Ano da Fé |
Santo António de Lisboa e Beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires
Converter e ensinar
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Um foi frade franciscano e o próprio Papa lhe chamou “Arca do Testamento”; tinha o desejo de converter o mundo à fé de Cristo, mas o sopro do Espírito o levou a ser missionário na Europa. O outro, sendo frade dominicano, nada mais desejava do que preparar futuros pregadores da sua Ordem, mas a obediência fez dele bispo – reformador da Igreja, padre conciliar. Praticou até ao heroísmo a divisa que escolhera: Arder e iluminar. Não se conformar com o espírito deste mundo.

 

Santo António de Lisboa, religioso (OFM), sacerdote e Doutor da Igreja

Nascido entre 1190-1192 e baptizado na Sé de Lisboa com o nome de Fernando frequentou a escola da catedral. Admitido nos Cónegos Regrantes de Stº Agostinho, do Mosteiro de S. Vicente de Fora, ali fez a profissão religiosa. Transferido para o Mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra, ali prossegue os estudos de teologia. A Igreja vivia a “Primavera franciscana”, com a providencial decisão de Francisco de Assis (1209), de iniciar numa pequena comunidade a vivência radical do Evangelho. O jovem cónego agostiniano tem o primeiro contacto com a família franciscana no eremitério de Santo António dos Olivais. Em 1220 chegam ao Mosteiro de Santa Cruz as relíquias dos primeiros mártires franciscanos, os Mártires de Marrocos, recentemente mortos pelos muçulmanos. É um acontecimento que dá um novo rumo à vida do futuro santo. Já ordenado padre, obtém licença para mudar de Ordem e em 1220 toma o hábito franciscano. Vive-se então na Europa o fervor das Cruzadas; frei António decide pregar o Evangelho entre os infiéis e parte para Marrocos. Ainda conseguiu desembarcar mas uma grave doença forçou-o a regressar. Porém, na viagem de retorno uma forte tempestade obrigou a nau a seguir a rota da Sicília. Foi recebido no convento de Messina e participou no Capítulo Geral da Ordem em Maio de 1221. Juntou-se à comunidade do eremitério de Montepaolo; os irmãos reparam na sua grande modéstia mas não suspeitam dos seus profundos conhecimentos teológicos. Incumbido de pregar na cidade de Forlì, fá-lo com tal sabedoria e eloquência que a vida se lhe modificou, a partir daquele dia. Ninguém, até ali, se apercebera dos seus dotes oratórios. A sua vida passaria a ser uma vida de pregador da palavra de Cristo. Entre 1223 e 1225 percorre diversas regiões da Itália e por ordem do próprio São Francisco é mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse. Em 1228 pregou em Roma na presença do Papa Gregório IX, que o apelidou de “Arca do Testamento”. Em 1226, Santo António estabeleceu-se em Pádua, como pregador, e ali compôs os seus Sermões dominicais e festivos. As suas palavras, muito acessíveis, enchem as igrejas, os adros e as praças. Todos lhe querem tocar e o santo tem de ser protegido por escolta. Surge entre o povo a fama de que faz milagres. Vem daqui a milagrosa pregação aos peixes, em Rímini, na costa do Adriático. Mas, embora novo em anos, Frei António estava consumido e exausto. Sentindo-se doente pede para morrer em Pádua, mas a “irmã morte” recebe-o no caminho, num pequeno convento de Clarissas, em Arcela. Era uma sexta-feira, 13 de Junho de 1231. Foi canonizado em 1232, menos de um ano após a morte. Pio XII proclamou-o Doctor Evangelicus.

Uma boa maneira de homenagearmos Santo António é ler os seus Sermões. Edições disponíveis: Lello & Irmão; Imprensa Nacional-Casa da Moeda; Editorial Franciscana.

 

Beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires, religioso (OP), Arcebispo

Um Hagiólogo do século XVIII chama a Frei Bartolomeu dos Mártires glória da Cidade de Lisboa, singular ornamento da Religião de S. Domingos, cuja admiravel luz refplandecendo na Primacial de Braga illuftrou toda a egreja Catholica como perfeita idéa de Prelados… Nascido em Lisboa, na freguesia de Nossa Senhora dos Mártires, em Maio de 1514, adoptou como religioso o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires, em homenagem à igreja onde se fez cristão. Professou como frade dominicano em 1529. Ensinou Teologia e Filosofia durante 28 anos nos Conventos dominicanos de Lisboa, da Batalha e de Évora. A sua Ordem outorgou-lhe o título de Doutor e de Mestre em Teologia. Foi Prior do Convento de Benfica e só por obediência aceitou a eleição para Arcebispo de Braga. Entrado na Arquidiocese em 1559, imediatamente iniciou a sua visita pastoral à extensa Arquidiocese de Braga, actividade pastoral a que dedicou grande parte do seu tempo. Preocupado com a ignorância religiosa do povo e mesmo do clero, elaborou um Catecismo da Doutrina Cristã e Práticas Espirituais para o Povo (com 15 edições); redigiu também uma colectânea de sermões para as principais festas, a fim de serem lidos nas paróquias durante o ano litúrgico e muitas obras doutrinais. A sua obra Stimulus Pastorum (com 22 edições) foi distribuída aos Padres Conciliares dos Concílios Vaticano I e II. Chamou a Companhia de Jesus para dirigir os estudos públicos, que depois se transformaram no Colégio de S. Paulo. Tendo sido convocado para Trento um Concílio ecuménico, D. Fr. Bartolomeu nele participaou, de 1561 a 563, como Primaz das Espanhas. As Actas do Concílio chamam-lhe «douto e religiosíssimo Prelado», «homem de grande santidade e religião». No Concílio apresentou 268 petições, que foram outras tantas interpelações à necessidade de Reforma da Igreja. S. Carlos Borromeu afirma que o tomou como exemplo. Regressado a Braga iniciou de imediato a aplicação do Concílio convocando um Sínodo Diocesano em 1564, e outro, Provincial, em 1566. Em 1571-1572 fundou o Seminário Conciliar de Braga. Foi homem de extremada caridade, promoveu a assistência a todo o tipo de pobres; e por eles distribuía tudo quanto tinha. Preferiu para si a pobreza extrema, para poder socorrer os mais necessitados. Ao apresentar a renúncia ao Arcebispado, em 1582, recolheu-se ao convento dominicano de Viana do Castelo, onde morreu a 16 de Julho de 1590. Em Vida do Arcebispo, Fr. Luís de Sousa deixou-nos dele um retrato completo e um clássico da literatura. Foi beatificado em 2001 e tem memória litúrgica no dia 18 de Julho. 

texto por Alberto Júlio
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