Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Falar da Vida

É-nos mais fácil falar da Cruz e da morte do Senhor que da Ressurreição e da vida. Porque da morte fazemos experiência quotidiana: as notícias de catástrofes ou de desastres, que nos chegam pela televisão; os amigos e familiares que morrem e deixam o nosso convívio; o aborto e todos os outros atentados à vida que se tornaram para muitos algo de que nem vale a pena falar, ainda que os condenem – vivemos com a morte, habituamo-nos a ela. João Paulo II falava de uma “cultura de morte” que nos rodeia e que a transforma quase numa inevitabilidade. Como se tivéssemos sido criados para morrer.

Falar da vida é mais difícil. Não só porque a vida é o ponto de partida, a realidade comum a todos, como, sobretudo, porque falar dela exige que tomemos uma posição. Falar da vida exige a quem o faz que diga o que significa viver, e que se comprometa com esse significado: podemos ir vivendo, sem sentido, à espera que os nossos dias acabem; podemos ir vivendo na procura de que o nosso nome permaneça para sempre na memória dos que vierem a seguir (e basta vermos como, alguns anos depois, caem no esquecimento os nomes e os feitos dos grandes, mesmo dos que vêm nos livros de história); podemos viver procurando transformar o mundo para o deixarmos um pouco melhor que aquilo que o encontrámos, e pensar que, ainda que no anonimato, fizemos história. Mas tudo isso é apenas o “esbracejar humano” à procura de um sentido. Sabe sempre a pouco.

No fundo, não percebemos a Cruz de Jesus Cristo – não percebemos como ela é expressão do Amor até ao fim, e como a Sua morte traz consigo, para todos nós, uma oferta de Vida: de uma vida plena porque é vida com Deus. O acontecimento da ressurreição de Jesus é a resposta a todas as nossas procuras: o Ressuscitado vai à procura dos discípulos, mortos no coração e desanimados com a morte do Mestre, e mostra-lhes um outro sentido para o viver e para a vida, não conquistado pelas suas mãos mas oferecido por Deus; não garantido pela sua coragem ou mesmo pela sua bondade, mas garantido, para sempre, pelo Amor eterno de Deus. Falar da Vida; mostrar e testemunhar a Vida eterna; anunciar que Deus venceu por nós a morte e que nele também nós a podemos vencer – todas as mortes e a morte que nos faz deixar de existir, a morte do pecado: esse é o grande motivo da Evangelização e da missão de cada cristão e da Igreja de todos os tempos. Esse é o grande motivo da própria caridade: perante tantas situações de morte em que vemos os nossos irmãos, não podemos deixar de gritar e de dar testemunho da Vida – daquela que surge, ainda hoje, surpreendente e persistentemente da Ressurreição de Jesus e que se destina a todos.

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