Beatificação de Madre Clara |
Um Projecto inovador
<<
1/
>>
Imagem

Foi apenas um breve apontamento das iniciativas em Educação a página 06 do número anterior. E a alma delas? Que projectos? Que estratégias? Em que estilo?

No cenário desértico da instrução do século XIX, em Portugal, a escola franciscana hospitaleira desenhava, já, um ideário com alma, expressando uma filosofia educativa que preconizava ser tão completa quanto possível, diante da totalidade do ser humano. Se academicamente, as Irmãs se habilitavam para responder ao estatuído, a sua condição de religiosas, de carisma franciscano hospitaleiro, abria-as a um estilo educativo, feito de acolhimento e simplicidade, vivido em clima familiar e aberto. Como fundamental estratégia, apontava o testemunho, o mesmo é dizer na linguagem do tempo: o bom exemplo que, conforme sublinhavam as Constituições primitivas, conquista grandes e pequenos.

Não há referência alguma à educação que não traga apenso o imperativo, quase ordem, à coerência entre palavra e vida, entre o dizer e o ser. Fazia-se depender a educação do testemunho: Falai mais aos olhos que aos ouvidos.

Instruir, educar, criar convicções, dar sentido à vida, constituía o objectivo da Escola Franciscana Hospitaleira, desde a origem: preparar cidadãos cultos e honestos, cristãos conscientes e de opções certas, apontando características marcadamente franciscanas, como o valor da fraternidade universal, tecida com a verdade, a paz, a humildade e o respeito, e bordada com a simplicidade e a alegria.

A metodologia do treinamento, aplicada à descoberta e à ânsia de saber, válida em todas as épocas, ia criando hábitos de aplicação e trabalho, desenvolvendo o aperfeiçoamento a caminho da excelência. A arte de acolher no coração a pequenez e a fragilidade iam produzindo os seus frutos. Ajudar a descobrir e a desenvolver as capacidades latentes e a conduzir o discípulo ao pleno de si mesmo, só com a disposição de quem encarnou o conselho da Fundadora, Madre Maria Clara: Trabalhemos com amor e por amor. O progressivo reconhecimento desta pedagogia por parte das autoridades, o apreço pela resolução programática com sucesso, foram, mesmo em tempo de perseguição, o melhor diploma a consentir o continuar da missão educacional franciscana hospitaleira. Mas não foi sempre assim.

 A revolução de 1910 veio quebrar este estado de coisas. As ordens religiosas, de grande preponderância no ensino, viram-se compulsivamente retiradas dele, fechando Escolas e Colégios, e intimadas a abandonarem o ensino ou a secularizarem-se.

A legislação republicana de 1911 que estabeleceu a instrução oficial para todas as crianças, aos níveis infantil e primário, e a escolaridade obrigatória entre os sete e os dez anos, em vez de alcançar os seus objectivos, levou a escolarização ao mais rotundo fracasso. Entre os republicanos adeptos de novidades pedagógicas, funcionava mais o interesse de doutrinar e transformar os espíritos do que ensinar a ler. Preferiam professores eruditamente diplomados e instalados em edifícios bem apetrechados a prover as Escolas com pessoas capazes de assegurar uma escolaridade eficaz.

A partir de 1912, o movimento católico organizou-se, passou a ser melhor orientado e a saber combater com mais inteligência. As eleições de 1915 trouxeram ao parlamento os primeiros representantes eleitos católicos e, em 1916, regressavam as primeiras Ordens religiosas. Na Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, o hiato entre a expulsão e o estabelecimento de Escolas foi muito curto. O povo conhecia as Irmãs e, adaptando-se elas à legalidade, pela secularização das vestes e do nome, a partir de 1913, foram aceitando a educação que instituições particulares lhes confiavam. Desde 1913 até 1926, tomaram conta de mais duas dezenas de Estabelecimentos de Ensino. Não lhes faltaram dificuldades, guerra fria e bastantes dissabores. As reviravoltas dos programas, a substituição dos manuais de ensino, a variação dos curricula, as novas metodologias que as sucessivas alterações governamentais foram impondo, constituíram um esforço ingente e um desafio imparável à criatividade, à iniciativa e à renovação constante.

 Nunca se negaram a assumir este campo de trabalho, tão propício à evangelização e à construção da sociedade. Apesar de todas as vicissitudes e contrariedades, foram respondendo às necessidades do tempo e do lugar.

Não mais suaves são os tempo de agora. Mas, porque missão tão da Igreja, continuar é tributo de fidelidade ao Ide e ensinai, pedido por Jesus, e ao espírito dos Fundadores.

Confhic
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES