Doutrina social |
Novo ano pastoral
Uma fé que transforme o olhar e o mundo
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O mês de Outubro é como que a rampa de lançamento para um novo ano pastoral. É o retomar da caminhada de quem é peregrino sobre a terra, mas animado pela busca da pátria definitiva. É o mês do Rosário colocando o crente numa referência constante a grandes momentos da história da salvação; mas é também o mês em que diversas causas da humanidade nos são postas à consideração, como as missões, o trabalho digno, a luta contra o tráfico de pessoas.


Mês das Missões
Falar de Missões leva-nos a entender que, se há fé, essa nos abre os horizontes do universo todo, faz-nos sair da visão estreita e redutora que não enxerga para além dos limites do quintal ou do país, ignorando o que se afirma ao proclamar com os lábios que Deus é Criador e Senhor de tudo e de todos. Esta visão constitui um desafio que procura arrancar a pessoa ao egoísmo, à tendência para o exclusivismo e para a exclusão, e a conduz à tolerância de que todos necessitam; que lança a pessoa na descoberta das igualdades que aproximam e dá sentido às diferenças que enriquecem; que de alguma maneira manifesta o mundo novo proclamado pelos profetas, concretizado em Jesus e continuado pelos seus discípulos. As línguas diferentes e as diferentes linguagens na comunicação, as formas diversas de encarar realidades semelhantes ou iguais, o trabalho em comum pelo mundo-casa de todos nós, constituem realidades que precisam de entrar na mente, no coração e na vida das pessoas e das comunidades; sem esta visão serão incapazes de vislumbrar a beleza da vida.


Trabalho Digno e Justo
A fé de uma Igreja que é peregrina e “por natureza missionária” força-nos a anunciar Aquele em quem acreditamos e a rejeitar os ídolos do paganismo contemporâneo. Os pagãos do tempo de Jesus eram por vezes extremamente religiosos, buscando nos ídolos a resposta para as suas interrogações; os de hoje perderam essa referência ao desconhecido, fechando-se nos exíguos limites do imediato, ainda que tendo de sacrificar os mais nobres valores, como a dignidade da pessoa ou do seu trabalho, o que manifesta a pobreza de horizontes e de perspetivas que atingiu grande parte da humanidade. O trabalho deixou de ser uma expressão da pessoa e aquilo que hoje consideramos como um direito, para se transformar numa mera mercadoria sem dignidade. Por isso os diferentes grupos do Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE) decidiram uma ação conjunta para celebrar no dia 7 de Outubro a “Jornada do Trabalho Digno”, promovida pela OIT. Ainda que os pagãos de hoje considerem isso uma utopia, a consciência da dignidade humana não se resigna diante daquilo que é uma prioridade e não um privilégio, como o afirmava há dias a Liga Operária Católica (LOC/MTC). Não há humanidade enquanto a pessoa for qualificada a partir da sua utilidade momentânea. É um erro grosseiro e trágico, como referia o Papa na mensagem lida na sede da FAO no passado dia 16 de Outubro, ao falar da “cultura do descartável que por vezes leva a sacrificar homens e mulheres aos ídolos da ganância e do consumo”.


Luta contra o tráfico de pessoas
O dia 18 de Outubro foi assinalado como o “Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Pessoas”, uma forma moderna de escravatura, hoje mais sofisticada, mas não menos feroz. Estima-se que haja por ano entre 800.000 a 2 milhões de pessoas traficadas. Na véspera desse dia a Comissária Europeia Malmström afirmou que “num tempo em que um número crescente de vítimas está a ser identificado na UE, devemos dar um grito e um sinal de que não podemos permitir que esse sofrimento continue”. Na Igreja sempre apareceram pessoas que pela sua abertura e sensibilidade se anteciparam a ver a gravidade das situações que por vezes são assumidas como normais. Recordamos a rede internacional de religiosos e religiosas “Talitha Kum” destinada a combater essa peste; membro dessa rede é a CAVITP (Comissão de Apoio às Vítimas do Tráfico de Pessoas), criada pelas Congregações Religiosas. Ir ao encontro dos mais pobres que estão aqui e além é expressão da visão aberta e universal própria dos cristãos.

texto por P. Valentim Gonçalves, CJP-CIRP
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