‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii gaudium’ (nº 119 a 126) – Capítulo III
Todos somos discípulos missionários
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Na continuidade deste terceiro capítulo da Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, o Papa Francisco, ao abordar o tema do ‘Anúncio do Evangelho’, começa por nos lembrar que “todos somos discípulos missionários” e que em todos os batizados “atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar”. “O povo de Deus é santo em virtude desta unção, que o torna infalível ‘in credendo’, ou seja, ao crer, não pode enganar-se, ainda que não encontre palavras para explicar a sua fé”. Este Espírito guia o povo de Deus à salvação e dota os fiéis “com um instinto da fé” que “os ajuda a discernir o que vem realmente de Deus”, e confere aos cristãos “uma certa conaturalidade com as realidades divinas e uma sabedoria que lhes permite captá-las intuitivamente”, salienta o Santo Padre. “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário” e, reforça o Papa Francisco, “independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização”. Por isso mesmo, observa o Papa argentino, “a nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados”. “Ninguém renuncie ao seu compromisso de evangelização, porque se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo”, acentua. Porém, adverte o Papa Francisco, cada cristão que é “discípulo missionário”, é chamado “a crescer como evangelizador” e por isso deve “procurar simultaneamente uma melhor formação, um aprofundamento” do amor e “um testemunho mais claro do Evangelho”. Para isso, esclarece, “todos devemos deixar que os outros nos evangelizem constantemente”, ou seja, devemos encontrar o modo de comunicar Jesus “que corresponda à situação em que vivemos”. Deus olha para cada um, “sem olhar às nossas imperfeições” e aproxima-se dando-nos a sua Palavra, a sua força e dando sentido à nossa vida. Por isso, o cristão é chamado a “dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor”. “A nossa imperfeição não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a crescer”, sublinha Francisco.

 

A força evangelizadora da piedade popular

A evangelização acontece em diferentes povos e, onde quer que tenha sido inculturado o Evangelho, podemos encontrar agentes de evangelização. Segundo o Papa Francisco, isto é assim porque “cada povo é criador da sua cultura e o protagonista da sua história” e a cultura “é algo de dinâmico que o povo recria constantemente”. “O ser humano ‘é simultaneamente filho e pai da cultura onde está inserido’”, afirma o Papa jesuíta citando João Paulo II na Carta ‘Fé e razão’, de 1998. “Quando o Evangelho se inculturou num povo, no seu processo de transmissão cultural também transmite a fé de maneira nova”, releva Francisco, apontando aqui a importância da evangelização entendida como inculturação. Assim, tendo em conta que “ao traduzir na vida o dom de Deus”, cada “porção do povo de Deus”, dá testemunho da fé recebida e “enriquece-a como novas expressões”, o Papa Francisco afirma que “o povo se evangeliza continuamente a si mesmo”. Afirmação que justifica salientando, também, a importância da piedade popular como “verdadeira expressão da atividade missionária espontânea do povo de Deus”. Na piedade popular é possível “captar a modalidade em que a fé recebida se encarnou numa cultura e continua a transmitir-se”. Considerando que esta piedade popular é vista “por vezes com desconfiança”, o Papa Francisco lembra palavras de Paulo VI que identificava nesta piedade popular “uma certa sede de Deus”. Bento XVI, hoje Papa Emérito, no discurso inaugurar da V Conferência geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, do qual resultou o ‘Documento de Aparecida’, caracterizou esta ‘espiritualidade popular’ como “um precioso tesouro da Igreja Católica”. “Trata-se de uma verdadeira ‘espiritualidade encarnada na cultura dos simples’”, que “não é vazia de conteúdos, mas descobre-os e exprime-os mais pela via simbólica do que pelo uso da razão instrumental”, observa Francisco. “É ‘uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários’”, acrescenta, deixando, ao mesmo tempo, um apelo e um encorajamento: “Não coartemos nem pretendamos controlar esta força missionária!”. “Na piedade popular, por ser fruto do Evangelho inculturado, subjaz uma força ativamente evangelizadora que não podemos subestimar: seria ignorar a obra do Espírito Santo. Ao contrário, somos chamados a encorajá-la e fortalece-la para aprofundar o processo de inculturação, que é uma realidade nunca acabada”.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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