Jornal Voz da Verdade

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27.01.2013

Especiais |

XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migra��es

Migrantes: fazem parte de n�s

Mais uma vez se realizou em F�tima, de 11 a 13 de janeiro, o XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migra��es, real�ando a import�ncia que o assunto continua a ter neste aqui e agora. A mobilidade das pessoas � uma carater�stica da humanidade e da sociedade portuguesa em particular, como o demonstra a exist�ncia de filhos seus espalhados por todos os cantos do mundo.

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Todos peregrinos e estrangeiros

Vivemos um momento em que essa din�mica est� muito presente, com a vaga de emigra��o em n�veis dos anos 60. O Secret�rio de Estado das Comunidades estimou entre 100 mil e 120 mil o n�mero dos portugueses que deixaram o pa�s em 2011, adiantando que o n�mero pode ter aumentado em 2012. Este fen�meno segundo a opini�o de diversos economistas, pode constituir uma v�lvula de escape para a crise, mas tamb�m pode provocar graves problemas para o futuro da economia e da sociedade.

Para o emigrante, sair do pa�s pode ser uma oportunidade; mas n�o deixa de ser um corte com as suas ra�zes, com a fam�lia, com os amigos, com uma s�rie de h�bitos que lhe davam seguran�a e estabilidade. E isto especialmente quando se v� for�ado a sair por raz�es de seguran�a geradas em conflitos armados, na inseguran�a pol�tica, na persegui��o; mas tamb�m a situa��o econ�mica pode for�a-lo a sair para conseguir sobreviver ou atingir um melhor n�vel de vida. Por isso o Papa na sua Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado real�a, para al�m do direito a emigrar, tamb�m o direito a “n�o emigrar”, isto �, a ter condi��es para permanecer na pr�pria terra.

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Preocupa��o de sempre

No in�cio dos anos 90, os Institutos Mission�rios publicaram um comunicado, com data de 13.01.1992, no qual, perante a aflu�ncia de imigrantes ao nosso pa�s, manifestavam “o apoio � elabora��o de uma lei que ajude eficazmente a p�r fim � situa��o vergonhosa em que se encontram dezenas de milhares de estrangeiros”; apontavam em poucas linhas as exig�ncias que essa vaga lhes colocava como mission�rios, como portugueses e como europeus. E numerosos grupos encontraram nesse registo clarivid�ncia para saberem onde estavam, para onde caminhar e com que raz�es deveriam aguentar-se num caminho nem sempre bem entendido. Faziam-se reparos relativamente � preocupa��o com os imigrantes, dizendo que com os portugueses ningu�m se importava. Felizmente que a ignor�ncia n�o constitui verdade; e l� se ia dizendo que, muito antes de a Igreja se dedicar aos estrangeiros que aqui chegavam, j� se tinha preocupado com os numerosos portugueses que deixavam um pa�s empobrecido, enfraquecido por uma guerra que nos exauria recursos e vidas e nos deixava tristemente s�s. Aqueles que corajosamente e sem se deixarem resignar davam o “salto”, na terra do destino se algum apoio encontravam ainda era no �mbito das igrejas. Foi nesse contexto que surgiu a Obra Cat�lica Portuguesa de Migra��es, que no passado dia 19 de Dezembro encerrou a celebra��o do seu cinquenten�rio, um longo esfor�o de apoio primeiramente aos que deixavam o pa�s e depois, mas sem deixar esses, aos que buscavam Portugal como pa�s de acolhimento. D. Jorge Ortiga nessa ocasi�o referiu que a Igreja “com vasta experi�ncia curricular no aux�lio �s fragilidades humanas, soube antecipar-se e esperar a chegada de milhares de portugueses �s terras que os acolheram”. O Diretor da OCPM, frei Sales Diniz, falou de uma “epopeia” constru�da de m�os dadas com outras organiza��es; algumas da Igreja, mas tamb�m associa��es de imigrantes, organiza��es humanit�rias e sindicatos que, todos juntos, foram criando uma mentalidade mais aberta � riqueza humana e econ�mica que a imigra��o nos trazia, mas tamb�m for�ando os governantes a legislarem com abertura e respeito por esses cidad�os que tinham escolhido esta terra para viver. Poucas vezes ter� acontecido uma t�o ampla sintonia entre t�o variadas organiza��es.

“A Igreja caminha juntamente com toda a humanidade e n�o h� realidade alguma verdadeiramente humana que n�o encontre eco no seu cora��o”. Isso est� claro na “Gaudium et Spes” e vai na linha do n�cleo do Evangelho, tamb�m hoje. Na Igreja toda a pessoa deveria sentir-se em fam�lia.

texto por P. Valentim Gon�alves, CJP-CIRP