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Editorial: Nada me faltará

Já depois de encerrada a edição da passada semana, chegou-nos a triste notícia do falecimento de Maria José Nogueira Pinto. Não tivemos, por isso, oportunidade de prestar a homenagem devida àquela que, para além de ser uma lutadora nata, sempre se afirmou na vida pública, sem medo nem vergonha, como uma cristã convicta, uma mulher de fé profunda, como demonstra a sua última crónica no DN: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”.

Num tempo em que ser cristão parece ser título de vergonha, e em que muitos fazem por disfarçar aquilo que são, e evitar ao máximo os sinais públicos da fé, para Maria José Nogueira Pinto a sua condição de crente parecia antes ser um título de glória – não daquela glória vã que se ostenta para fazer parecer, mas da glória de Deus que aparece na normalidade da vida de um cristão.

A fé, concretamente o cristianismo, não a impediu nunca de granjear o respeito e mesmo a amizade dos seus adversários políticos, tal como não a impediu nunca de os respeitar e de escutar as suas opiniões. Tratava-se antes de recusar a atitude de quem anda ao sabor dos ventos e das opiniões, das modas ditadas pelos “bem-pensantes” ou do politicamente correcto – também não se tratava de o recusar apenas pelo gosto de ser diferente – a questão era, simplesmente, ser o que se é, sem desculpas, sem descontos, sem imposições, mas trabalhando na vida pública de modo que todos pudessem saber aquilo com que contavam: pela frente ou à sua frente não tinham só alguém de fortes convicções, mas alguém cujas convicções se encontravam enraizadas na fé.

Com toda a sua actividade, mantida tenazmente até ao limite das suas forças, Maria José Nogueira Pinto mostrou como é possível ser cristão e, simultaneamente, exercer uma actividade pública e mesmo política. E mostrou como essa sua força não vinha, simplesmente, de um querer sobressair ou ocupar os lugares cimeiros, mas antes do genuíno serviço à causa pública, aos outros, e também a Deus.

O cristianismo não se pode ficar simplesmente naquilo que é interior e privado. Quando, em Jesus Cristo, o Verbo se fez carne, tudo o que é verdadeiramente humano – e, portanto, também a vida política em todos os seus múltiplos domínios – se tornou no lugar em que o Deus verdadeiro se manifesta. A intervenção cristã na política não é, pois, apenas um modo de serviço dos irmãos, mas também, e constantemente (ainda que apesar dos erros próprios do ser humano), um modo de louvor a Deus.

De há alguns anos a esta parte, convenceram-nos a nós cristãos que viver na política como crente era o mesmo que desejar reconstruir a sociedade medieval. E, com medo, os políticos cristãos esconderam a sua condição. Contudo, nestes tempos que já agora vivemos e naqueles outros que se aproximam, necessitamos claramente de políticos que sejam capazes de levar um pouco de cristianismo que seja à vida pública, e de o fazer claramente.

Maria José Nogueira Pinto bem pode ser tomada como exemplo.

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