Missão |
Marta Araújo
Partilha e Amor sem fronteiras
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Marta Araújo nasceu em Lisboa a 4 de fevereiro de 1985. Alfacinha de nascimento e coração, Marta cresceu entre as freguesias de S. João e Penha de França, tendo feito o seu percurso catequético na Igreja de São João Evangelista por devoção dos seus pais.

 

Aos 16 anos, após o Crisma, aceitou o convite para ser catequista e, nesse mesmo ano, recebe o lenço de admissão na Associação Juventude Mariana Vicentina (JMV). Esta Associação existe em várias paróquias do nosso país e pretende que os jovens sejam testemunhas de fé numa relação íntima com Deus e com os outros, principalmente com os mais pobres dos pobres. Marta não imaginou o que isso lhe mudaria a vida.

 

A vontade de mudar o mundo, de lutar pela igualdade de direitos

“Ajudei sempre os meus pais que me incutiram este valor. Aos 13 anos, iniciei por vontade da minha mãe o voluntariado em colónias de férias no Centro Social e Paroquial da Penha de França que duraria até aos meus 21 anos. Mas ser JMV deu-me mais oportunidades de ser testemunha de esperança nas visitas a lares, na organização de cabazes alimentares, nas visitas a várias instituições e no serviço à paróquia… e isso alterou o sonho de educadora de infância para assistente social. Apaixonei-me pela história de São Vicente de Paulo, o padroeiro de todas as obras sociais da Igreja, e lancei-me na licenciatura de Politica Social (ISCSP), em 2003, sabendo que era a minha vocação.“

A luta pela igualdade de direitos e de oportunidades pelos outros iguais a ela, a esperança e alegria de ser cristão, faziam saltitar ideias e sonhos onde Marta se via a mudar o mundo.

No verão de 2006, sentada no sofá, olhou para a Bíblia que intensamente a chamava. Leu alguns excertos, mas ficou parada, conta-nos, na leitura de Mt 28, 18-20. Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo, ensinando-os a cumprir tudo o que vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei convosco até ao fim dos tempos». Sentiu este chamamento como uma luz que indicava a razão de viver e que Ele me chamava a partir. Mas também sabia que o caminho não seria fácil.  

Não sendo possível partir como JMV em missão, procurou incessantemente paróquias e movimentos. “Muitos me abriram as portas, mas algo me fez apaixonar pela Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres e, a 3 de Fevereiro de 2007, quatro jovens e a Ir. Tassy se juntavam numa mesa, idealizando um grupo missionário. Nasceu o Grupo Missão Mundo (GMM). A preparação iniciou-se e, “apesar de me sentir confortada por encontrar razões iguais às minhas, um caminho de angústia também começava. Que ideia a minha acabar o curso e partir para uma terra que nem conhecia, em vez de procurar trabalho numa crise já instalada?”

Apesar da incompreensão e da falta de crença por amigos e familiares e de ter que trabalhar para conseguir os materiais necessários para partir, Marta conseguiu aproximar-se muito de Deus e experimentar as suas palavras. “Ele está sempre connosco.”

 

Diários da terra de Deus

Marta Araújo parte em missão, em fevereiro de 2008, para Manjacaze (Moçambique), onde a esperavam cerca de 300 crianças órfãs que, mais tarde, lhe haveriam mudar radicalmente a perspetiva e sentido da vida. Eis um pequeno excerto do diário de missão de Marta:

“Escrevo no meu diário de bordo, a 20 de fevereiro de 2008. Aqui sentada à espera do voo para Joanesburgo, não caio em mim de isto ser possível. Depois de tanto lutar numa direção de acreditar/desacreditar…aqui estou, finalmente a caminho da… terra de Deus!” No dia seguinte, chego a Maputo, Moçambique. O meu destino é Manjacaze, na Província de Gaza. A cada dia o serviço aumentava: na Mesa de S. Nicolau onde ainda hoje diariamente são oferecidas cerca de 300 almoços às crianças mais desfavorecidas, principalmente órfãos; no jardim-de-infância onde colaborava com as educadoras na elaboração das atividades; na cadeia com as dinâmicas e ações de sensibilização e informação sobre o HIV/SIDA; na vida pastoral junto das catequeses e do grupo de jovens; nos pequenos mimos aos bebés que estavam no Centro Nutricional em recuperação ou até no simples estar. Ao serviço juntou-se a alegria de ter vivido com as Irmãs Concepcionistas, durante os 3 meses que lá fiquei e que foram a minha família. Torna-se difícil explicar o que me corria na Alma… Porque Tudo é Ele… porque ao nosso redor Tudo é Amor… Em cada olhar que cruzei, em cada sorriso que recebi e em cada abraço que me apertava… Eu O senti… Como as crianças são belas e me ensinaram o valor da Vida… A minha não voltaria a ser mesma!”

Quando chegou a Portugal, a missão apenas começara. A missão não tinha sido uma experiência, mas sim uma vivência. Voltou às suas atividades de paróquia e de grupos, partilhando esta alegria de ser cristã. Não encontrou de imediato trabalho na sua área académica. Marta havia-se licenciado em Ciência Política e completado uma pós-graduação em Crianças em Perigo e Intervenção Local. Após muito tempo a trabalhar num hipermercado, chegara, finalmente, a oportunidade de trabalhar na área da investigação social. É, desde 2010, uma das assistentes sociais da Associação de Beneficência Casas S. Vicente de Paulo.

 

Os bons filhos a casa retornam

Em agosto de 2012, voltou por um mês a Manjacaze e pôde reencontrar os jovens mulheres e homens que outrora eram as crianças com quem brincava. “Deus é presença contínua em todos os segundos da minha vida. Hoje onde quer que esteja, trabalho, família, amigos, num bar ou de férias, tento sempre ser Sua testemunha… tento ser os Seus olhos, o Seu coração, as Suas mãos, os Seus pés para que o Dom da Vida se concretize em atos de Amor e de Fé. Embora há 9 anos more noutra zona de Lisboa continuo a ir todas as semanas ao meu velho bairro, à minha velha paróquia por sentir que nela sou mais precisa a servir… continuo catequista, na animação das Eucaristia, nas atividades da JMV onde atualmente estou responsável pela formação dos mais jovens e a nível regional como Presidente da região sul, no GMM partilhando experiências e ajudando outros missionários que também desejam partir. “

Hoje, mais do que querer mudar o mundo, Marta pretende ajudar cada pessoa a saber as oportunidades que tem para ser testemunho de Amor aqui ou lá, seja onde for, em qualquer lugar que esteja.

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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