‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii Gaudium’ (nº 145 a 159) – Capítulo III
A preparação da pregação
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Ao continuar este capítulo da Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ que dedica ao ‘Anúncio do Evangelho’, o Papa Francisco sublinha a preparação da pregação como “uma tarefa importante”, considerando, por isso, que “convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral”. Neste sentido, propõe “um itinerário de preparação da homilia” que se traduz em algumas indicações que procuram, como afirma, “recordar a necessidade de dedicar um tempo privilegiado a este precioso ministério”. “Atrevo-me a pedir que todas as semanas se dedique a esta tarefa um tempo pessoal e comunitário suficientemente longo”, observa Francisco, convidado à “confiança no Espírito Santo que atua na pregação”. “Um pregador que não se prepara não é espiritual”, adverte o Papa jesuíta.

Neste itinerário, Francisco começa por sugerir que, em primeiro lugar, depois de invocado o Espírito Santo, seja prestada “toda a atenção ao texto bíblico, que deve ser o fundamento da pregação”. “Quando alguém se detém procurando compreender qual é a mensagem dum texto, exerce o ‘culto da verdade’”, garante, salientando que “a preparação da pregação requer amor”. Nesta leitura do texto bíblico, mais importante que compreender todos os detalhes “é descobrir qual é a mensagem principal, a mensagem que confere estrutura e unidade ao texto”, destaca o Papa Francisco, sublinhado que, “se o pregador não faz este esforço, é possível que também a sua pregação não tenha unidade nem ordem; o seu discurso será apenas uma súmula de várias ideias desarticuladas que não conseguirão mobilizar os outros”. Segundo Francisco, “para se entender adequadamente o sentido da mensagem central de um texto, é preciso colocá-lo em ligação com o ensinamento da Bíblia inteira, transmitida pela Igreja”. No entanto, refere, “isto não significa enfraquecer a acentuação própria e específica do texto que se deve pregar”.

 

A personalização da Palavra

Citando a Exortação Apostólica pós-sinodal ‘Pastores dabo vobis’, do Papa João Paulo II, Francisco lembra que “o pregador ‘deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade com a Palavra de Deus’”, salientando que para isso “‘precisa de se abeirar da Palavra com o coração dócil e orante’”. “Faz-nos bem renovar, cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e verificar se, em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos”, observa, dirigindo-se, de forma particular, aos ministros ordenados que têm a missão de pregar a Palavra de Deus.

“Quem quiser pregar, deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e encarná-la na sua vida concreta”, alerta o Papa Francisco, justificando que “assim, a pregação consistirá na atividade tão intensa e fecunda que é ‘comunicar aos outros o que foi contemplado’”. “Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos cair os braços”, apela.

 

A leitura espiritual

Como sugestão para a escuta da Palavra de Deus, Francisco sugere uma “modalidade concreta”: a lectio divina. “Consiste na leitura da Palavra de Deus num tempo de oração, para lhe permitir que nos ilumine e renove”, explica o Papa Francisco neste capítulo da Exortação apostólica ‘O Evangelho da Alegria’. Na prática deste exercício espiritual, que consideramos aplicável não apenas aos ministros ordenados chamados à pregação mas a todo o Povo de Deus, é bom perguntar-se, por exemplo: “‘Senhor, a mim, que me diz este texto? Com esta mensagem, que quereis mudar na minha vida? Que é que me incomoda neste texto? Porque é que isto não me interessa?, ou então ‘De que gosto? Em que me estimula esta Palavra? Que me atrai? Porque me atrai?’”, sugere o Papa argentino.

“Deus quer que olhemos com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos seus olhos”, observa.

 

À escuta do povo

Outra indicação sugerida pelo Papa Francisco para a preparação da homilia tem a ver com a escuta do povo “para descobrir aquilo que os fiéis precisam de ouvir”. Na escuta do povo “descobre ‘as aspirações, as riquezas e as limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o mundo, que caracterizam este ou aquele aglomerado humano’”, refere, citando a Exortação Apostólica ‘Evangelii nuntiandi’, do Papa Paulo VI. “Trata-se de relacionar a mensagem do texto bíblico com uma situação humana, com algo que as pessoas vivem, com uma experiência que precisa da luz da Palavra”, explica. Na pregação é preciso, também, “encontrar a forma adequada de apresentar a mensagem” e, para isso, o Papa Francisco sugere que se aprenda “a usar imagens na pregação, isto é, a falar por imagens”. “Uma imagem apropriada pode levar a saborear a mensagem que se quer transmitir, desperta um desejo e motiva a vontade na direção do Evangelho. Uma boa homilia, como me dizia um antigo professor, deve conter ‘uma ideia, um sentimento, uma imagem’”, conclui o Papa Francisco, sugerindo, ainda, que seja utilizada “uma linguagem positiva” e que os sacerdotes, diáconos e leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos, os recursos que tornem mais atraente a pregação”.

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