Domingo |
À procura da Palavra
Carta aos apóstolos que olhavam para o céu

ASCENSÃO DO SENHOR  Ano C

"Homens da Galileia,

porque estais a olhar para o Céu?”

Act 1, 11

 

Queridos apóstolos

Como deve ter sido surpreendente e dolorosa a despedida de Jesus! É verdade que aqueles quarenta dias foram cheios de surpresas, e as aparições de Jesus confirmavam a sua presença que podiam ver e tocar. Pensar que Ele não mais caminharia convosco pelas vilas e aldeias, que não escutariam mais as suas palavras nem o veriam a expulsar demónios, que não seria rodeado pelas multidões nem comeria convosco, reclamava uma relação nova com o Mestre. Uma relação em que os sentidos, o ver, o tocar, e o ouvir, já não seriam predominantes e era preciso uma linguagem mais interior, mais despojada. Também nós ficaríamos a olhar para o céu, com receio de baixar os olhos e nunca mais vermos o rosto de Jesus.   

Mas esta separação de Jesus não foi um abandono. Ela continha uma promessa: a força do Espírito Santo que viria sobre vós, e também sobre nós ao longo dos tempos. Essa força que recria a presença de Jesus Ressuscitado nas nossas vidas. Com o dom do Espírito receberam também uma missão: ser testemunhas de Jesus até aos confins da terra. Estes confins da terra que são o lugar em que cada um de nós habita, mas também os confins do coração e do pensamento onde a luz de Jesus ilumina e projecta a humanidade a horizontes plenos de amor. Quantas vezes é mais difícil chegar aos confins do coração de uma pessoa do que aos lugares mais inóspitos do planeta! Nesse momento não perceberam, certamente, que Jesus estava a confiar-vos (e a nós que acreditamos n’Ele) a construção do Reino de Deus. Não uma restauração da grandeza do reino de Israel, nem nenhum império para dominar o mundo (que em alguns momentos da história houve quem tentasse realizar!), mas o seu reino de paz e justiça, de amor e perdão.

Ficar a olhar para o céu é ainda uma tentação nossa. Esperar que Deus resolva aquilo que não queremos olhar de frente, que exige a nossa conversão e o despojamento de algumas ideias de grandeza que nos absorvem, é muito comum. Claro que às vezes também nos metemos a tentar mudar tudo e todos um bocadinho “à bruta”, convencidos que temos a verdade toda e que fazemos a vontade de Deus. Acabamos sempre por descobrir que deixámos de escutar o Espírito Santo e de amar aquilo que precisava ser mudado. É o risco de Jesus nos ter deixado como “manual de instruções” o mandamento do amor e a presença do Espírito Santo! Lembram-se como Ele gostava de vos devolver as perguntas que lhe punham, confiado que encontrariam resposta dentro do vosso coração? Creio que continua a fazer o mesmo connosco.      

Com o Concílio Vaticano II (esse modo de nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo, que fala e age em todos, como vocês iriam brevemente descobrir) a Igreja começou a dedicar este dia aos meios de comunicação social. E nem imaginam como hoje é rápido saber-se alguma coisa e estar ligado a meio-mundo. As redes sociais trazem desafios imensos. A mensagem deste ano fala delas como “portais de verdade e fé”. Mas os seus perigos também são reais. E um deles é certamente a dependência que geram nos mais novos. Com a grande desresponsabilização de pais e educadores. Será que não andamos demasiado a olhar para o céu e a assobiar para o lado? Bem, são problemas que vocês não tinham. Obrigado por terem assumido a missão que Jesus vos confiou!

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