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Editorial: A largueza da ressurreição

Esta vida é estreita. O facto é que nunca estamos contentes com a vida que temos. Pobres ou ricos, supostamente realizados ou eternamente infelizes, rodeados de amigos e familiares ou na mais estrita solidão, a vida sabe-nos sempre a pouco.

Podemos, é certo, disfarçar, procurar todos os fins-de-semana uma “festa de arromba” ou passar uns momentos inesquecíveis com pessoas amigas ou até com a família. Podemos viver no mundo dos sonhos e – agora os computadores tornam a tarefa mais fácil – imaginar que a vida e a morte de muitos depende de nós (bastaria agora dar asas à nossa imaginação…): a vida que arranjamos ou sonhamos continuará a ser sempre estreita.

Apenas a ressurreição de Jesus pode dar à nossa vida o horizonte infinito de Deus. É que a “vida eterna” que a manhã de Páscoa nos anuncia é muito mais que uma vida para sempre.

Certamente: o viver “para sempre” já transformaria a nossa existência de um modo radical. Com efeito, é bem diferente viver “para sempre” do que viver “alguns anos” (mesmo que estes sejam muitos, na contagem humana). Contudo, de pouco ela valeria se fosse uma vida para sempre no sofrimento ou no trabalho duro, ou até mesmo no viver sem fazer nada – o “aborrecimento do céu”, como gostam de representar os desenhadores de cartoons, ou de descrever os contadores de anedotas, sem nada para fazer, sem qualquer divertimento, cheia apenas de “tédio”…

O facto é que a “vida eterna” de Jesus ressuscitado vai muito mais longe: é a vida de Deus que nos é dada, oferecida. E essa, é uma vida de felicidade plenamente preenchida e em completo movimento, porque é assim a vida da Santíssima Trindade – e não é outra a vida que desabrocha com todo o seu vigor do sepulcro de Jesus, vida que a morte e o pecado, na sua estreiteza, não podem segurar e que (esse é o anúncio missionário da Igreja) a todos é oferecida e proposta.

É esta largueza de horizontes, bem diferente do “aproveitar o momento porque o futuro é desconhecido” (como pretendem convencer-nos os “ideólogos” do nosso modo de viver) – é essa largueza de horizontes que nos é anunciada, como se fosse um pregão, no dia de Páscoa. Essa foi a surpresa que nem sequer os discípulos estavam completamente preparados para receber; essa foi a maravilha que se apressaram a anunciar pelo mundo inteiro; esse foi o achado que transformou a vida de tantos, e com eles a vida do mundo: a vida que o Ressuscitado nos oferece e nos propõe vale a pena ser vivida porque é a única que verdadeiramente nos preenche e à nossa sede de viver.

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