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A uma janela de Roma
“A Eucaristia leva-nos a olhar os outros como irmãos”
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O Papa considera que a Missa deve transformar a vida pessoal e a relação com os outros. Na semana em que fez um ano que o então Papa Bento XVI anunciou a renúncia ao Pontificado, o Papa Francisco falou da dignidade das pessoas doentes e do casamento. A moto oferecida ao Papa foi leiloada.

 

1. O Papa Francisco lembrou que “a Eucaristia está conectada” com a vida dos cristãos, “seja como indivíduos, seja como Igreja”. “A Eucaristia leva-nos a olhar e considerar as pessoas que estão ao nosso redor como verdadeiros irmãos, fazendo-nos compartilhar as suas vitórias e dificuldades, alegrias e tristezas, indo ao encontro, sobretudo, daqueles que são pobres, doentes e marginalizados”. O Papa sublinhou também a importância do perdão. “A Eucaristia dá-nos a graça de nos sentirmos perdoados e prontos a perdoar. Na verdade, participamos da celebração, não por nos julgarmos melhores do que os outros, mas porque nos reconhecemos necessitados da misericórdia de Deus; e isto também nos ensina a perdoar os demais”, apontou Francisco, garantindo: “Tendo a certeza de que a Eucaristia não parte da nossa iniciativa, mas é uma ação do próprio Cristo, que em cada celebração quer entrar na nossa existência com a sua graça, a Santa Missa incide na vida da nossa comunidade cristã, fazendo com que nela exista coerência entre liturgia e vida”.

 

2. Fez na passada terça-feira, dia 11 de fevereiro, um ano que o então Papa Bento XVI anunciou a decisão de resignar ao Pontificado. O anúncio da resignação, que surpreendeu o mundo, partiu do próprio Bento XVI, numa intervenção feita, manhã cedo, perante os cardeais reunidos em Roma para um consistório. “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, justificou o Papa, antes do momento formal do anúncio: “Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h00, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”.

Retirado no antigo mosteiro ‘Mater Ecclesia’, numa das colinas nos jardins do Vaticano, Bento XVI desapareceu voluntariamente, dedicando-se agora ao estudo e oração silenciosa, sem interferir no governo do seu sucessor, a quem jurou obediência. Recentemente, Bento XVI confidenciou a um amigo que vive como um monge, reza e lê e que está bem. Ainda recentemente, o seu secretário pessoal monsenhor Gaenswein confirmou que, além dos achaques inerentes aos seus 86 anos, o Papa Emérito continua lúcido, a escrever, a estudar teologia, ouve música e, sempre que pode, toca piano como sempre fez. De resto, quando o tempo permite, Ratzinger e Gaenswein rezam o terço durante a tarde, passeando pelos jardins. De vez em quando, Bento XVI recebe algumas visitas. Um teólogo, que pediu anonimato, disse recentemente à France Press ter ficado impressionado com a sua inteligência acutilante e frescura de pensamento.

Os contactos com o Papa Francisco são conhecidos, e a única vez que Bento XVI apareceu para um gesto público, foi a convite de Francisco, para a inauguração de uma estátua de São Miguel Arcanjo, dentro do Vaticano. Para já, fica a incógnita sobre como o Papa Emérito participará na canonização do seu amigo, o Papa João Paulo II, marcada para 27 de abril.

Entretanto, o Papa Francisco recordou esta semana o Papa Emérito, numa mensagem publicada na sua conta oficial do Twitter (www.twitter.com/Pontifex_pt): “Hoje convido-vos a rezar juntos comigo por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade”.

 

3. O Papa Francisco apelou, no passado Domingo, 9 de fevereiro, à dignidade das pessoas doentes e pediu às suas famílias para não terem medo da fragilidade. “A dignidade da pessoa nunca se reduz às suas faculdades ou capacidades, e não diminui quando a pessoa é fraca, inválida e está a precisar de ajuda. Penso também nas famílias, onde é normal tomar conta de quem está doente. Por vezes as situações podem ser mais pesadas”, observou o Papa. A mensagem é alusiva ao Dia Mundial do Doente, que iria ser assinalado dois dias depois a 11 de fevereiro. O Papa falou depois da oração do Angelus, perante milhares de peregrinos na Praça de São Pedro, em Roma. “Muitos me escrevem e hoje gostaria de assegurar uma oração a todas essas famílias, e digo-lhes: não tenham medo da fragilidade. Ajudem-se uns aos outros com amor, e sentirão a presença consoladora de Deus”.

O Papa Francisco lembrou ainda os que, por estes dias, são vítimas do mau tempo, em vários países. “Rezo pelos que estão a sofrer danos e perturbações por causa das calamidades naturais em vários países, incluindo aqui em Roma. A natureza desafia-nos a ser solidários e estar atentos à salvaguarda da criação, também para prevenir, tanto quanto possível, consequências mais graves”, referiu Francisco.

 

4. Francisco pediu aos bispos polacos, em visita Ad Limina a Roma, que centrem a sua atenção na família e na melhor preparação dos jovens para o casamento, “uma vez que hoje o casamento é frequentemente considerado uma forma de gratificação afetiva” possível de ser “alterada segundo a sensibilidade de cada um”, e a consequência é a facilidade em recorrer ao divórcio e às separações de facto. O Papa pediu aos pastores uma especial atenção aos que vivem nesta situação, “para que não se sintam excluídos da misericórdia de Deus, nem do amor dos outros cristãos e solicitude da Igreja”. Fundamental é também “ajudá-los a não abandonar a fé e a educarem os filhos na plenitude da experiência cristã”.

Igualmente fundamental é ajudar os jovens a descobrir a beleza da união do matrimónio, “a reparar o que corre riscos de se arruinar e a não cair na armadilha da mentalidade do descartável”. O Papa diz que é preciso “ajudar as famílias a viver e a apreciar quer os momentos de alegria, quer os momentos de dor e de fraqueza”.

 

5. A Harley-Davidson que foi oferecida ao Papa Francisco, em junho do ano passado nos 110 anos da marca, rendeu 210 mil euros num leilão, que vão ser oferecidos pela Santa Sé à Cáritas de Roma, para ajudar a construir uma casa para sem-abrigo.

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