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A uma janela de Roma
“Ninguém é inútil na Igreja, todos somos necessários”
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O Papa Francisco garantiu que “todos somos iguais aos olhos de Deus”. Na semana em que criou uma comissão especial para rever as atividades do banco do Vaticano, o Papa foi à estação de caminho-de-ferro receber 250 crianças, incentivou os cristãos e falou novamente do carreirismo na Igreja.

 

1. Não há cristãos de primeira nem de segunda na Igreja, são todos iguais, assegurou o Papa Francisco esta quarta-feira, dia 26, durante a audiência-geral, no Vaticano. De improviso, e interrompido por constantes aplausos, Francisco garantiu que nem o Papa é mais importante que o resto dos cristãos. Todos fazem falta. “Ninguém é inútil na Igreja, todos somos necessários. Ninguém é secundário. ‘Ai, eu sou o mais importante na Igreja’. Não! Todos somos iguais aos olhos de Deus. Todos”, afirmou com veemência perante a plateia. “Algum de vós pode dizer: ‘Mas, o Papa não é igual a nós’. Sim, sou como um de vocês, todos somos iguais, somos irmãos”, sublinhou.

Francisco lembrou ainda que todos devem viver a sua fé com alegria e não com enfado. “Como vivemos o nosso 'ser Igreja'? Somos pedras vivas ou somos, por assim dizer, pedras cansadas, aborrecidas, indiferentes? Não veem que coisa feia é um cristão cansado, aborrecido, indiferente? É feio, um cristão assim, não interessa! O cristão deve ser vivo, alegre por ser cristão", defendeu.

Esta foi a última audiência pública antes da pausa de Verão. As audiências gerais, que todas as semanas juntam milhares de pessoas na Praça de São Pedro à quarta-feira, vão estar suspensas em julho e serão retomadas a 7 de agosto. O Papa, refira-se, decidiu passar os meses de Verão na Casa de Santa Marta, no Vaticano, onde reside desde a sua eleição. No dia 14 de julho, Domingo, vai presidir à oração do Angelus em Castelgandolfo, a habitual residência de férias dos Papas.

 

2. O Vaticano anunciou esta quarta-feira a criação da Comissão Especial criada pelo Papa para rever as atividades do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), mais conhecido por Banco do Vaticano. O objetivo do Papa é assegurar que a atividade do IOR não se afasta da missão da Igreja, e que o banco não está a ser usado para branqueamento de capitais ou financiamento de atividades ilícitas. A decisão de criar a comissão surge depois de um recente relatório ter revelado a existência de movimentos financeiros suspeitos e no contexto de uma grande operação iniciada pelo Vaticano para tentar tornar a instituição mais transparente.

A comissão é composta por cinco pessoas, incluindo dois cardeais, um bispo, um padre e uma leiga, e reporta diretamente ao Papa.

 

3. No Angelus de Domingo, o Papa Francisco evocou a vida de São João Baptista e, de improviso, dirigiu-se em particular aos mais jovens: “Não tenham medo de andar contra a corrente”. “Querem-nos roubar a esperança quando nos propõem valores que estão envenenados, como um prato envenenado que nos faz mal. Mas devemos andar contra a corrente. E vocês, jovens, devem ser os primeiros a andar contra a corrente e a ter o orgulho de o fazer”, afirmou, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

“Quantas pessoas pagam um preço caro por se empenhar pela verdade. Quantos homens retos preferem andar contra a corrente por não renegarem a voz da consciência, a voz da verdade”, lamentou. “Para a frente! Sejam corajosos e andem contra a corrente!”, incentivou por fim Francisco.

 

4. Neste mesmo Domingo, dia 23, o Papa dirigiu-se à estação de caminhos-de-ferro situada dentro do Estado do Vaticano para receber cerca de 250 crianças com problemas psicossociais, que partiram de Milão, completando um trajeto de 600 quilómetros. Os passageiros deste comboio, crianças que na maior parte dos casos têm de 6 a 10 anos, residem em Itália e são de 12 nacionalidades, encontraram-se durante meia hora com Francisco, revela a Rádio Vaticano.

As crianças ofereceram ao Papa os desenhos e outros trabalhos realizados durante a primeira fase do projeto ‘O comboio das crianças - Viagem através da beleza’, que incluiu a visita às catedrais das suas cidades, para conhecerem a sua arte e história. O objetivo do projeto, desenvolvido em colaboração com a companhia estatal de caminhos-de-ferro transalpina, foi promover a experiência da arte e proporcionar o conhecimento da linguagem das imagens, educando as crianças para a beleza e para a cooperação, refere o Pontifício Conselho da Cultura. “Parti precisamente das crianças porque penso que está nelas a raiz da qual devemos construir uma geração de jovens que tenham a beleza da criatividade - que não pareçam já velhos à partida, que não estejam já desencorajados como nós, mas que estejam prontos a viver pelo melhor o futuro que os espera”, explicou o cardeal Ravasi.

 

5. O Papa Francisco encontrou-se sexta-feira, dia 21, em Roma, com 108 núncios apostólicos, os representantes diplomáticos da Santa Sé por todo o mundo, sublinhando que “um bom candidato a bispo é precisamente alguém que não se esforça por chegar a essa posição”. Nesta audiência, onde esteve o representante diplomático da Santa Sé em Portugal, D. Rino Passigato (na foto), o Papa voltou a criticar o carreirismo na Igreja, como já fez em diversas ocasiões. Francisco explicou que um bispo tem a Igreja por esposa e não anda constantemente à procura de outra. Por isso, descreveu um bom candidato a bispo como sendo “manso, paciente, próximo das pessoas” e desprovido de qualquer “psicologia de príncipe”.

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