Entrevistas |
Rui Carvalho, professor de Educação Física: ?A escola é um reflexo da sociedade?
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Rui Carvalho é professor de Educação Física e está a elaborar um doutoramento sobre conflitos em sala de aula em contexto escolar, nas escolas TEIP (territórios educativos de intervenção prioritária). Na Semana da disciplina de EMRC (Educação Moral e Religiosa Católica), que inicia amanhã, dia 23, este docente lembra que “a escola é um reflexo da sociedade” e considera que “a escola tem de seguir a linha da abertura à comunidade”.

Como caracteriza esta realidade do conflito e da violência?

Para começar, é preciso diferenciar entre conflito e violência. O conflito deve ser e é algo positivo, pois serão sempre, pelo menos, duas pessoas que têm uma opinião diferente sobre o mesmo assunto. A violência é algo negativo. Há vários tipos de violência: física, psicológica. Há diferentes patamares de violência.

 

Muitos dos conflitos encontram expressão na escola…

A escola é um reflexo da sociedade, mas, por sua vez, também é um agente de mudança. Acaba por receber das situações boas e más da comunidade. A escola tem vindo a dar, na medida do possível, algumas boas respostas. Ela deve ser repensada na linha de ser uma instituição de promoção social, e ter mais recursos e respostas. É importante optimizar o que existe, criar linhas de reflexão. Há bons exemplos de trabalho de escolas abertas à comunidade. Porque a escola é para todos e é de todos.

 

O que pode ser desenvolvido para responder a estes problemas?

Uma linha que a escola tem de seguir é a da abertura à comunidade. Ela tem de fazer parte da solução. Quando encaramos uma situação problemática temos de fazer opções: ou faço parte do problema ou faço parte da solução. No dia-a-dia, com a pressão dos problemas é mais difícil reflectir. A comunidade tem de ser chamada à escola. Sou adepto de a escola ter uma ligação estreita com associações e grupos da comunidade, nomeadamente na cedência de espaços. A escola é da comunidade e as pessoas que ali trabalham pertencem à comunidade. O nosso alvo são as famílias e os alunos. É preciso fazer o controle e prevenção de muita violência, com a identificação de situações problemáticas e isoladas, de forma a ajudar a resolvê-las.

 

Perante os sinais de conflito uma tendência comum é começar por ignorar…

Esse é um problema. Ignorar pode ser muito confortável. É fundamental compreender que um conflito, em si, não é mau. Ter uma opinião diferente é benéfico, e pode ser uma ferramenta pedagógica. Os conflitos de gerações nas famílias não fazem com que elas deixem de ser famílias. Fazem parte das mudanças e cedências mútuas. São “lutas” necessárias. O conflito não pode ser visto como uma coisa a contornar, pois não é contornando os problemas que os vamos resolver. É como limpar o pó em casa: se o limparmos com um espanador estamos apenas a mudar o pó de sítio.

 

Como pode ser trabalhada a resolução de conflitos em contexto de aula?

Com actividades socializadoras, desde jogos tradicionais a actividades de cooperação. Todas as actividades de cooperação socializam e não é necessário haver sempre uma pessoa a ganhar. O importante é haver interligação, relação com outro ser humano. Cada vez mais há situações de excessiva violência física e psicológica.

 

O conflito tem também a ver com a procura da verdade, com os limites, com a procura de identidade…

Na análise das muitas entrevistas que tenho feito para o meu trabalho, aquilo que mais é salientado é a falta de formação. Há erros simples que involuntariamente fazemos. É necessária uma formação específica para se fazer gestão de conflitos. É muito importante também a honestidade no trabalho. Ser honesto para com o trabalho, para com a situação problemática, faz com que as pessoas sejam mais lúcidas. A honestidade que acaba por ser uma humildade de forma diferente, ser verdadeiro para consigo e para com a situação.

 

Quais os erros involuntários que se fazem em relação aos conflitos e como colmatá-los?

Pode-se dar um exemplo prático do dia-a-dia na escola. Numa discussão mais intensa entre um adulto e um aluno, por vezes, o adulto toca fisicamente no aluno com um dedo. Normalmente a reacção do aluno é física e de forma negativa porque sentiu que foi invadido no seu espaço. Claro que não se pode levar à letra estas palavras porque cada caso é um caso mas tendencialmente acontece isto.

 

Como deve reagir um professor agredido fisicamente por um aluno?

Normalmente o professor fica debilitado psicologicamente e frequentemente coloca baixa por uns dias. O ideal seria não ficar em casa e acima de tudo reagir de forma a mostrar firmeza ao aluno. Independentemente do ocorrido, o professor está lá, mostrando que estas são as normas mesmo que não seja do agrado do aluno. Claro que falar assim parece simples mas não é. Lidar com seres humanos não é linear. É necessária uma estrutura/formação da escola e dos professores para a qual os profissionais do ensino não estão preparados.

 

Que trabalho concreto pode ser feito com as famílias?

Existem várias ideias ou mesmo diferentes formas de pensamento. Desde escolas para pais, a simples convites a participar nas actividades da escola com o objectivo de sensibilizar para problemas que não são só da escola mas de todos nós.

 

Descreva algumas iniciativas concretas levadas as cabo em escolas abertas à comunidade.

Ao existir uma relação mais estreita com a comunidade a escola passa a pertencer, na prática, a todos. Assim podem-se inserir pessoas da comunidade na escola com o objectivo de gerir melhor as rotinas diárias.

Receber em nossa casa as pessoas é um acto de “maturidade” social levando à partilha dos problemas e à melhoria das dinâmicas de todos os intervenientes no processo de formação e educação dos alunos. É importante que a escola deixe de continuar a estar fechada sobre si mesma e tente dar resposta a uma pergunta simples: será que está a corresponder às necessidades da comunidade onde está inserida?

 


Semana de EMRC centrada na Bíblia

Pintura, noticias, fotografias e coreografias são apenas algumas das actividades que vão marcar a Semana da Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica que decorre de 23 a 27 de Março.

Na Edição deste ano a Bíblia “testemunho escrito da palavra de Deus” vai ter um lugar de destaque. Alunos professores, auxiliares, pais e encarregados de Educação são convidados a dar voz e visibilidade à EMRC e são desafiados a colocar a em prática a criatividade ao serviço da Palavra de Deus.

 

Propostas de Actividades

 

«A cor da Palavra» - Elaboração de Pintura

Recorda todas as passagens bíblicas que já escutaste e que tocaram verdadeiramente o teu coração. Elege a mais significativa e representa-a numa tela, numa pintura que exteriorize a tua vivência pessoal.

 

A Palavra em palavras - Poetas em acção!!!

Faz ressonância da Palavra de Deus na tua vida através da criação de um texto. Numa poesia ou num pequeno texto em prosa, dá voz ao teu coração e responde ao teu Deus que te falou.

 

Pass' a Palavra - Aprontem-se os repórteres!!!

Paulo anunciou eloquentemente a Boa Notícia nas praças, nos areópagos, nas cadeias onde esteve aprisionado. Com a mesma ousadia, tira tu partido das novas e criativas formas de comunicação, os areópagos do presente - email, sms, ppt's... - e envia uma notícia de Jesus aos teus melhores amigos.

 

Prov' a Palavra - Adoça a vida de Alguém!!!

A Palavra de Deus é doce como o mel! Oferece aos teus amigos rebuçados envoltos num papel atractivo com uma pequena mensagem bíblica que adoce a sua vida...

 

Flashes da Palavra - Exposição de Fotografia!!!

Quantas vezes a realidade é um espelho vivo da Palavra que escutas nas Escrituras! Capta essa imagem numa bela fotografia e participa na exposição desses trabalhos... Não te esqueças de lhe atribuir um título que torne presente o texto bíblico que escolheste.

 

Cantos da Palavra - Coreografa a Palavra de Deus!!!

São tantas as canções que conheces cujas letras são extraídas da Bíblia! A Sara Tavares, uma cantora que tu conheces, cita S. Paulo na sua canção "Escolhas". Inventa e ensaia uma coreografia - para esta ou outra canção - e apresenta o resultado do teu esforço à turma/escola. Que ganhe a melhor!

 

Informações: http://www.emrcdigital.com

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