Entrevistas |
Thereza Ameal, autora de livros de orações para crianças
“Levar o amor de Jesus às crianças e às suas famílias”
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Os seus livros já chegaram ao outro lado do mundo. Thereza Ameal publicou, nos últimos dois anos, as obras ‘As minhas primeiras orações’ e ‘Orações para todas as ocasiões’ e no início de mais um ano letivo e pastoral deixa ao Jornal VOZ DA VERDADE pistas para a evangelização das crianças e… dos adultos.

 

‘As minhas primeiras orações’ e ‘Orações para todas as ocasiões’ são duas obras da sua autoria, dirigidas às crianças, onde procura ajudar os mais novos a rezar. Que livros são estes?

Com estes dois livros procurei ajudar as crianças a verem Deus de uma forma muito pessoal, como um amigo próximo, que está ali para todas as ocasiões e com quem se partilha a vida em todos os momentos. ‘As minhas primeiras orações’ surge porque a editora queria algo para crianças a partir dos 4 anos, porque não há muita coisa para crianças tão pequeninas. Com esta obra eu pretendi levar Deus, e levar o amor de Jesus, às crianças e às suas famílias. Normalmente são os pais que transmitem a fé, mas o meu marido e eu, que trabalhamos muito com famílias e casais, temo-nos apercebido que houve um lapso de tempo e que hoje em dia há muitos pais que já não sabem como fazê-lo. Porque muitos deles já perderam os hábitos de oração e são os avós que quando têm os netos em casa rezam com eles. Portanto, eu queria uma coisa que fosse fácil e que os próprios pais, através do facto de terem que ler, pudessem levar Deus à família inteira.

‘Orações para todas as ocasiões’ é um livro também para crianças, mas enquanto o primeiro livro tem orações para todos aqueles momentos da vida, como o acordar, o deitar, o antes de comer, o quando tenho medo… esta segunda obra tem um pouco mais de vida da Igreja, com orações para a Primeira Comunhão, o Batismo, o casamento, a Páscoa. Aliás, a Páscoa é um dos temas que me foi pedido especificamente, porque me diziam muitas vezes que é tão difícil explicar a Ressurreição a uma criança… o Natal é muito fácil, com a alegria do nascimento, o Menino Jesus, mas a Páscoa… Porque para as crianças, a própria ideia da morte é longínqua e um bocadinho incompreensível; agora, a morte e a Ressurreição é mais difícil ainda!

Poderia dizer que tanto um livro como outro, mais do que escritos, foram rezados. Normalmente, antes de escrever, ia sempre para o meu santuário-lar, que tenho em casa como ‘schoenstattiana’ que sou, punha-me a rezar e depois tentava colocar-me dentro do que é o espírito e o coração de uma criança, para poder ter as palavras delas. A primeira oração que escrevi para estes livros foi a oração ao Espírito Santo! Porque eu andava a rezar tanto ao Espírito Santo para me ajudar, que foi a primeira que Ele me inspirou!

 

Em cada oração, os livros desafiam também a uma ação em concreto. Porque esta opção?

Outra das coisas que foi sempre muito importante para mim é a ideia de ligar a oração e a ação. Ser cristão não é dizer que se é muito amigo do Menino Jesus, ou dizer umas coisas muito bonitas a olhar para o céu, mas sim seguir Jesus e colocar as coisas no concreto da vida. Daí que em todas as orações esteja incluída uma dinâmica para fazer algo que ajude a pôr em prática aquilo que se rezou. É engraçado e além do mais apercebi-me que o livro acaba por ter ‘fãs’ de muitas idades: tenho desde miúdos de 3, 4 anos – que sabem o livro de cor, porque o ‘liam’ com os pais e agora conseguem dizer a orações mesmo sem ler –, até crianças de 8 anos, que me enviam as suas próprias orações, muito bonitas e tão transparentes, até miúdos muito mais velhos.

 

E nos adultos, consegue ter perceção do impacto que estes dois livros têm criado?

Tem sido uma grande surpresa! Pessoas que eu não conheço de lado nenhum mas que me vêm falar dos livros e dizem: ‘Olhe, eu já não rezava há mais de vinte anos e hoje em dia apanho-me a rezar outra vez à conta dos seus livros!’ De facto, são livros dirigidos às crianças, mas acabam por chegar também aos pais! Por exemplo, um dos livros fala do nascer e do pôr-do-sol, procurando ajudar as crianças a encontrar Deus na beleza e na contemplação da natureza. Isso é algo que toca extraordinariamente um adulto. No lançamento de um dos livros, houve uma pessoa, que eu não conhecia, que me pediu para eu assinar um livro. Ela depois abriu-o e deparou-se com a ‘oração de quando tenho medo’. Essa pessoa ficou com os olhos cheios de lágrimas. Porque, de repente, aquilo era para ela! O Espírito Santo fala quando quer e como quer e muitas vezes é de maneiras muito inesperadas.

 

O livro ‘As minhas primeiras orações’ teve tradução para italiano e coreano…

Deus gostou do projeto! Este projeto foi para Ele e foi entregue também aos pés de Nossa Senhora, e realmente foi muito inesperado porque geralmente as obras de cariz religioso não têm um enorme mercado e não são muito fáceis de colocar em livrarias, a não ser nas livrarias especificamente religiosas. De repente, os livros tiveram um sucesso completamente inesperado. Inclusivamente, o primeiro livro foi traduzido, na feira de Frankfurt, para italiano e coreano! Não sei se haverá mais algum livro português traduzido na Coreia! Foi uma alegria enorme e já tenho inclusive no Facebook fotografias de um bebé, mínimo, com o livro em coreano!

 

Como se sente, ao evangelizar do outro lado do mundo?

Para mim foi surpreendente! Pensei: ‘Não posso acreditar! Sou eu e o São Francisco Xavier a fazer a evangelização da Ásia!’. Mas realmente, é espantoso como é que a obra lá chegou e principalmente o facto de haver crianças, em tantas partes do mundo, que se identificam com este tipo de linguagem que o livro tem e com os desenhos fabulosos da Raquel Pinheiro.

Deixe-me também referir que os dois livros, ‘As minhas primeiras orações’ e ‘Orações para todas as ocasiões’, já foram traduzidos para espanhol, através de uma editora colombiana, para serem distribuídos em toda a América Latina! Ainda não são comercializados em Espanha porque o castelhano é diferente e tem ainda de ser feita a tradução de maneira apropriada. Neste momento, o primeiro livro está já traduzido para inglês, o segundo está a caminho de ser, o que vai ser importante para que nas feiras internacionais os editores compreendam o seu conteúdo.

 

Em Portugal, estas duas obras fazem parte do Plano Nacional de Leitura, o que lhes confere um ‘carimbo’ de qualidade, concorda?

É muito raro obras de cariz religioso entrarem no Plano. Parecendo que não, na verdade, para muitos pais, principalmente aqueles que estão afastados da Igreja e não sabem bem avaliar uma obra do ponto de vista religioso, o facto de os livros estarem no Plano Nacional de Leitura confere-lhes esse carimbo de qualidade. Ao mesmo tempo, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura aconselhou o segundo livro, o que para mim, pessoalmente, foi fantástico, porque é o selo de qualidade do ponto de vista do conteúdo.

 

Referiu que estes livros foram muito rezados. Qual a importância da oração na sua vida?

É a maior! Acho mesmo que sem oração não conseguia viver a vida como vivo! Hoje em dia, a vida, em tantas coisas, é tão difícil e tão pesada, e a oração é o que nos dá forças para tudo e nos enche de alegria. Uma das coisas que procurei colocar nestes livros é a oração de louvor, de contemplação. Porque a oração de petição é a mais habitual, é a que nos ‘sai’ mais facilmente, mas a oração de louvor, o concentrarmo-nos em Deus em si mesmo e na alegria da sua presença, é como ir à fonte buscar a inspiração para a vida, para tudo! Lá em casa rezamos em família, com os nossos filhos, rezamos o Terço diário, o meu marido e eu fazemos pelo menos meia hora de oração no santuário-lar. Todos os tempos de oração vão marcando o ritmo do dia! De alguma forma, é uma maneira também de encaminharmos a vida inteira para Deus. Deus dá-nos forças para a vida e nós entregamos-Lhe a vida também, inteira!

 

Qual a importância de as crianças começarem a rezar desde tenra idade?

É muito bom que as crianças comecem a rezar desde pequeninas, porque há uma espontaneidade incrível, sobretudo quando elas não têm ainda grandes ‘fórmulas’ e abrem o coração! Acredito que esses hábitos ficam para sempre! Para as crianças pequenas, o rezar as orações da Igreja, como o Pai Nosso e a Avé Maria, é importantíssimo, mas ao mesmo tempo é importante que tenham aquela oração espontânea, aberta, original!

 

O que sente ao escrever para crianças?

Antes de mais, é uma alegria enorme, um prazer! Às vezes parece fácil, porque as orações são muito curtinhas, mas na verdade é muito mais difícil. Porque muitas vezes escrevo a oração e depois tenho de a ir depurando, cortando, cortando, cortando… Ao mesmo tempo, é um prazer enorme e ajudou-me a voltar a ter que simplificar e a pensar e sentir como uma criança.

 

Quais os projetos para o futuro? Pensa continuar a escrever para as crianças?

Antes de mais, tenho um terceiro livro na calha, na continuação destes, mas a editora é que vai decidir se é ou não o momento de o publicar. É um livro no qual alguns dos temas foram pedidos por catequistas. Fala, por exemplo, dos dons do Espírito Santo, das obras de misericórdia, mas mantendo o mesmo tipo de linguagem e as tais dinâmicas de ação. Está praticamente acabado, apesar de ainda não estar ilustrado porque vai depender da decisão da editora, mas gostava muito que seguisse a mesma linha e tivesse as ilustrações da Raquel. Por outro lado, o meu filho João Maria, que é músico e tem uma banda, fez várias músicas para crianças com estas orações que são um sucesso enorme entre os mais pequenos! Os miúdos adoram e um dos projetos no futuro será fazer um áudio-livro. Finalmente, tenho projetos para adultos, porque nestes anos reuni diverso material dirigido à família, que pode ser útil para os casais e como ajuda a quem trabalha com casais.

 

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Perfil

Licenciada em História pela Universidade Clássica de Lisboa, Thereza Ameal é secretária da direção da Creche da Graça, uma IPSS da Fundação Maria do Carmo Roque Pereira, em que o presidente é sempre o pároco da Graça, em Lisboa. Co-fundadora da ‘Corrente de Oração Pela Vida’ e do grupo ‘Vidas com Vida’, pertence, juntamente com o marido, ao Movimento Apostólico de Schoenstatt e à Comunidade Cristo de Betânea (Renovamento Carismático). Casada e mãe de dois filhos, Thereza esteve no início da fundação da Federação Portuguesa Pela Vida, tendo sido, durante muitos anos, membro dos órgãos sociais. Além de autora das obras ‘As minhas primeiras orações’ (2011) e ‘Orações para todas as ocasiões’ (2012), Thereza Ameal é ainda coordenadora/co-autora da obra ‘Nossa Senhora na História de Portugal’ (2005). “Dois dos contos são meus, bem como a coordenação da obra. Inicialmente, o livro pretendia ligar Nossa Senhora e a cultura portuguesa, mas depois lembrei-me de fazer isso para crianças, através de contos”, refere Thereza.

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