Missão |
João Ferrão
A Fé é um caminho
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João Ferrão nasceu a 12 de Abril de 1985 em Lisboa. Foi no Lumiar que cresceu e viveu com os pais e com os dois irmãos, ambos mais novos. Quando começou a trabalhar alugou um quarto no Bairro Alto onde vive atualmente na companhia dos seus dois gatos.  

 

Passos académicos e profissionais

Concluiu o Mestrado em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico em 2010. Não satisfeito, e consciente de que as pessoas são multidisciplinares, decidiu fazer uma Pós-Graduação em Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.

Apesar de ter dado explicações de matemática e inglês durante a faculdade, a sua vida profissional começou em Março de 2010, quando foi estagiar para França, para o IFP – Institut Français du Pétrole, onde escreveu uma tese de mestrado ilegível sobre colunas de destilação. Chegou a Portugal em Setembro desse ano e começou a trabalhar como consultor na SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação. Um ano e meio depois, em Março de 2012, entrou para a “F-Iniciativas”, também como consultor, de onde se despediu, na passada sexta-feira, pronto para partir rumo a Angola como missionário.

 

Regresso à fé

Sempre frequentou colégios católicos, o que rapidamente fez de si um ateu, conta-nos João. “Deixei de acreditar formalmente no final da adolescência e voltei à fé a meio dos vintes. A fé é essencialmente um caminho e o primeiro passo deve ser dado por nós, de livre vontade. Forçar alguém a ser crente é meio caminho andado para afastar alguém da religião.”

O seu percurso de regresso começou com a leitura de alguns dos seus escritores preferidos (“As Confissões”, de Tolstoi, Thoreau, T.S. Eliot) que o fizeram repensar a ideia que tinha da religião – de que não era apenas uma explicação fácil para o mundo e um consolo pobrezinho para pessoas fracas de espírito ou a passar por situações difíceis. Percebeu que era exatamente o contrário. “A partir daí tem sido um caminho de pequenos passos: a primeira vez que vamos à missa de livre vontade, que nos confessamos, que experimentamos ler a Bíblia. Ao longo deste caminho, tenho tido a bênção de não estar rodeado de beatos aborrecidos, e de todos os meus amigos cristãos terem uma infinita paciência para me esclarecer as minhas dúvidas infinitas e lidar com todas as minhas idiossincrasias e teimosias”, revela João.

 

Haverá “Deuscidências”?

Às vezes os passos são dados quase por acidente, naquilo a que João gosta de chamar “Deuscidências”. Por exemplo, a primeira vez que foi à missa livremente. João estava há duas semanas em Lyon e num sábado, ao dar um passeio solitário pela cidade, começou a chover. Abrigou-se debaixo do átrio de uma igreja. Na porta, um cartaz: “Dimanche: messe à 19h00 animée par les jeunes”. No dia seguinte estava sentado em casa a ler. Olhou para o relógio que marcava 18h20 e pensou: “se pegar na minha bicicleta ainda chego a horas”. Deslizou por Lyon e entrou na igreja. Dezenas de jovens enchiam a catedral e o cântico de entrada com uma alegria que João não achava possível na religião. Assistiu à missa até ao fim, com um sorriso. E nunca mais deixou de ir. “Disse anteriormente que o meu percurso “tem sido” porque julgo que a fé é um caminho que não termina nunca. Caminhamos para uma perfeição, que é Deus, mas vamos tendo muitas dúvidas, errando muito (e corrigindo muito também), ao longo de toda a nossa vida. O segredo é não desanimar e sentir essa alegria tão especial que só os crentes conhecem.”

 

Angola, mais um passo no caminho de Deus

Neste momento, João está prestes a dar mais um passo no caminho: irá para Angola por dois anos como missionário. Mas esta não é a sua primeira Missão. Começou a fazer voluntariado ainda no final da adolescência, por volta dos 16 anos, trabalhando com adolescentes e crianças de bairro em Lisboa – a Musgueira. Desde então tem colaborado com vários grupos, a saber, na distribuição de alimentos a sem-abrigos com a Associação Conversa Amiga; no apoio escolar a crianças no Bairro Pe. Cruz com a WACT; Animando crianças de casas de acolhimento com a CANDEIA; e na Direção do Jornal Diferencial – o Jornal dos Estudantes do Técnico.

Em todos estes projetos tem encontrado pessoas extraordinárias, pessoas com empregos de 8-10h/dia, com marido/mulher e filhos, mas que ainda arranjam tempo para, por exemplo, planear atividades e negociar patrocínios. Tudo isto com um entusiasmo contagiante e sem se queixarem do cansaço, da crise, do governo ou do Sporting que não ganha.

A maioria dessas pessoas era cristã e mostrava um espírito de dedicação e entrega semelhante ao que encontrou, mais tarde, nos encontros europeus de Taizé. “Essa força e esse entusiasmo mexem muito comigo e têm sido centrais no meu caminho para Deus. Sabendo o bem que me faz o voluntariado, o quão feliz fui quando participei nos vários projetos onde estive envolvido e a possibilidade que me dá de conhecer pessoas extraordinárias que funcionam quase como modelos, considerei que seria interessante dedicar-me um bocadinho mais a sério a um projeto humanitário.”

João Ferraz partirá por dois anos com a FIDESCO para Angola, onde estará responsável pela gestão da editora dos Salesianos e por um projeto de integração social de crianças de rua.

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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