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Cuidados Paliativos versus eutanásia (por Maria Susana Mexia)

Na vida e na morte, na saúde e na doença, a dignidade do Homem é um valor incomensurável.

São muitos os progressos que a Medicina fez desde a segunda metade do Século XX, mas a longevidade crescente e o aumento das doenças crónicas conduziram a um significativo número de “pacientes sem cura”.

O sofrimento dos doentes incuráveis por falta de resposta dos serviços de saúde e pelos novos contextos de vivência social e familiar, deu origem a um movimento cujo objectivo é minorar e colmatar as lacunas existentes nestes casos.

Os Cuidados Paliativos são uma resposta activa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade possível a estes doentes e às suas famílias.

O seu âmbito é muito extenso, na medida em que a doença terminal atravessa as várias faixas etárias, da infância à velhice, abarcando uma larga lista de patologias.

Os Cuidados Paliativos não podem ser encarados como “filhos menores” no sistema de saúde, ou tão pouco se resumem a uma intervenção caritativa e bem-intencionada de cariz humanista. Eles devem ser parte integrante duma boa política de saúde, com médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais para tal preparados, onde não falte a vertente científica, humana e espiritual.

O cerne destes cuidados será a dignidade da pessoa que se encontra no estado de doença, mais vulnerável, limitada e sensível, levando-a a aceitar a morte como uma etapa natural da vida, que está a chegar ao fim.

Mais do que nunca, os Cuidados Paliativos hoje constituem uma resposta indispensável aos problemas da fase final da doença, do direito do doente a ser assistido com carinho, apoio, dignidade e tranquilidade, não invertendo nem aviltando, hipocritamente, a nobre missão da medicina tão patente no solene e deslumbrante “Juramento de Hipócrates”.