Entrevistas |
Patriarca de Lisboa reflete sobre o Natal
“Tornar-se presente, uns para os outros”
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O Patriarca de Lisboa considera que, para os cristãos, celebrar o Natal “é uma enorme responsabilidade” pelo testemunho que são chamados a dar pela “própria vida”. D. Manuel Clemente, que este ano celebra o primeiro Natal como Patriarca de Lisboa, numa curta entrevista de Natal ao Jornal VOZ DA VERDADE, lembra ainda que “é preciso fazer o que Jesus fazia”, ou seja, “responder à necessidade concreta”.   

 

Nos tempos que correm, o que significa celebrar o Natal?

Celebrar o Natal significa uma enorme responsabilidade. Para nós, cristãos, que acreditamos que em Jesus Cristo Deus respondeu a tudo aquilo que está no coração humano como expectativa, como procura, como pergunta, como obstáculo, para nós que sabemos que a resposta está em Jesus Cristo e que recebemos esta resposta desde o Menino do Presépio ao Senhor na Cruz, é uma enorme responsabilidade porque ela agora é dada através de nós. Ou seja, o Presépio em que Jesus se apresenta, a Cruz onde Deus se oferece é agora a nossa própria vida. E por isso é uma enorme responsabilidade celebrar o Natal, porque há muita gente à espera desta resposta, como nós próprios esperávamos e vamos esperando, mas vamos, de certa maneira, assimilando na nossa vida cristã e agora temos que oferecer aos outros.

 

Num tempo em que se fala essencialmente de crise e na questão do consumismo, para muita gente celebrar o Natal este ano poderá ser algo de diferente, sem a possibilidade de o celebrar como vinha sendo hábito. Que mensagem se pode deixar a estas pessoas?

Em primeiro lugar é preciso fazer aquilo que Jesus fazia, ou seja responder concretamente à necessidade concreta. Quando Jesus nos apresenta a parábola do Bom Samaritano como modelo do que deve ser a nossa atuação, a primeira coisa que o Bom Samaritano faz, em relação àquele homem que estava na valeta, é responder à necessidade concreta. Levantá-lo, tratá-lo, levá-lo a uma estalagem onde esse tratamento pudesse continuar e providenciar para que assim fosse feito. Portanto, a primeira resposta só pode ser esta. E é por isso que, também de uma maneira tão concreta e sugestiva e implicativa para nós, Jesus nos aparece no Evangelho a dar vista aos cegos, a fazer andar os coxos, a confortar famílias em luto, e isso é a primeira resposta que nós temos de dar. Depois, essa resposta alarga-se pela resposta viva, que há-de ser cada um de nós nas diversas situações que lhe caibam ou que se aproximam. Isto quer dizer famílias, escolas, empresas, sociedade, vida política, autárquica, nacional, internacional... em todo o lado onde nós pudermos estar, estejamos, e estejamos para reproduzir essa verdade do Natal, que quer dizer nascimento. E é Nascimento de Deus nas nossas vidas como acontece em Jesus Cristo e onde o seu Espírito chega, e há-de chegar também através de nós.

 

A Diocese de Lisboa está neste momento a viver um ano pastoral que se define por 'A fé atua pela caridade'. Neste tempo de Natal, como é que se celebra esta fé que atua pela caridade?

Há iniciativas reforçadas em todas as comunidades cristãs e em muitas outras instituições onde também estão presentes cristãos e gente imbuída deste espírito cristão evangélico. E essa é a melhor maneira de o festejar! O pior que podia acontecer era reduzir isto a uma espécie de anti-festa simplesmente consumista e onde ninguém se tornasse presente a ninguém, mesmo que oferecesse presentes materiais. A melhor maneira, a única maneira, a maneira legítima de celebrar o Natal é tornarmo-nos nós todos presentes uns para os outros, presença na vida das pessoas, sobretudo daqueles que mais precisam de ser acompanhados e correspondidos. É a única maneira legítima de celebrarmos o Natal!

 

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Mensagem de Natal do Patriarca D. Manuel Clemente à Diocese de Lisboa

Desejo que a Diocese de Lisboa continue a ser esta realidade tão bonita que é, de tanta gente que se reúne em torno do Evangelho, em torno dos sinais sacramentais da presença de Cristo e que depois transbordam em atitudes de verdadeira solidariedade, diante de tudo e de todos. Que isso se multiplique muito mais com esta força reencontrada naquela aparente fragilidade do Menino do Presépio que é maior que todas as forças deste mundo.

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