ter outra vivência e compreensão dessa própria devoção. Porque, se não, é algo desencarnado do fundamento bíblico. Falta, por isso, esta centralidade da Palavra de Deus! Porque sem uma compreensão desta e um verdadeiro conhecimento, eu não compreendo Cristo, desconheço Cristo, não entendo a Igreja, nem os Sacramentos. E nós, como pastores, notamos essa grande fraqueza onde as pessoas não têm grande compreensão do acto que vão realizar. A própria catequese de adultos precisa de ter esta base bíblica.

 

A última jornada vicarial ocorrida em Janeiro foi então uma etapa deste caminho. Quais são as próximas iniciativas?

Agora será a organização dos grupos bíblicos nas paróquias que alinharem desde já nesta dinâmica. Há já três núcleos de paróquias que estão interessadas, por isso estamos nos acertos de horários para que em Fevereiro possa haver já a primeira acção.

 

Considera que este documento do Santo Padre, a Exortação Apostólica Verbum Domini, veio trazer um novo despertar para esta questão?

Exactamente, porque independentemente do aspecto doutrinal, a verdade é que esta Exortação Apostólica vai precisamente levar ao essencial, que é a vivência da Palavra que é fundamental. Esta Exortação atingiu, por isso, o objectivo e está a despertar as pessoas.

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