Refere uma lenda que em 713 os mouros puseram as relíquias de S. Vicente num barco, à deriva. Dois corvos poisaram nela e acompanharam-na até chegar ao Promontorium Sacrum, na Lusitânia, por isso designado Cabo de S. Vicente. D. Afonso Henriques mandou levar as relíquias para Lisboa, onde, em sua honra, foi levantada uma igreja, fora dos muros da cidade. E em 1173 o mesmo rei o proclamou Padroeiro de Lisboa. S. Vicente, diácono e mártir, é Padroeiro principal do Patriarcado de Lisboa e da Diocese do Algarve.
S. Vicente de Saragoça é um dos muitos santos mártires da época das perseguições. Nasceu em Huesca (Espanha), no último quartel do século III e cresceu na fé ao lado de S. Valério, bispo de Saragoça. Este conferiu-lhe a ordem de Diácono e destinou-o à pregação. Por volta do ano 303 os Imperadores Diocleciano e Maximiano desencadearam perseguição à Hispânia cristã. Essa perseguição encontrou no governador da província de Tarragona, Daciano, um competente executor: ordenou a prisão do bispo Valério e do diácono Vicente e mandou que os conduzissem a Valência. Esperava ele que as cadeias que transportavam e a tortura de uma tão longa viagem os quebrasse, mas viu aparecer diante de si um ancião e um jovem alegres e sem demonstração de cansaço. Recorreu ao processo inúmeras vezes descrito nas actas dos mártires: a sedução e a ameaça. Teriam, Valério, uma velhice tranquila e Vicente uma carreira gloriosa no império, se obedecessem aos Imperadores, isto é, se publicamente renegassem a fé que professavam. Dizendo corajosamente que morrer por Jesus Cristo seria uma imerecida honra, em nome de ambos lhe respondeu Vicente, desprezando a morte e referindo-se aos Imperadores como demónios disfarçados de deuses: «Nós, os cristãos, não adoramos senão o Deus verdadeiro, Criador do céu e da terra e seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo, que de modo inefável procede de ambos. E em confirmação desta verdade estamos dispostos a dar a nossa vida». Vemos aqui, claramente, uma paráfrase da confissão da fé nos primeiros séculos. Então, Daciano separou-os: mandou Valério para o exílio e concentrou-se em Vicente. Como argumento dissuasor recorreu à tortura: máquina de estirar músculos e rebentar articulações, unhas de ferro, leito de ferro candente. Apercebemo-nos de que no relato do martírio de Vicente ecoa o martírio de Estêvão, registado nos Actos dos Apóstolos: olhos no céu, fé ardente, domínio total da carne torturada. Persistindo em manter-se vivo o despojo sangrento que era Vicente, os pagãos viram nisso entenderam sinal de grande prodígio. Daciano mandou então encerrar o vitorioso cristão Vicente numa masmorra e é ali que ocorre o sinal da total vitória de Cristo sobre a morte: cercado de luz, invadido por uma consolação extra-humana, rodeado de espíritos celestes que cantavam, o santo Diácono recobra a robustez da juventude e a sua carne putrefacta exala um indizível perfume. Acorreram os neófitos e os catecúmenos à masmorra. Daciano ordenou então que deitassem o jovem num leito principesco. Mas há coisas que nem um íntimo de imperadores imagina: deitado sobre a maciez requintada o corpo de Vicente estava já frio e morto. Foi lançado num lodaçal, para que os bichos o comessem e dele nada restasse. Mas um corvo fez-lhe sentinela e defendeu o despojo santo. Que o lançassem, então, no abismo do mar. Mas as ondas conduziram à praia o corpo de Vicente. Deram-lhe por fim os cristãos sepultura fora de muros, em Valência.
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