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Editorial: A Igreja de Pedro e Paulo

As discussões teológicas; as dúvidas que as divisões do passado e do presente fizeram e fazem surgir no espírito de muitos; os escândalos fruto de uma Igreja que tem no seu seio pecadores sempre necessitados de conversão e do perdão de Deus e dos homens, têm feito esquecer um outro lado bem mais real e verdadeiro da Igreja de Jesus Cristo: o facto, precisamente, de ela ser a Igreja de Jesus, e de constituir o caminho para chegar a Deus.

No passado Domingo, a Igreja de Lisboa viveu um momento significativo da sua vida recente: um dos seus membros foi ordenado Bispo, sucessor dos Apóstolos, para ir anunciar o Evangelho noutras terras. Entre muitas outros pontos que daqui poderiam ser colocados em relevo, seja-me permitido sublinhar dois.

Em primeiro lugar, o facto de sermos a Igreja de Cristo e de, perante a ordenação de um novo Bispo, isso ser claro aos nossos olhos. Não vivemos numa Igreja inventada pelos homens. Não somos uma instituição fruto de um conjunto de boas vontades que um dia se reuniu e se propôs trabalhar em favor do bem comum. Não inventámos os nossos estatutos e a doutrina que pregamos. Somos a Igreja que Cristo quis para continuar o seu labor de salvação. Somos a Igreja de Pedro e Paulo, aquela que tem por sua norma os Apóstolos e os seus sucessores. Não foi um sonho, um desejo, uma realidade fruto de uma imaginação fértil: diante dos vários milhares de crentes que se encontravam na igreja de S. Vicente de Fora, com o gesto que desde o início é sinal da transmissão do ministério apostólico, a imposição das mãos, o Senhor Patriarca e os demais Bispos presentes constituíram em sucessor dos Apóstolos o P. Ildo Fortes. Como todos os cristãos, ele continuará o seu caminho pessoal de santidade e de identificação cada vez maior com a santidade de Cristo. Mas para todos os cristãos ele passa a ser, unido ao sucessor de Pedro e aos demais Bispos católicos, para o resto da Igreja, a garantia de que vivemos a fé na verdadeira Igreja de Cristo.

Em segundo lugar, o novo Bispo vai para terras ainda de missão. É certo que Cabo Verde é um país predominantemente católico, onde a fé brota do coração dos seus habitantes, e as comunidades cristãs são vivas. Mas é igualmente certo que se trata de um país marcado pelas dificuldades. Um país onde, apesar de tudo, são necessários sacerdotes que anunciem o Evangelho e repartam o pão da Eucaristia; um país onde grande parte da população vive com carências económicas; um país onde as seitas proliferam, usando a pouca instrução na fé de muitos cristãos. E, sobretudo, o novo Bispo vai estar à frente de uma jovem diocese, recém-criada, com falta de meios para fazer crescer a vida cristã.

Por vezes, ao ler os Actos dos Apóstolos, vem-nos à mente que a frescura do anúncio evangélico foi apenas realidade há muitos anos atrás; de que, eventualmente, o Espírito Santo se “esqueceu” de nós. Os acontecimentos como aquele que teve lugar no passado Domingo mostram-nos que isso não é verdade. Hoje, como ontem e como há séculos passados, apesar do pecado dos seus membros, a Igreja católica continua a espalhar no mundo a luz de Cristo. Ela foi e continua a ser a Igreja de Pedro e de Paulo.

 

foto por Arlindo Homem

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