Qual a importância da família no crescimento e desenvolvimento das crianças?
Rui: Para nós, foi-se tornando cada vez mais claro que a família é o centro de tudo. Vejo isto de duas perspectivas: por um lado, a família não religiosa, porque desde que a humanidade começou a ter noção de si o normal era formar uma família; por outro, para quem é crente, a família tem uma origem claramente divina. E isso faz toda a diferença! Não vejo outra maneira de garantir que a sociedade consiga continuar. A família é o berço de tudo! Claro que as famílias podem não ser perfeitas, mas não vejo outra forma de a sociedade se organizar. Há que acarinhar a família! Se isso não se fizer, caminha-se provavelmente para a desagregação da sociedade.
De facto, a família na Doutrina Social da Igreja é compreendida como sendo a célula vital da sociedade. Neste sentido, que papel poderá hoje a família desempenhar?
Teresa: Eu tive a graça de nascer no seio de uma família católica e sempre senti na família aquela rocha onde nos sentíamos seguros e que nos preparava para estar no mundo. Foi sempre isso que ao longo destes anos temos tentado fazer com as nossas filhas – prepará-las com os verdadeiros valores e fazer com que em nossa casa elas se sintam acolhidas e amadas. Só assim elas se poderão ir fortalecendo e crescendo como cidadãs do mundo.
Mas ter os pais casados e viver em casa com a família, hoje em dia é quase ‘contra-corrente’…
Rui: Isso, sinceramente, é o que me assusta mais. Primeiro, porque é um facto; depois, porque parece que ninguém vê isso… É uma coisa aparentemente contraditória e espantosa: como é que as pessoas não percebem uma coisa clara como a água? Que fique claro que isto não tem motivos religiosos, mas se a família está em risco – e na maior parte dos casos assistimos a uma desagregação contínua da família – o que se poderá esperar de uma sociedade destas? Não é falta de esperança, é ver as coisas como elas são. É triste e assustador, mas não tenho dúvida nenhuma que isto vai passar.
Teresa: Hoje em dia, de facto, quase que é anormal vivermos em famílias estruturadas. Ainda recentemente a minha filha Carlota terminou a escola num colégio católico e muitas vezes a ajudámos a viver o dia-a-dia porque ela quase que se sentia diferente por ser católica. Nestes tempos em que quase somos obrigados a aceitar o diferente, parece que o que é ‘normal’ e desejável não é aceite. É mais difícil ser-se família hoje e ser comprometido com Deus.
Em relação à transmissão da fé, nos últimos anos a Igreja tem sublinhado que a educação cristã deve começar em casa e não quando a criança entra na catequese, concordam?
Rui: Há uns anos, o Cardeal-Patriarca de Lisboa veio a Carcavelos e disse que a catequese devia ser feita em casa. De facto, todos os esforços que são feitos nas paróquias, se não têm um acompanhamento em casa pelos pais, não têm grande garantia de que possam ter sucesso. Considero que a Igreja e os sacerdotes deviam ‘lutar’ mais para que a catequese comece em casa. Porque, ao mesmo tempo, os pais são interpelados a dar testemunho. É um ciclo vicioso, no bom sentido.
De que forma têm procurado educar as vossas filhas na fé?
Teresa: Tal como a educação a outros níveis, se os pais transmitirem apenas e não forem exemplo, dificilmente haverá frutos. Com as nossas filhas, desde pequenas que procuramos rezar em conjunto e ir à Missa juntos. Em casa vivemos em família o tempo da Quaresma e do Advento. Na azáfama do dia-a-dia, é importante não perder estes tempos. Não tenho dúvidas que quando as nossas filhas tiverem a casa delas, vão também viver isso porque elas próprias o receberam!
Rui: Mas atenção que a fé não é um adereço! Nós temos noção das nossas iniquidades, mas a fé faz-nos andar e leva-nos a fazer coisas em nome Deus que de outra forma era impossível.
Como pais, quais as vossas principais preocupações sobre o futuro?
Teresa: Lembro-me de um padre amigo da família que a propósito dos tempos que vivemos lembrava que seriam duros, mas que aqueles que persistirem na fé e quiserem fazer caminho terão um tempo muito rico. Às nossas filhas dizemos que estaremos sempre com elas, mas que acima de tudo estará sempre o Senhor! Por outro lado, viveremos tempos em que certamente as pessoas vão sentir mais necessidade umas das outras. Estes tempos de crise trazem muito a vivência da solidariedade. Durante anos, as pessoas acreditaram que se bastavam a elas próprias, mas o Senhor mostra-nos que não. Precisamos mesmo de nos unir. Temos esse exemplo nas Equipas de Nossa Senhora, onde há casais que estão desempregados e há uma preocupação e solidariedade entre todos.
Enquanto casal, o que mudou com a entrada nas Equipas de Nossa Senhora (ENS)?
Teresa: Como vínhamos das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, assim que casámos entrámos logo nas ENS. O movimento tem sido o nosso porto de abrigo e o facto de podermos estar em equipa, com vários casais, apoiando-nos uns aos outros com a presença de um conselheiro espiritual, tem-nos mostrado qual o caminho. Houve alturas menos boas e de facto a equipa foi o garante!
Como decorrem as reuniões de casais das ENS?
Teresa: As Equipas de Nossa Senhora são um movimento de espiritualidade conjugal, constituídas em geral por cinco a sete casais e são acompanhadas por um conselheiro espiritual. Temos uma reunião mensal, rotativa, em casa de um casal que partilha a refeição. Começamos com a oração, depois há então a refeição e um tema para reflexão. Seguem-se dois momentos muito importantes na reunião: a partilha, onde os casais partilham a sua caminhada de oração ao logo do mês, e o pôr em comum, em que partilham as dificuldades da vida. Como é óbvio, estes são assuntos que ficam apenas dentro da equipa.
De que forma as ENS estão a preparar o Encontro Diocesano de Famílias com o Cardeal-Patriarca, no dia 9 de Outubro?
Rui: Estamos a procurar fazer uma divulgação muito grande ao nível das nossas estruturas. Aliás, procuramos não só divulgar como fomentar que as famílias participem. Em termos das ENS, conseguiu-se envolver as estruturas locais. Acredito que o Encontro Diocesano de Famílias, integrado no Jubileu Sacerdotal do senhor Patriarca, será uma grande festa!
Teresa: Ao mesmo tempo, estamos também a envolver as Equipas de Jovens de Nossa Senhora. Sendo uma iniciativa para as famílias, faz todo o sentido que toda a família esteja reunida à volta do seu Pastor.
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Teresa e Rui Barreira
São desde há dois anos o casal responsável pela Província Lisboa das Equipas de Nossa Senhora (ENS). Teresa e Rui Barreira estão casados há quase 25 anos e têm duas filhas, a Rita e a Carlota. Teresa é secretária e Rui é médico. Durante o tempo de namoro foram catequistas e pertenceram também às Equipas de Jovens de Nossa Senhora.
Após o casamento, além da entrada nas ENS, colaboraram activamente na paróquia de Carcavelos, em especial na preparação dos baptismos, nos grupos de vida, mas também dando catequese e pertencendo ao grupo de leitores.
Actualmente, além das ENS, Rui é ainda vogal da Associação dos Médicos Católicos da Diocese de Lisboa. “Procuramos sempre estar atentos àquilo que o Senhor nos vai pedindo”, garantem.
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Qual a importância da família na tua vida?
Nome: Rita Barreira
Idade: 23 anos
Missão: na paróquia de Carcavelos é catequista e pertence ao coro, além de ser ‘equipista’ das Equipas de Jovens de Nossa Senhora
“A família é tudo. É um alicerce, é a grande rocha. Sem a família, não faria sentido. Foi aqui que eu cresci, que fui amadurecendo. Foi pela família que foi possível crescer com Deus sempre presente. A grande graça da nossa família é que se vai apoiando sempre na fé”
Nome: Carlota Barreira
Idade: 18 anos
Missão: tal como a irmã, é catequista, pertence ao coro e às Equipas de Jovens de Nossa Senhora. Estiveram ambas na JMJ de Madrid com o Papa
“A família é uma graça de Deus. É nesta família que para mim tudo faz sentido. Acredito que é mesmo aqui que Deus me queria. É o sítio onde posso ser quem sou e onde sou apoiada. Quando tiver a minha família, espero que seja muito parecida com esta…”
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Jubileu Sacerdotal de D. José Policarpo
Famílias encontram-se com o Cardeal-Patriarca
Reunir todas as famílias da Diocese de Lisboa. Este é o objectivo do Encontro Diocesano das Famílias, que a Escola Salesiana do Estoril acolhe no próximo dia 9 de Outubro, numa iniciativa em homenagem a D. José Policarpo pelos 50 anos de sacerdócio.
Organizada pelo Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, a Festa das Famílias terá um programa especial para as crianças. As inscrições podem ser feitas através das paróquias, dos movimentos ou ainda pelo site do Patriarcado de Lisboa (www.patriarcado-lisboa.pt).
Programa:
- 9h30: acolhimento
- 10h00: oração de laudes no pavilhão
- 10h25: apresentação do programa
- 10h30: pausa para café e visita às Editoras presentes
- 11h00: início dos Foruns: ‘Família, transmissão da fé e escuta da Palavra de Deus’, por Nuno Guedes (Forum 1); ‘Família e sociedade’, por Pedro Vaz Patto (Forum 2); ‘Família e espiritualidade conjugal’, pelo cónego João Seabra (Forum 3)
- 12h00: almoço
- 14h00: convívio, festa e tempo de testemunhos
- 15h30: ambientação para a missa
- 16h00: Eucaristia
Informações: 218810500 ou familia@patriarcado-lisboa.pt
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