Especiais |
Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém
Patriarca desafia ao testemunho, “sem medo”
<<
1/
>>
Imagem

No encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém, D. Manuel Clemente desafiou os cristãos ao testemunho. Após cerca de mês e meio de visita, o Patriarca de Lisboa salientou ter gostado “muito de ouvir o que se faz nas diversas paróquias” e convidou ao acolhimento e à oração.

 

A Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém foi uma experiência "muito rica que já está a dar frutos". O balanço da visita foi feito ao Jornal VOZ DA VERDADE pelo vigário, padre Arturo Carrascal, relevando que de alguns dos encontros de âmbito vicarial, que se realizaram entre os dias 6 de outubro e 17 de novembro, já saíram frutos. "É o caso do encontro que reuniu os intervenientes na área da Pastoral Social da vigararia, onde estiveram pessoas que se comprometeram a trabalhar mais, tomando mais consciência da missão que podem desenvolver", explica o padre Arturo. "Também no campo da Liturgia, aspecto sobre o qual o senhor Patriarca insistiu, acho que os leitores, os animadores de coro, os regentes, tomaram consciência de que animar a Eucaristia não é ir cantar umas canções", refere ainda o vigário, exemplificando algumas das áreas onde os frutos da visita se podem ainda verificar.

 

O desafio da evangelização

Durante mais de um mês, o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e os Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, passaram pelas paróquias de Apelação, Bobadela, Camarate, Catujal, Prior Velho, São João da Talha, Sacavém, Santa Iria da Azóia, e Unhos para conhecer e ver de perto as realidades de cada lugar.

Agora, ao terminar esta visita pastoral, segundo o padre Arturo Carrascal, ficam alguns desafios à vigararia mas, destaca, "o maior repto deixado pelo Patriarca de Lisboa na missa de encerramento é o de sermos testemunhas na nossa zona". “É esse o desafio”, reforça, "levar o Evangelho a todas as pessoas, realidades, ambientes em que estamos inseridos. E aqui na nossa zona de Sacavém, tudo está por fazer porque esta é uma vigararia difícil. Uma vigararia onde a prática religiosa é pequena e as pessoas, que são migrantes, vivem muito pensando na aldeia. Por isso, o repto que fica é esse: levar as pessoas a conhecer e aderir ao Evangelho nos diferentes campos e ambientes onde podemos estar inseridos".

 

Coragem no testemunho

Na missa de encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém, celebrada no passado Domingo, dia 17 de novembro, em São João da Talha, D. Manuel Clemente apelou para a coragem do testemunho. “O cristão que acredita na presença de Jesus Cristo e na sua vitória sobre o mal não desfalece, não deixa cair os braços. Deixa Cristo avançar através de si”, apelou o Patriarca de Lisboa, diante de uma assembleia que encheu o Pavilhão Desportivo de São João da Talha.

Na homilia da celebração a que presidiu, D. Manuel Clemente lembrou que “hoje somos os pés que Cristo tem para andar sobre o mundo, e a boca para Cristo falar ao mundo”. Por isso mesmo, apelou: “Não perguntemos o que havemos de fazer, mas perguntemos se estamos realmente disponíveis para que Cristo ressuscitado continue a realizar, através de nós, a justiça no mundo. O mundo como Deus o quer, porque é isso a justiça de Deus”, observa. “Que a minha vida seja a Tua vida em mim”, repara D. Manuel Clemente, lembrando que esta deve ser a oração do cristão. “Que seja o que Deus quiser”, sublinhou, lembrando, ainda a célebre expressão do conhecido padre Cruz: ‘Quem quer o que Deus quer, tem tudo quanto quer!’. “É preciso querer profundamente o que Deus quer! Porque muitos dos nossos medos e frustrações vem do facto de querermos controlar a vida. Aceitando Cristo e partindo do Evangelho, é Ele que vive e a vida vai-se desembrulhando”, acentua.

 

Ser companhia

Nesta celebração onde estavam representadas todas as paróquias da vigararia, o Patriarca de Lisboa destacou que a celebração dominical será “a única ocasião, repetida e gratuita de se encontrarem pessoas diversas. Porque há sítios onde vamos de vez em quando, mas todas as semanas é nas nossas celebrações”, apontou, frisando a necessidade que o ser humano tem em sentir-se acompanhado. “A vida de cada um é complexa demais para a vivermos sozinhos. Em correspondência a este sentimento, Jesus disse que ‘onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles’. Nós precisamos disto”, garantiu. Por isso, frisou: “Uma das grandes vantagens de termos a Igreja, as nossas paróquias, é elas corresponderem a este anseio, a este desejo profundo que todos nós temos de companhia”.

Em jeito de repto aos presentes, D. Manuel Clemente deixa um apelo: “Quanto mais nos empenhamos no mundo e na vida, mais encontramos o absoluto realismo da sua presença”. Neste sentido conclui: “É preciso deixar que Cristo faça em nós, agora, aquilo que tem de acontecer. Com quem está ao nosso lado. Deixar que Cristo continue em nós o Evangelho, sem medo”.

 

Viver da Palavra na verdade

Uma das formas de Jesus Cristo se manifestar aos homens acontece na liturgia. “Jesus é a escuta da Palavra e Ele próprio é a Palavra de Deus. Jesus Cristo vive constantemente em ação de graças ao Pai, e essa deve ser a nossa atitude também”, recordou o Patriarca de Lisboa, no encontro que reuniu na sexta-feira, 15 de novembro, os intervenientes na Liturgia das nove paróquias da Vigararia de Sacavém. Neste encontro, que decorreu na igreja de São João da Talha, depois de serem apresentadas as diversas realidades paroquiais, no que diz respeito à Liturgia, D. Manuel Clemente sublinhou que “em cada comunidade cristã há a escuta da Palavra, pregação da palavra, a Eucaristia e oração, e depois a prática cristã”. “Há a necessidade de fazer melhor em cada um destes aspetos. O que fazemos como cristãos seja realmente o que Cristo fez e ensinou a fazer. É uma questão de verdade”, apontou, referindo que é preciso ter “as atitudes de Jesus Cristo”. “É preciso viver da Palavra de Deus! Vivemos da Palavra de Deus?”, questionou D. Manuel Clemente. “Vivemos em ação de graças. Damos graças a Deus?”, continuou.

Observando que durante esta Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém gostou “muito de ouvir o que se faz nas diversas paróquias”, o Patriarca relevou a necessidade de se "viver todas as dimensões da vida de Cristo". E a oração é uma dessas dimensões. “Jesus vive do Pai, da fonte, da origem" e a vida cristã “é um todo, é a vida de Cristo em nós”.

 

Escutar

Ainda neste encontro sobre a Pastoral Litúrgica na Vigararia de Sacavém D. Manuel Clemente apontou a necessidade de dar espaço à Palavra de Deus na vida de cada um. “A Palavra de Deus pode dar fruto dependendo do terreno onde cai. Se nós não ouvirmos a Palavra de Deus ela não pega. E essa dificuldade de audição não é um problema de instalação sonora...”, graceja o Patriarca.

Nesta dimensão da escuta da Palavra de Deus, D. Manuel faz a comparação com a realidade de cada um nas suas relações sociais. “O mesmo que se passa com a Palavra de Deus também se passa com a palavra dos outros. Por vezes falam connosco e não ouvimos. Precisamos estar disponíveis para escutar”, recorda, referindo que “preparar as leituras antes da missa é uma forma de ajudar a essa escuta”.

 

Estar juntos

Diante de uma sociedade onde, atualmente, é grande a facilidade de mobilização das pessoas e estas já não se fixam num só lugar, como comunidade de referência, D. Manuel Clemente aponta o que considera ser “o grande problema pastoral”. “Como é que nós vamos reorganizar a comunidade cristã num mundo tão pouco organizado como é o nosso?”, questiona. “Esse é o maior problema pastoral de hoje!”. Para o Patriarca de Lisboa, a possibilidade de “comunicação em rede” podia ser uma solução para esta situação mas, refere, “não é a mesma coisa que estarmos juntos”. “É muito importante que nos reunamos uns com os outros, que façamos a partilha da Palavra de Deus”, esclarece.

 

A música na liturgia

Neste encontro, D. Manuel Clemente deixou ainda apelos à necessidade de um acolhimento nas igrejas e nas paróquias e ao cuidado com a liturgia, de modo particular no que diz respeito à escolha e seleção de cânticos utilizados na Eucaristia. “A música na liturgia é para me ajudar a exprimir sentimentos verdadeiros, não é para me distrair”, observa o Patriarca, apontando exemplos de músicas profanas conhecidas que são utilizadas e adaptadas com letras sacras. "É uma questão de educação", refere D. Manuel Clemente.

texto e fotos por Nuno Rosário Fernandes
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES