02.12.2012
Ano da Fé |
Acreditar com o Concílio
Actualidade do Concílio
Porta Fidei, nº 5
“Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa». Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: «Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja»”. Comentário do Cardeal-Patriarca Esta afirmação do Papa Bento XVI sobre a actualidade do Concílio Ecuménico Vaticano II é importante e deve inspirar todas as formas de celebração dos 50 anos da Abertura do Concílio. Não é surpresa para ninguém que, na Igreja contemporânea, ouvem-se vozes que inspiram comportamentos afirmando a não actualidade do Concílio. Uns, reagindo à renovação da Igreja e à busca de novos caminhos, parece terem saudades dos tempos antes do Concílio, que aliás não conheceram; outros, porventura desejando mudanças mais profundas, falam de um novo Concílio, um Vaticano III. A todos esses o Papa Bento XVI, com a autoridade apostólica de que está investido, diz: no Concílio “encontra-se uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”. Rigorosamente todos os concílios ecuménicos mantêm a sua actualidade, sobretudo quando definiram, com clareza definitiva, a fé da Igreja. Eles integram a Tradição viva, importante para a confissão sólida, em cada tempo, dessa fé de todos os tempos. Mas também é verdade que em todos os concílios, com a evolução da cultura e da história, há linguagens a reinterpretar, referências históricas que o tempo relativizou. Não está excluído que esse fenómeno se verifique também no Concílio Vaticano II, embora em menor grau dada a proximidade temporal da sua realização. Mas o Santo Padre tem em conta essa necessidade de interpretação, quando afirma: “se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica”. A palavra do Magistério, como aliás a da Escritura, tem de ter em conta a mensagem de quem fala e as características de quem ouve, isto é, do destinatário dessa palavra. Trata-se de captar, em cada tempo, a exactidão da mensagem e as características culturais daqueles a quem é anunciada. Nestes 50 anos o mundo mudou. É justo apresentar a mensagem de modo a que os homens contemporâneos a possam escutar. O primeiro aspecto desta hermenêutica é técnico, é competência de estudiosos. Para o segundo aspecto, o Santo Padre dá-nos a chave: ler o Concílio com fé, acreditar lendo o Concílio. A Igreja, na sua missão, dirige-se ao mundo com amor e, por isso, é sensível às suas mudanças. Proclamar a actualidade do Concílio é, para ela, uma forma de realizar a sua missão de anunciar, em cada tempo, a mensagem da salvação.texto por Cardeal-Patriarca, D. José da Cruz Policarpo
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