Missão |
Márcia Costa
Coração de África
<<
1/
>>
Imagem

Márcia Costa nasceu a 18 de Julho de 1982, é educadora de infância tendo concluído a sua licenciatura nesta área em 2006. Quando era criança, recorda-se dos pais que a deixavam ficar a dormir com a bisavó, e de a ouvir rezar, antes de adormecerem.

 

Foi nestas dormidas com a bisavó que começa a sua história cristã através da sua memória. Depois de terminar a catequese, sentiu que tinha de continuar o seu percurso cristão. Foi então que começou a trilhar caminho com a JOC, tornando-se mais tarde animadora do grupo.

 

Educar e amar as crianças

Ao longo da vida de Márcia, Deus tem estado sempre presente. Quando terminou a sua formação não conseguiu encontrar logo trabalho. Ser Educadora de Infância, considera, é uma das mais gratificantes profissões do mundo. “É acordar cada manhã, tendo a certeza de que vamos ser felizes, tal é a maneira como Deus se aproxima e está connosco através das crianças. Foi preciso esperar. O Senhor preparava a próxima etapa. Encontrei finalmente trabalho na minha área. Estava já a trabalhar numa empresa como responsável pela Gestão da Qualidade. Embora recebesse um bom salário e a progressão na empresa prometesse, não tive dúvidas em abandonar este caminho para me entregar ao amor e alegria de ser Educadora.“ No início foi difícil, mas encontrou-se em casa. Sentiu que ali era o seu lugar, naquela creche, onde as crianças que vivem em situações de dificuldade familiar e social, encontram espaço para serem amadas e acolhidas. Márcia era mesmo feliz ali e o Senhor preparava o seu coração, para que se tornasse capaz de amar sem reservas.

Depois, era preciso continuar caminho e embora sentisse: “Mestre, como é bom estarmos aqui!”, era tempo de deixar aquele “monte”, não era altura de “montar tenda” e ficar ali, havia que continuar caminho.

 

Abraçar a missão com os Combonianos

Foi nos tempos de faculdade, através de amigos, que conheceu os Missionários Combonianos. Participou numa Animação Missionária de Verão e, a partir daí, viveu o enamoramento pela Missão, pela vida de S. Daniel Comboni, “que convida a seguir Cristo num amor sem reservas, através do despojamento de nós mesmos. Desde sempre senti em mim a vontade de partir além-fronteiras, de ir ao encontro de outros povos, de poder dar um pouco mais. Na minha caminhada enquanto católica, senti que este partir tinha outro sentido, quando experimentado numa relação íntima com Deus. Ele conduziu-me à Família Comboniana e aí, cheia de medos, os medos daquela que sabe o quão pequenina e limitada é, aceitei dizer: “Mbi ye-da!” meu sim, ao convite de Deus e parti para a minha Terra Prometida, a República Centro-Africana, como Leiga Missionária Comboniana.”, conta-nos com emoção.

Na República Centro-Africana os Leigos Missionários Combonianos trabalham na Diocese de M’Baïki, paróquia de Mongoumba. É uma região particular, pois para além das várias etnias que habitam sem qualquer conflito e se misturam trabalhando e construindo projetos juntos, habita também o povo pigmeu AKA, considerado inferior, e, portanto, marginalizado e que vive ainda em situação de escravatura.

 

Viver com o povo pigmeu Aka

O povo pigmeu Aka é um povo que habita dentro da floresta em perfeita harmonia com a natureza. Acredita que Deus criou o homem a partir de uma árvore e que lhe deu a natureza para que vivesse em harmonia com ela… aí encontraria tudo o que era necessário para a sua subsistência. É uma realidade dura, relembra Márcia, onde a cada dia se é confrontado com a dificuldade da aceitação do outro como igual, como filho de Deus, mesmo por parte da comunidade católica com a qual tentam trabalhar de maneira a que se possam construir pontes de respeito e de amor entre as diferentes etnias e o povo pigmeu Aka. “Partir em missão é estar na esperança de que se pode mudar o mundo, chegar à missão é tornarmo-nos conscientes de que somos instrumentos de Deus e que devemos aprender a confiar cada dia, um pouquinho mais, na certeza de que o Espírito Santo está sempre presente, e que enquanto nós tentamos edificar no barulho, Ele está sempre connosco, construindo silenciosamente sobre a rocha.”, afirma. Este Povo foi para Márcia, uma experiência de escuta, de revelação e interiorização da Palavra de Deus. A vida, diz-nos, “é um longo processo – de nascimento e crescimento –, e quando ela está cheia de Amor, convida-nos a estar ao Serviço. O Serviço que nos faz percorrer o caminho da humildade, o Serviço que, aos poucos, me foi despojando das velhas certezas e enchendo-me da vida nova que é o anúncio da Ternura do Pai. Este anúncio, que se fez tão presente na riqueza de estar e fazer caminho com estas gentes, que me faziam reaprender a cada dia o ritmo da prontidão e da generosidade, do acolhimento e entrega, da escuta e doação, através daquilo que são.”

Hoje em dia podemos encontrar Márcia a trabalhar com a comunidade da Paróquia de Camarate e em breve dir-lhe-emos novamente um até já. Márcia partirá em missão para Moçambique. E sobre essa, e muitas outras partidas que ao longo da vida irão ocorrer, diz-nos: “Sinto que o Pai me convida, através de S. Daniel Comboni, a não ser trigo guardado no celeiro, mas fermento a levedar a massa, em verdadeiros atos de carinho e ternura, gastando-me pelos outros, pois, para além das dores e padecimentos ao qual o missionário está submetido, existem inúmeras alegrias sem fim.”

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES