Ano da Fé |
Luísa Andaluz e Sãozinha
Sede santos
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Neste périplo pelos Santos, Beatos e Servos de Deus relacionados com o Patriarcado de Lisboa, propomos hoje duas figuras muito distintas nos caminhos percorridos: uma, de vida brevíssima e outra de vida muito longa; nas duas brilha o fiat voluntas tua que caracteriza toda a resposta ao apelo de Deus: sede santos.

 

 

Serva de Deus Luísa Andaluz, Fundadora da Congregação “Servas de Nossa Senhora de Fátima”

Nascida Luiza Maria Langstroth Figueira de Sousa do Vadre Santa Marta de Mesquita e Melo, ficou no entanto conhecida como Luísa Andaluz. Foi uma menina de berço aristocrático, nascida em Santarém, em 1877. Teve a educação esmerada das meninas da sua condição e quis ser carmelita de clausura! Porém, os caminhos de Deus podem sempre reservar surpresas: e a Luísa Andaluz estaria reservado ser ela própria fundadora duma congregação sem hábito nem mosteiro: a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima em 1923.

Os pais de Luísa transmitiram a seus filhos os valores da educação cristã e o cuidado pelos outros. A casa dos Viscondes de Andaluz em Santarém recebia com frequência a visita do Cardeal Patriarca, D. José Neto (Santarém pertencia nessa altura ao Patriarcado). Luísa Maria era uma criança em extremo atenta aos outros e com um grande sentido de Deus. Impressionou-se o cardeal com a fé viva daquela criança e quando Luísa tinha os seus 14 anos pediu-lhe que ajudasse a obra social das irmãs Capuchas. Volta a fazer-lhe um pedido: a reorganização de associações de leigos. Luísa cresce, pois, a trabalhar para a Igreja. É a altura das perseguições a Congregações, Ordens e Sacerdotes. O próprio Cardeal Neto é preso e expulso. Luísa Andaluz trabalha activamente na criação de escolas e oficinas de trabalho. A entrada de sua irmã Eugénia no Carmelo, em 1915, impressiona profundamente a jovem Luísa. Em 1915 ela própria se sente chamada a fundar uma congregação para o trabalho apostólico na Igreja, no sentido de responder eficazmente às exigências apostólicas dos novos tempos, o que vem a efectivar-se em 1923, com a criação da primeira comunidade em Santarém. Luísa é eleita primeira Superiora Geral da nova congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima; permanece nesse cargo até 1953. A obra de Deus através de Luísa Andaluz atravessou momentos de grande dificuldade: os tempos imediatamente anteriores à implantação da república e os que se seguiram à revolução de 1910, tempos de destruição e perseguição à Igreja. Foi nesse ambiente de sangue e pólvora que Luísa mais trabalhou: na Obra assistencial de Santarém, na dinamização de escolas, no colégio Andaluz, que fundou, na Congregação de que é Mãe. Aos 76 anos retira-se do governo da Congregação e fica em Fátima, no acolhimento aos peregrinos. Depois, passa os últimos anos em Lisboa, onde vem a falecer, com 96 anos, a 20 de Agosto de 1973. As SNSF trabalham em centros paroquiais, jardins de infância, lares assistenciais e hospitais, escolas públicas e no Santuário de Fátima. Estão presentes em Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique. O processo de beatificação e canonização de Madre Andaluz está em andamento.

 

 

Serva de Deus Maria Conceição de Pimentel Teixeira – Sãozinha a “Florinha de Abrigada”

“Se um dia eu for rica, hei-de ter uma grande casa para velhinhos e crianças”.

Maria Conceição Frois Gil Ferrão de Pimentel Teixeira, que a ternura do povo transformou Sãozinha, nasceu no dia 1 de Fevereiro de 1923, em Coimbra, onde seu pai ali finalizava o curso de medicina. Findo o curso, estabeleceu-se na Abrigada, de donde era natural sua mulher, Maria Luísa. Podendo frequentar uma escola particular, mais de acordo com o seu ambiente, Maria da Conceição, prefere a escola pública, sossegando a preocupação dos pais com a resposta de que “gostaria de estudar junto às [crianças] mais pobres, pois, como a respeitavam, não diriam nomes feios ao pé dela e, se os dissessem saberia ensinar-lhes que era pecado”. Aluna precoce e excelente ajuda as colegas sem dar nas vistas. Ingressa, por dois anos, no Colégio das Doroteias, em Lisboa, onde, já adolescente, continua a revelar-se uma aluna piedosa, de grande devoção eucarística, empenhada na catequese e na visita aos doentes. Da sua mãe recebe a devoção especial a Santa Teresinha, sua grande companheira.

Imbuído da mentalidade positivista, promovida entre os estudantes, o pai, Dr. Alfredo Pimentel, perdera a fé durante o curso, em Coimbra. Embora generoso e altruísta, mantém-se afastado da fé e da sua prática. Maria da Conceição sofre com isso profundamente e abriga em si a ambição missionária da conversão do pai. Questionada por responde: ‘O pai já sabe… o melhor que me pode dar é ser amigo de Jesus, ir à Missa comungar, ser cristão! O pai é amigo de toda a gente, ajuda os pobres e não há-de ser amigo de Jesus?” Mas o pai leva na conta de arroubos de adolescente aquelas tentavas de a filha o reconduzir à fé. A jovem confidencia a uma amiga: “Se Deus me enviasse uma grande provação, fosse até o dom da minha própria vida, pela conversão de meu querido pai, eu a acolheria sem hesitar”. Reza, suplica, sacrifica-se, oferece a sua vida, no maior segredo, partilhado apenas por duas ou três amigas.

E Maria da Conceição adoece, atingida pela febre tifóide. É internada no Hospital de S. Luís em Lisboa. Tudo foi feito para lhe salvarem a vida. Mas ela sabe que a resposta de Deus à sua oferta será outra. Sofre, durante dois meses, tudo oferecendo a Deus pela conversão do pai. E no dia 6 de Junho de 1940, com 17 anos apenas, Maria da Conceição morre serenamente. “Vou para o Céu” é o testamento que deixa, sorrindo, aos pais e aos muitos amigos que virão.

As amigas de Sãozinha revelam à família a o grande sacrifício de imolação pela conversão do pai. Um mês passado sobre a morte da filha (na missa do trigésimo dia), o Dr. Alfredo Pimentel sente-se impelido à confissão… Foi, até à sua morte, ocorrida trinta anos mais tarde, um católico exemplar e piedoso, desempenhando com zelo e humildade, no Santuário de Fátima, humildes tarefas ao serviço dos doentes. Todos os anos ali participaria nos retiros para médicos católicos.

E o sonho “de uma grande casa para velhinhos e crianças”, que Sãozinha alimentava, frutificou no que é hoje o Instituto de Beneficência Maria da Conceição Ferrão Pimentel, com cinco casas em Portugal, abrangendo todas as valências educativas e assistenciais, para crianças e idosos. No Instituo da Abrigada funciona também a sede da Causa de Beatificação da Sãozinha, introduzida em 1990, que publica o boletim trimestral Florinha da Abrigada.

texto de Alberto Júlio Silva
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