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Assembleia Plenária do CCEE em Tirana
Em Tirana (Albânia), de 29 de Setembro até 2 de Outubro, aconteceu a Assembleia Plenária do CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa). Presentes os presidentes das Conferências Episcopais e os bispos delegados dos que não puderam vir. Além dos vários temas do trabalho do Conselho durante o ano e que preocupam a Igreja na Europa como um todo, quis-se olhar para a Nova Evangelização.

A reunião tinha sido preparada com base num questionário que fora enviado a cada um dos países membros do CCEE. A partir das respostas foi feita uma síntese para ser apresentada na Assembleia. Foi ainda convidado o bispo D. Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da Nova Evangelização que ajudou a perceber a dimensão dos desafios do mundo moderno e da Evangelização.

A “nova evangelização” está hoje no centro da vida da Igreja e todos os bispos europeus a sentem como um apelo. Há já muita reflexão sobre a Nova Evangelização. Importa agora que seja compreendida e vivida como um modo de estar na vida. O cristão, abraçando a fé com a sua inteligência, com a sua vontade e até com o afecto, torna-se um “homem novo” e deste modo protagonista da “nova Evangelização”. É como uma luz que quando se acende não é para esconder debaixo da cama, mas para iluminar os outros. Como alguém dizia, estamos finalmente a passar de uma abordagem muito “secularizada” da missão, que chegou a ser tematizada nos anos 70, quando se dizia que não era preciso falar de Deus e de Jesus, nem tornar explícito o testemunho porque a missão do cristão seria a do fermento dentro da massa. Hoje é bem claro que essa maneira de ver a missão estava errada. Os cristãos, além de serem chamados a trazer à vida social valores a modo de fermento, devem ser luz do mundo mostrando Jesus o Salvador que veio para dar vida em abundância. O Encontro pessoal com Jesus Cristo, como continuamente recorda o Santo Padre, é o objectivo da nossa vida e, por isso, da missão da Igreja. A “nova” evangelização poderá, então, ser entendida como o trazer à luz do “homem novo” de que fala São Paulo. O homem e a mulher renovados pelo Espírito Santo que são no mundo testemunho da Santíssima Trindade.

Como o “homem novo” não é uma ilha, mas membro de um povo, existe também um “povo novo”, que é a Igreja. O Evangelizador, por isso, é aquele que tem uma vida espiritual intensa, que se sabe acompanhado por Jesus no seu dia-a-dia e que, ao mesmo tempo, se sente verdadeiramente filho da Igreja e não teme afirmar a sua pertença à Igreja, o seu amor ao Papa e ao bispo, a sua confiança na doutrina da Igreja. O Evangelizador não anuncia só quando “faz coisas na Igreja”, é toda a sua vida que é chamada a ser luz e sal neste mundo. Na família, no trabalho, na política, não há campo nenhum da vida que não deva ser evangelizada, iluminada, redimida.

O facto de a Assembleia Plenária do CCEE se ter reunido na Albânia, país que ainda há pouco tempo estava totalmente fechado ao mundo e a Deus, foi muito significativo. Alguns ainda se lembram que no Verão de 1974 este país era apresentado em Portugal como uma espécie de paraíso comunista! Encontrando nestes dias pessoas de lá percebemos o inferno em que viveram. Todas as Igrejas fechadas, padres e bispos presos ou condenados à morte, proibição de se rezar em público mas também em privado, famílias controladas! Vendo os horrores que ali se passaram, temos a tendência de pensar que esses países e regimes não têm nada a ver connosco hoje. Mas não podemos deixar de reparar que o mundo ocidental em que vivemos também quer afastar Deus da vida. Os métodos são outros, mas o objectivo final parece ser o mesmo. O testemunho albanês que comoveu todos os mais de 50 bispos de quase 40 países presentes foi o de que quando uma sociedade deixa de se opor a Deus, tudo ganha novo resplendor. A Europa precisa de encontrar este testemunho e deixar de se opor a Deus e à verdade sobre o homem e sobre a família para também voltar a ser no mundo um testemunho de esperança e não um depósito de pessoas tristes, distraídas e sem entusiasmo.