De tal maneira é ingente o trabalho missionário de S. Francisco Xavier no Extremo-Oriente e num tão curto período temporal (dez anos) que só com um diagrama minucioso seria possível mostrá-lo, de forma sintética.
Qualquer descrição ou breve notícia será sempre uma espécie de amputação na vida e obra deste eminente sacerdote, religioso da Companhia de Jesus, “mártir” de um sobre-humano trabalho de propagação da fé cristã no Extremo Oriente. Por outro lado, teremos de reconhecer que um trabalho missionário de dez anos, para ser assinalado como exemplar seiscentos anos depois, foi um trabalho “pentecostal”, movido por uma docilidade total ao impulso do Espírito Santo. Francisco de Jasso Azpilcueta Atondo y Aznares, de Javier, mundialmente conhecido como S. Francisco Xavier, nasceu numa nobre família de Navarra a 7 de Abril de 1506.
Circunstâncias ligadas às lutas políticas do reino de Navarra com Aragão e Castela levaram-no a Paris, aos catorze anos, para estudar. Francisco tinha-se tornado notado pela inteligência, vivacidade e garbosa aparência. É em Paris que se dá o seu encontro com uma figura decisiva para o seu futuro: Santo Inácio de Loyola, que lhe comunica o ardor do seu ideal religioso. Com alguns companheiros, entre os quais o português Simão Rodrigues, Loyola estabelece as bases da Companhia de Jesus. Faz os célebres Exercícios Espirituais, inicia o estudo da teologia e integra-se no grupo de sete que em Montmartre fazem voto de ir para a Terra Santa pregar a fé cristã. Pronuncia os primeiros votos em 1534 e é ordenado sacerdote em Veneza, em de 1537. Em 1538 já está em Roma, colaborando na fundação da Companhia de Jesus. É nessa altura que chega às mãos do Fundador uma petição do rei de Portugal, D. João III, solicitando ao Papa o envio de missionários para as possessões portuguesas no Extremo-Oriente.
Inácio obedece ao Papa e envia Francisco Xavier para Lisboa. Aqui chega, com mais dois jesuítas, em 1540. Parte para a Índia no ano seguinte; desembarca em Maio de 1542. E ali inicia Francisco um sobre-humano trabalho de dez anos de propagação da fé cristã no Extremo Oriente: Índia, arquipélago de Java, Japão e China. Tarefa gigantesca e “impossível”, que só o fogo do grito de São Paulo: ai de mim se não pregar o Evangelho, ardendo no jovem missionário, explica. É aliás crença fundamentada que S. Francisco Xavier tenha convertido mais pagãos do que qualquer outro missionário, desde São Paulo.
Desta missionação também fez parte o seu trabalho em Goa, onde o missionário visita as prisões, cuida dos doentes, particularmente dos leprosos do Hospital de São Lázaro e onde escreveu um catecismo que veio a ser traduzido para várias línguas asiáticas. Mais tarde, Francisco escreveria em japonês uma obra sobre o cristianismo, preparando o trabalho missionário aos jesuítas que o foram render. Chamado a organizar a missionação da Companhia em Goa, é eleito Provincial da sua Ordem na Índia, tomando a seu cargo a formação de missionários que vão fundar novas missões.
Percorre a Índia em todas as direcções, pregando, ministrando sacramentos, catequizando e baptizando. Começava o seu trabalho de missionação pelas crianças. Missionou também em Malaca, Java, Ceilão, Sumatra e nas Molucas. Com inteira justiça ficará conhecido como Apóstolo das Índias. Assumiu também o propósito de levar o Evangelho ao Japão e foi o primeiro jesuíta a visitar o Japão como missionário.
Francisco Xavier trabalhou no Japão durante mais de dois anos, primeiro em Yamagushi e depois em Kyoto. Conseguiu estabelecer em vários pontos comunidades cristãs que somariam alguns milhares de cristãos. Esta comunidade viria a crescer e, mais tarde, algumas centenas de cristãos dariam, pelo martírio, testemunho da sua fé. Mas Francisco Xavier tem, também, o desígnio de anunciar o evangelho na China. As dificuldades que se lhe depararam dificilmente são imagináveis. Desembarcou, por fim, na ilha de Sanchoão. Mas todos os preparativos para entrar na China, tinham fracassado. O grande missionário está exausto, fisicamente depauperado. É acometido de violentas febres. Vê-se sozinho, numa ilha deserta, tendo por única companhia o jovem cristão chinês António. Ali o colheu a morte, no dia 3 de Dezembro de 1552.
O infatigável missionário contava apenas 46 anos. Teve uma primeira sepultura em Sanchoão (Shang-Chuang), depois em Malaca. Em 1553 foi transportado para a Basílica do Bom Jesus de Goa; ali repousam as suas relíquias, veneradas tanto por cristãos como por não cristãos. Foi canonizado em 1622 e proclamado Padroeiro Universal das Missões em 1927. Dia litúrgico: 3 de Dezembro.
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