Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Heróis e santos

Um povo não é apenas definido pela língua que fala, pelos seus usos e costumes, pelo território geográfico que ocupa. Um povo é igualmente definido pelos seus heróis.

Heróis são aqueles que, de uma ou outra forma, dão corpo a um ideal colectivo. Não existe povo sem heróis, sem o imaginário de alguém que está acima das capacidades do comum dos seus membros, e à volta de quem todos (ou a grande maioria) se reconhece.

Até há não muito tempo, os heróis eram criados pela elite intelectual ou pelos homens da política que procuravam que todo o povo se unisse à volta de uma determinada figura, já morta, e a quem concediam um lugar na “memória colectiva”. Para que isso acontecesse não se hesitava em criar algumas histórias, mais ou menos fantasiosas, que tornassem a sua figura congregadora do comum dos cidadãos.

Hoje os heróis são criados pela comunicação social. Têm o mesmo efeito – a própria comunicação social se rende a seus pés, ainda que, não raras vezes, de forma passageira: depois de falar deles sem cessar, depressa os esquece. Em Portugal e no mundo temos assistido a isso nestes últimos dias, com alguma irritação dos intelectuais que, deste modo, vêem fugir o que consideravam ser uma sua prerrogativa: decidir quem merecia o estatuto de herói nacional.

Bem diferentes dos heróis são os santos (ainda que alguns sejam por vezes apresentados mais como heróis que como santos). Os santos não fizeram nada de extraordinário. Habitualmente, os dos nossos tempos até são incompreendidos pela comunicação social que os considera fora de moda e sem interesse, e não hesita em levantar-lhes calúnias, ou então os procura reduzir ao papel de heróis. E os intelectuais, esses quase os “odeiam” por não se renderem, decididamente, aos seus favores e critérios.

Os santos não fazem nada de extraordinário a não ser deixar que Deus mostre a Sua presença no meio do mundo. Por si, não procuram ficar na história de uma nação ou nas recordações da história universal ou mesmo da Igreja. Não procuram o êxito ou o reconhecimento dos demais.

É Deus quem actua neles; é Deus quem tem o primeiro lugar; é para Deus que todo o seu ser vive e aponta. Mesmo o serviço que prestam em favor dos irmãos, fazem-no não para conquistar louvores, poder ou influência. Se quisermos, são o contrário dos heróis. Não querem nada para si. Apenas para Deus. Se a sua memória permanece é porque Deus permanece.

Hoje temos falta de heróis que nos façam sentir portugueses. Mas, sobretudo, temos falta de santos, com a coragem de mostrar Deus e apenas Ele.

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